Praça de São Cristóvão - SE recebe título de Patrimônio Cultural da Humanidade

publicada em 10 de julho de 2011, às 15h33

 

Reduto da história social e política de Sergipe, ambiente de manifestações culturais, folclóricas e religiosas, a comunidade de São Cristóvão celebrou na última sexta-feira, dia 8 de julho, o reconhecimento à sua trajetória, recebendo o Diploma de Patrimônio Cultural da Humanidade, conferido à Praça de São Francisco pela UNESCO em agosto de 2010, durante reunião do Comitê do Patrimônio realizada em Brasília. A entrega do diplomo ocorreu no sítio histórico, com a presença da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Luiz Fernando de Almeida, do governador de Sergipe, Marcelo Déda, da secretária de Cultura do estado, Heloísa Galdino, chefe da Representação Regional do MinC no Nordeste, Fábio Lima, e do assessor de relações internacionais do Iphan, Marcelo Brito.

Prestigiaram também o evento o ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira, o diretor da comissão pró-candidatura da Praça de São Francisco de São Cristóvão ao Patrimônio da Humanidade, Thiago Fragata, o embaixador do Brasil no Uruguai, João Carlos de Souza, além de senadores, deputados federais e estaduais, vereadores, prefeitos e gestores do estado.

Com este título, a Praça São Francisco de São Cristóvão passa a figurar como o 18º patrimônio brasileiro reconhecido pelo Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco. Os outros são 11 bens culturais e sete bens naturais, dentre eles, Ouro Preto (MG), Olinda (PE), Salvador (BA), Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), São Luís (MA) e Sete Missões (RS). São Cristovão, que até março de 1855 foi a capital de Sergipe, além de obter o título de quarta cidade mais antiga do Brasil, ainda leva consigo um histórico de resistência e responsabilidade que culminou na fundação do estado de Sergipe, como hoje é constituído.

Estímulo à preservação
Segundo a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, esse momento deve ser consagrado à comemoração, desde que dedicada a devida atenção ao significado do termo “co-memorar, ou seja, lembrar juntos, coletivamente, porque é necessário reconhecer a história da cidade, mas também a responsabilidade que o título traz consigo, no sentido de participação de todos em busca da preservação dos edifícios”. Ela explica que a Praça de São Francisco de São Cristóvão é “um registro único e autêntico de um fenômeno urbano singular no Brasil, período durante o qual Portugal e Espanha estiveram unidas sob uma única coroa”. Isso aconteceu no tempo em que a Brasil colônia estava sob o domínio dos reinados de Felipe II e Felipe III.

Construída entre os séculos XVI e XVII, a Praça de São Francisco demonstra de forma singular a fusão das influências das legislações e práticas urbanísticas espanhola e portuguesa na formação de núcleos urbanos coloniais. Desta forma, sua autenticidade está explícita em seu desenho, entorno, técnicas, uso, função, e contexto histórico e cultural. O entorno abriga a Igreja de Misericórdia, o Palácio Provincial e Casario Antigo, a Igreja e Convento de São Francisco, a Capela da Ordem Terceira (hoje Museu de Arte Sacra), a Santa Casa, o Museu de Sergipe e a Casa do Folclore Zeca de Noberto.

Para o presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, o título de Patrimônio Cultural da Humanidade concedido à Praça de São Francisco foi uma conquista não apenas para Sergipe mas para o Brasil. “Esta é uma vitória que nos dignifica como brasileiros. Faziam 10 anos que o nosso país não tinha nenhum patrimônio nessa lista, de forma que o título valoriza também as políticas de Patrimônio que vêm sendo realizadas nos últimos anos”, explicou Almeida.

Além de celebrar o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, na mesma data em Sergipe comemora os 191 anos de emancipação política. A comunidade participou também da inauguração do posto de informações turísticas de São Cristóvão, e do lançamento de uma edição especial de selo e carimbo postais, que fazem referência ao patrimônio, emitidos pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT.

As manifestações folclóricas do estado coloriram a comunidade, envolvendo o público numa efusão de ritmos e bandeiras. Se apresentaram, no largo da Praça, os grupos Caceteira, Samba de Coco da Ilha, Reisado de Saturnino e Chegança, da cidade de São Cristóvão; Guerreiros do Bom Jesus e São Gonçalo, de Laranjeiras; e Parafusos, de Lagarto. Houve ainda apresentação da Lira Filarmônica Sancristovense e da Orquestra Sanfônica de Sergipe.

Homenagem
Houve ainda a concessão da Medalha da Ordem do Mérito Aperipê a personalidades que se destacaram no processo que levou à inscrição da Praça São Francisco na Lista do Patrimônio Mundial. Os homenageados foram o ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira; o subsecretário do Patrimônio Histórico e Cultural de Sergipe, Luiz Alberto dos Santos; o coordenador da Comissão Pró-Candidatura da Praça São Francisco, Thiago Fragata; o presidente Nacional do Iphan, Luiz Fernando de Almeida; o embaixador Permanente do Brasil na Unesco, João Carlos de Souza Gomes; e o assessor de Relações Internacionais do Iphan, Marcelo Brito.

Aperipê: Resistência e Libertação
Conta-se que, no século XVI, o governador das capitanias do Norte do Brasil, Luís de Brito e Almeida, encaminhou-se a Sergipe, acompanhado das tropas oficiais para um embate com os indígenas da região que, a despeito das missões jesuíticas que vinham catequizando o gentio, não aceitavam a dominação. O cacique Aperipê então, juntou sua tribo e embrenhou-se no mato, preferindo o exílio de sua terra à submissão a monarquia. Na década de 70, então, quando da criação da mais alta condecoração oferecida pelo governo estadual, ficou decidido chamá-la de Medalha da Ordem do Mérito Aperipê, em referência ao espírito libertário dos sergipanos.

 

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