Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural tem primeira reunião de 2012

publicada em 24 de janeiro de 2012, às 14h33

 

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) inicia o ano de 2012 trabalhando na ampliação do número de bens culturais protegidos. Nos próximos dias 25 e 26 de janeiro, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural estará reunido em Brasília, na sede do Iphan, para avaliar as propostas de tombamento do Centro Histórico de Manaus, no Amazonas, de Oiras e Piracuruca, no Piauí, de Antonina, no Paraná, e o Registro como Patrimônio Cultural do Ofício e dos Modos de Fazer as Bonecas Karajá.

No ano passado, o Conselho Consultivo aprovou o tombamento do Acervo do Museu do Trem, no Rio de Janeiro, dos centos históricos de Belém, no Pará, e de Jaguarão no Rio Grande do Sul. Também foi o ano em do tombamento do primeiro bem binacional: a Ponte Mauá, na cidade de Jaguarão – RS, que liga o Brasil ao Uruguai. Em 2011 houve, ainda, a ampliação dos bens protegidos dentro do programa Roteiros Nacionais de Imigração, em Santa Catariana, passando de 48 para 61 o número de imóveis representativos do processo de imigração no estado que agora são protegidos pelo Iphan. No final do ano, o Conselho Consultivo aprovou também o Registro com Patrimônio Cultural do Complexo Cultural do Bumba-Meu-Boi do Maranhão.

Manaus: a riqueza da borracha no Norte do país
O tombamento do Centro Histórico de Manaus faz parte da política do Iphan de ampliar as áreas protegidas em todo o país, com ênfase nas regiões Norte e Centro-Oeste. Na capital amazonense, a área compreendida entre a orla do Rio Negro e o entorno do Teatro Amazonas é a que ainda mantém os aspectos simbólicos e densos de realizações artístico-construtivas. Com a proclamação da República, em 1889, Manaus passa a capital do Estado do Amazonas, época em que a borracha, matéria-prima da indústria mundial, era cada vez mais requisitada. O Amazonas, como principal produtor, orientou sua economia para atender à demanda, no chamado Período Áureo da Borracha (1890-1910). A cidade passou a receber brasileiros de várias partes do país, além de ingleses, franceses, judeus, gregos, portugueses, italianos e espanhóis. Esse crescimento demográfico gerou mudanças significativas na cidade.

Mesmo que fragmentada, Manaus ainda possui um vocabulário arquitetônico vasto e diversificado, com representação de todas as correntes ecléticas. A verticalização ainda não compromete a percepção do espaço criado na Belle époque, o que possibilita ainda hoje um espaço urbano formado por monumentos, arquitetura corrente e áreas livres públicas, um conjunto que celebra e representa o ecletismo no norte do país. [Leia mais aqui]

A diversidade do Patrimônio Cultural do Piauí
A colonização do Estado do Piauí, diferente do que ocorreu em outros estados brasileiros, não foi iniciada pelo litoral, mas sim pelo interior, em virtude das dificuldades de navegação onde fortes correntes marítimas e extensas barreiras de corais obrigavam os navios a se afastarem da costa e dos poucos abrigos seguros e propícios à atracação. As cidades de Oeiras e Piracuruca representam e materializam a expansão dessa colonização, associada à interiorização da criação do gado baiano e pernambucano, e a uma política oficial da Coroa Portuguesa de controle sobre a região, estratégica para o domínio de seus domínios na América.

Reforçando a importância e a diversidade cultural piauiense, o Iphan está criando a Rede de Patrimônio Cultural do Piauí, onde Oeiras e Piracuruca, ao lado de Parnaíba, já tombada, formam um conjunto de bens que testemunham a ocupação do interior do Brasil durante o século XVIII. A formação da Rede teve início em 2008, com o tombamento do Conjunto Histórico e Paisagístico de Parnaíba, da Ponte Metálica João Luis Ferreira e da Floresta Fóssil do Rio Poti, em Teresina. Outros bens que continuam contando a história da ocupação do território piauiense ainda deverão ser tombados, entre eles, o Pátio Ferroviário de Teresina e a Igreja Nossa Senhora de Lourdes, também em Teresina, além do Registro da Arte Santeira em madeira do Piauí e da Cajuína como patrimônio imaterial do Brasil. [Leia mais aqui]

