Ministério da Cultura e Iphan liberam R$ 500 mil em caráter emergencial para Goiás Velho

publicado em 13 de janeiro de 2011, às 12h32

 

Ministra Ana de Hollanda recebeu relatório do Iphan sobre áreas de risco na cidade que é Patrimônio da Humanidade

Brasília, 13 de janeiro de 2011 - A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, anunciou nesta quinta-feira (13) o repasse em caráter emergencial de R$ 500 mil, por meio do Iphan, para ações no Centro Histórico da Cidade de Goiás, conhecida como Goiás Velho. O objetivo é proteger a região que é um dos 18 Patrimônios da Humanidade localizados no Brasil.

"Ainda não fechamos o orçamento, mas já destaquei R$ 500 mil para o Iphan socorrer a Cidade de Goiás. A verba tem caráter emergencial, mas o trabalho será permanente", explicou a ministra. "A Cidade de Goiás tem um diferencial em relação às outras cidades. Ela é fundamental para a memória, para a lembrança e para a história do Brasil", completou Ana.

A estratégia de ação será definida a partir do relatório apresentado nesta quinta-feira pelo Iphan. De acordo com o documento, somente nos 13 primeiros dias do ano choveu 90% do esperado para todo o mês de janeiro. O principal efeito da alta do índice pluviométrico foi a cheia do Rio Vermelho, que corta a cidade e transbordou na última segunda-feira (10).

Dos cerca de 800 imóveis tombados, 42 sofreram danos, sendo que dois sofreram perda total. Dez pontes também precisaram ser parciais ou totalmente interditadas e 123 famílias estão desalojadas. O prefeito de Goiás, Joaquim Berquó, decretou situação de emergência.

"Estamos procurando uma união com o governo estadual, com o Iphan e com o MinC para preservar a cidade e nossos moradores. Gostaria de pedir a atenção de todos", apelou Berquó.

O presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, acredita que "a ministra visitar a Cidade de Goiás é uma declaração indubitável de apoio ao patrimônio". Para ele, a dimensão das ações a serem realizadas vai além de uma política de preservação do patrimônio. "Tem que se olhar a raiz do problema: o meio ambiente, o solo, a região", ponderou.

O relatório explica que as principais causas das constantes enchentes do rio são a erosão das margens e o grande número de curvas estreitas no curso de água, que aumenta a força da correnteza quando a vazão aumenta.

A casa onde viveu a poeta Cora Coralina (atualmente um museu) não sofreu dano, mas permanece interditada até que a Defesa Civil emita um laudo liberando sua ocupação. O local está vazio, porque o acervo foi removido preventivamente para a Igreja do Rosário. Na devastadora enchente de 2001, a água invadiu a casa e levou boa parte do material.

Otimista, Ana de Hollanda acredita na recuperação de Goiás. "Quero voltar aqui em momentos alegres. Agora vim em uma missão de solidariedade, para ajudar a cidade", finalizou a ministra.

Também acompanharam a visita a superintendente do Iphan em Goiás, Salma Saddi, e o presidente da Agência Goiana de Cultura (Agepel), Gilvane Felipe.

Memória
O núcleo urbano da cidade de Goiás se desenvolveu às margens do Rio Vermelho, com os locais de mineração e moradias disputando a topografia acidentada. Este tipo de ocupação tem feito com que a cidade sofra impacto em épocas de intensas chuvas ao longo de sua história, como a grande enchente de 1839.

No final de 2001 e começo de 2002, menos de um mês após o recebimento do título de Patrimônio Cultural da Humanidade pela cidade, cerca de 160 dos 800 imóveis tombados pelo Iphan foram danificados, entre eles a casa onde viveu Cora Coralina e onde estava o acervo da poeta. A força da água levou objetos e anotações pessoais da poeta.

Cidade Patrimônio
O Centro Histórico da cidade de Goiás, antiga capital do estado, entrou em 2001 na Lista do Patrimônio Cultural Mundial, tornando-se o 17º bem na Lista do Patrimônio Mundial localizado no Brasil. A cidade tem importância histórica, por ser o local onde o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, localizou grandes jazidas de ouro.

 

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