Governo do Canadá busca no Pró-Capoeira inspiração para políticas inovadoras

publicado em 04 de fevereiro de 2011, às 16h06

 

Intercâmbio de informações e experiências no campo da salvaguarda do patrimônio cultural imaterial é promovido pelo Iphan em ação de cooperação internacional com o Canadá.

Uma delegação de servidores públicos que ocupam cargos de gerência no Governo do Canadá foi recebida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na última quarta-feira, dois de fevereiro, para conhecer as atividades relacionadas às políticas de salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial e, particularmente, o Programa Pró-Capoeira. No Iphan, os oito servidores canadenses conheceram como o Governo do Brasil está estimulando a participação cidadã, fortalecendo lideranças capazes de promover melhorias em suas comunidades e, ao mesmo tempo, capacitando gestores públicos para inovar diante de novos desafios que a sociedade impõe nos dias atuais.

A coordenadora-geral de Salvaguarda do Departamento do Patrimônio Imaterial - DPI, Teresa Paiva Chaves, falou sobre o papel que o Estado brasileiro tem desempenhado na valorização de tradições que já correram o risco de se perder ao longo de gerações. Para isso, ela deu o exemplo de um projeto que formou mais de 60 pessoas que aprenderam a confeccionar uma renda típica do Nordeste, o bico singeleza, cuja técnica estava correndo o risco de desaparecer.

“Não confundimos tradição com antiguidade. Nosso foco é valorizar as pessoas que detém uma parte importante do patrimônio cultural brasileiro”, explicou Paiva Chaves, ao falar também do Programa Pró-Capoeira, que visa a apoiar a ação empreendida por mestres reconhecidos em suas comunidades e capazes de popularizar a capoeira como um patrimônio cultural. “Essa política pública resulta em mais respeito pela capoeira, cuja prática já chegou a ser proibida por lei no passado e, agora, é reconhecida no Brasil e no mundo, não apenas como uma modalidade de luta, mas como parte importante de nossa riqueza nacional”.

A reunião foi seguida de uma roda de capoeira com o mestre Renato Vieira e alunos da Universidade de Brasília. “No Canadá, a roda também tem um significado importante, que remonta de nossas tradições indígenas. Acreditamos que, também no serviço público, podemos compartilhar experiências enriquecedoras e nos valer desse diálogo para formular políticas que melhor atendam às demandas da sociedade”, disse o diretor executivo de Finanças e Gestão Ministerial da Diversificação da Economia do Oeste do Canadá, Jim Saunderson.

Inspiração para políticas públicas
Esta é a terceira vez que uma delegação do Governo do Canadá vem ao Brasil pelo Programa de Liderança Avançada, que forma gestores canadenses, incorporando as melhores práticas de formação executiva. As visitas a instituições brasileiras visam colocá-los em contato com os principais líderes, empresários e gestores, inspirando soluções para a administração pública federal canadense.

O programa, que já foi realizado no Rio de Janeiro e em São Paulo, nos últimos dois anos, acaba de passar novamente pelo Rio e enviou pela primeira vez uma delegação a Brasília. Na capital federal, foram programados contatos da delegação canadense, além do Iphan, com representantes do Banco Central, da Controladoria Geral da União, do Governo do Distrito Federal, do Ministério do Desenvolvimento Social, da Polícia Federal, da Escola Nacional de Administração Pública e do Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão.

Já no Rio de Janeiro, foram programadas visitas dos gestores canadenses à Fundação Getúlio Vargas, à Base da Marinha do Brasil, à Favela da Maré, para conhecer o projeto Luta pela Paz, ao Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello - Cenpes, da Petrobras, à Brookfield Brasil (antiga Brascan), à Subsecretaria de Relações Internacionais da Prefeitura do Rio, para conhecer os preparativos e a infraestrutura para os Jogos Olímpicos, e ao Centro de Estudos de Segurança e Cidadania - CESEC, da Universidade Cândido Mendes.

Ao final da reunião com o Iphan, onde estiveram também presentes representantes de outras áreas do Ministério da Cultura relacionadas ao tema da diversidade cultural, foram sinalizados, por ambos os lados – brasileiro e canadense – o interesse em prosseguir no intercâmbio de experiências.  Para o Assessor de Relações Internacionais do Iphan, Marcelo Brito, a solicitação apresentada pelas autoridades canadenses expressa um reconhecimento e interesse do Governo do Canadá na política de patrimônio cultural empreendida no Brasil, e de que modo essa política está contribuindo para fortalecer processos de coesão social e de valorização da diversidade cultural da sociedade brasileira, a partir das manifestações e expressões culturais patrimonializadas pela ação do Iphan, com o respaldo da sociedade.

 

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