Geopark Bodoquena/Pantanal recebe missão da UNESCO

publicado em 17 de junho de 2011, às 12h58

 

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura, por intermédio de sua Superintendência Estadual em Mato Grosso do Sul, tem trabalhado desde 2006 na divulgação e implementação do conceito de Geopark no estado e no país.

Entre os dias 19 a 21 de junho duas especialistas em geoparks da UNESCO, Marie-Luise Frey (França) e Sylvie Giraud (Alemanha) estarão visitando o Geopark Bodoquena/Pantanal em uma missão que envolverá técnicos do Iphan-MS, Iphan-RJ, DEPAM, CPRM, UFMS, Fundação de Apoio do Desenvolvimento do Ensino Ciência e Tecnologia do Estado de mato Grosso do Sul – FUNDECT, Fundação de Turismo do MS, Fundação de Cultura do MS e Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, USP, dentre outros parceiros. O objetivo da missão é avaliar o nível de implementação e das ações envolvendo o geopark, no âmbito da conservação, educação e turismo como aspirante à Rede Global de Geoparks sob os auspícios da UNESCO. Hoje só existe um geopark nas três Américas integrante da rede mundial – O Geopark do Araripe, no Ceará.

Tal trabalho teve como mote, sobretudo a necessidade de ampliação dos instrumentos de proteção e gestão das Grutas do Lago Azul e Nossa Senhora Aparecida – patrimônio tombado pelo Iphan em 1973. Tal patrimônio natural, no entanto, extrapola apenas o contexto das cavidades, perpassando por toda uma região de elevada riqueza, beleza e fragilidade mineral na qual estão inseridos outros exemplares de patrimônio cultural material e imaterial sulmatogrossense, a exemplo do Casario do Porto de Corumbá (tombado pelo Iphan em 1993), da Viola de Cocho e complexo coreográfico, musical e poético do cururu e do siriri (registrado pelo Iphan em 2005), o Pantanal Matogrossense (Instituído pela UNESCO como patrimônio da humanidade em 2000), além de ter sido palco de uma das maiores epopéias bélicas brasileiras – A Guerra do Paraguai. Somados aos fatores socioculturais, temos uma região (destaca-se neste caso a Serra da Bodoquena) que conta através de seu meio abiótico parte da história evolutiva da vida no Planeta Terra, desde suas formas de vida mais primitivas (fósseis), passando pela presença pré-histórica (sítios arqueológicos) e ameríndia até o homem moderno.

Desta feita, vislumbrou-se neste cenário multifacetado e de plural riqueza cultural e ambiental a implantação de um Geopark sob os auspícios da UNESCO, considerando que o conceito de geopark defini-se por ser uma área com limites definidos e possua características geológicas e culturais relevantes e que desenvolva ações pautadas no Geoturismo, na Geoeducação e na Geoconservação.

Através dos primeiros contatos com a ideologia dos Geopark´s, que pôde contar com incursões técnicas para estudos de caso nos Geoparks de Osnabrük/Alemanha e Araripe/Ceará, este último, o único geopark das Américas o Iphan-MS trouxe esta proposta para o Mato Grosso do Sul e seus parceiros.

Nos anos de 2008 e 2009, através de contratações do Iphan-MS foi desenvolvido um vasto dossiê sobre a região proposta para a implantação do Geopark: a Serra da Bodoquena e parte da porção sul do Pantanal sulmatogrossense. Tal dossiê aborda aspectos sociais, econômicos, ambientais, minerais e culturais.

Concomitante aos trabalhos de consultoria para a elaboração do dossiê foram estabelecidas várias parcerias com órgãos como a Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais – CPRM/Serviço Geológico Brasileiro – SGB, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS, Governo de Mato Grosso do Sul e Secretarias e autarquias fundacionais ligadas à áreas afins no sentido de desenvolver ações de implementação do geopark em questão.

Com a colaboração técnica da CPRM foi desenvolvida a poligonal inicial do Geopark, com mais de 39.000 km², abrangendo 13 municípios de Mato Grosso do Sul e 54 geossítios.

Em 22 de dezembro de 2009, por meio de Decreto Normativo nº 12.897 o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul institui o Geopark Estadual Bodoquena/Pantanal, utilizando-se como parâmetros técnicos as informações fornecidas pelo Iphan-MS no mesmo ato normativo, o Governo MS criou o Comitê Gestor do Geopark em questão, envolvendo diversas instituições como o Iphan, CPRM, Departamento Nacional de Produção Mineral, Exército Brasileiro, prefeituras dos municípios envolvidos, dentre outros.

Em 2010, o Iphan e CPRM consolidaram o dossiê de candidatura do Geopark Bodoquena /Pantanal à rede Global de Geoparks (GGN – sigla em inglês), sob os auspícios da UNESCO. Tal dossiê já foi analisado e devolvido ao Iphan para correções e remetido novamente à UNESCO com suas devidas correções, pelo Governador do Estado de Mato Grosso do Sul, Dr. André Puccinelli.

O Iphan, Governo do Mato grosso do Sul, UFMS, CPRM e outros parceiros já vêem desenvolvendo ações de implementação do Geopark Bodoquena-Pantanal, como a contratação do projeto museológico do Centro De Referencias em Geohistória (contratação do Iphan), produção de folheteria de divulgação, desenvolvimento de projeto de capacitação de guias de turismo em Geoturismo, dentre outros desdobramentos. Há neste ínterim, também, previsão de investimentos em pesquisas e no desenvolvimento científico e tecnológico voltados para o desenvolvimento sustentável da região do geopark.

 

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