Antonina mantém acervo arquitetônico preservado no Centro Histórico
A região da Baía de Paranaguá foi uma das primeiras áreas exploradas pela Coroa Portuguesa na Região Sul do Brasil. Com sua extensa entrada para o continente, foi considerada um local estratégico para o controle da região e para a busca por índios e metais preciosos. A exploração de ouro na baía impulsionou o desenvolvimento inicial de Paranaguá, bem como das localidades vizinhas, como Antonina, Guaraqueçaba e Morretes. Com a elevação de Antonina à categoria de Vila, em 1798, e com a reabertura dos portos brasileiros dez anos mais tarde, a disputa entre Paranaguá e Antonina pelo controle da atividade portuária se acirra. Como resultado deste embate político, o Caminho da Graciosa é reaberto para facilitar o escoamento da produção agrícola do interior do estado para o litoral. A partir de 1914 houve um novo período de crescimento para a cidade, com o início das atividades das Indústrias Matarazzo na região do atracadouro de Itapema. O conjunto Matarazzo era composto por estruturas para o processamento do sal, açúcar e trigo, e contava ainda com um porto e uma vila para os funcionários.

Apesar do declínio das atividades portuárias e da estagnação econômica, a partir de 1930, o acervo arquitetônico do centro histórico ainda revela os vários períodos pelos quais a cidade passou, com exemplares luso-brasileiros, ecléticos, art-déco e modernistas. O tombamento do conjunto histórico e paisagístico de Antonina integra a política do Iphan que visa ampliar as áreas protegidas em todo o país. A extensão do tombamento compreende o conjunto do centro histórico da cidade e imóveis remanescentes das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo. A preservação destes espaços garante a manutenção de seu patrimônio singular e íntegro e inclui Antonina no rol das cidades históricas do Brasil. [Leia mais aqui]

A cultura e a sociedade Karajá
Mais do que objetos lúdicos, as bonecas Karajá são consideradas representações culturais que comportam significados sociais profundos, reproduzindo o ordenamento sociocultural e familiar dos Karajá. Com motivos mitológicos, de rituais, da vida cotidiana e da fauna, as bonecas são importantes instrumentos de socialização das crianças que se vêem nesses objetos e aprendem a ser Karajá. Elas também expressam importantes aspectos da identidade do grupo, além de simbolizar diversos planos de sua sociocosmologia. O projeto Bonecas Karajá: Arte, Memória e Identidade Indígena no Araguaia, iniciado em 2009 pelo Iphan, privilegiou o estudo dos aspectos imateriais das bonecas nas aleias karajás Buridina Mahãdu e Bdé-Buré, em Aruanã - GO, e da aldeia de Santa Isabel do Morro, ou Hawalò Mahãdu, na Ilha do Bananal - TO. Foram identificadas as matérias-primas, técnicas e etapas de confecção, além dos mitos e histórias narradas pelos Karajá que expressam a rica relação entre seu povo e o rio, a fauna e a flora, as relações sociais e familiares e a organização social.

De acordo com o Departamento de Patrimônio Imaterial – DPI/Iphan, o Ofício e os Modos de Fazer as Bonecas Karajá são uma referência cultural significativa para o povo Karajá e representam, muitas vezes, a única ou a mais importante fonte de renda das famílias. Com o Registro como Patrimônio Cultural, o objetivo do Iphan é estimular a sua produção entre as mulheres Karajá, possibilitando o crescimento das condições de autonomia das ceramistas frente às demandas externas e, ainda, fortalecer os mecanismos de reafirmação da identidade Karajá. [Leia mais aqui]

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
O Conselho que avalia os processos de tombamento e registro, presidido por Luiz Fernando de Almeida, presidente do Iphan, é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros, que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - Icomos, a Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus – Ibram, a Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.

Serviço:
Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
Data:
25 e 26 de janeiro de 2012
Horário: de 10h30 às 18h
Local: Sede do Iphan - Sala do Comitê – Gestor - SEPS Quadra 713/913 – Bloco D – Asa Sul, Brasília – DF

Mais informações
Assessoria de Comunicação Iphan
comunicacao@iphan.gov.br
Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br
Mécia Menescal – mecia.menescal@iphan.gov.br
(61) 2024-5476 / 2024-5477
www.iphan.gov.br / www.twitter.com/IphanGovBr

 

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