Possibilidade de iluminação segura e moderna dos monumentos

publicado em 14 de setembro de 2006, às 13h50

 

O I Encontro Nacional de Iluminação de Monumentos e Conjuntos Urbanos Protegidos, promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Programa Monumenta em Ouro Preto, tem como destaque a troca de experiência entre profissionais de todo o país. Até então, especialistas no assunto tinham poucas oportunidades de conhecer os trabalhos e estudos já realizados.

As palestras e debates da manhã desta quinta-feira, 14 de setembro, exemplificam esta mudança. Na abertura das explanações, José Hailon Gomide apresentou, junto com outros técnicos do Programa, exemplos de projetos de iluminação desenvolvidos em vários pontos do Brasil. Por meio de fotos, foi possível constatar a importância destas intervenções nos centros históricos. Segundo Gomide, o uso o de tecnologias avançadas, como as lâmpadas de vapor metálico, permitem a valorização de monumentos sem deixar de preservar o entorno e as especificidades culturais de cada localidade.

Os projetos de iluminação do Monumenta do Ministério da Cultura, contemplaram cidades como Mariana (MG) e Corumbá (MS). Praças, fachadas, pontes e interiores receberam a iluminação adequada, o que deu a essas localidades uma nova vida.

Iluminação Pública x Iluminação Urbana
A palestra da arquiteta Ana Lúcia Gonçalves, do Iphan do Rio de Janeiro, esclareceu a diferença entre os conceitos de iluminação urbana e iluminação pública e apresentou as principais diretrizes para a conclusão de um Plano Diretor de Iluminação. Segundo a arquiteta, essa é ainda uma iniciativa nova, já que o primeiro plano desta categoria foi constituído pela primeira vez apenas em 1989 em Lyon, na França.

“Até a década de 60, a iluminação era apenas funcional, buscando segurança. Por isso, todas as cidades tinham um sistema padronizado e racional, que destacava os monumentos e esquecia do entorno. Com o surgimento de novos tipos de luz na década de 70, começaram a surgir os projetos de iluminação. Mas é apenas no fim da década de 80 que aparece o conceito de iluminação urbana”, explicou a arquiteta.

Foi a partir de então que, de acordo com Ana Lúcia, os projetos passaram a levar em conta pontos essenciais como a relação da luz com o meio ambiente, as especificações urbanísticas e culturais, as características arquitetônicas, estéticas e, principalmente humanas dos lugares. “A iluminação é, antes de tudo, um instrumento de reafirmação da história da cidade e por isso deve refletir o modo de vida do lugar”, disse.

Em sua explanação, ela ainda declarou que na década de 90 esse conceito se tornou mais presente. Como consequência, o Plano Diretor de Iluminação ganhou destaque, visando estabelecer um diálogo entre os elementos envolvidos. “A intenção é que cada vez mais cidades tenham o Plano Diretor que, entre outros benefícios, objetiva a segurança do tráfego e de pedestres, melhorias ambientais para desenvolvimento de atividades sociais, valorização das referências culturais, entre outros fatores”.

Porém, a arquiteta faz um alerta. “É preciso que cada município construa o seu Plano Diretor de acordo com a realidade das condições técnicas e financeiras que possui, não só para a conclusão do projeto, mas também para a manutenção”, afirmou.

Segurança e novas tecnologias
Na tarde de quarta-feira, dia 13, o engenheiro Humberto Proença Pereira, da empresa Schreder do Brasil, falou sobre as características técnicas de equipamentos para iluminação externa. Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer exemplos diversos de refletores. O engenheiro ressaltou a importância da escolha do tamanho desses equipamentos para não interferir nas características das fachadas dos monumentos. “É interessante trabalhar um equipamento pequeno ou tentar esconder ao máximo. A miniaturização é uma tendência a ser seguida. A melhor iluminação é aquela que não se sabe de onde vem a luz”, afirmou.

Em seguida, os engenheiros Mário Lúcio Salles Brito e Roberto Carlos de Souza apresentaram o trabalho de Rede de Distribuição Subterrânea (RDS) realizado no Estado pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Segundo Mário, a Cemig é responsável por 33 projetos de RDS da Associação das Cidades Históricas, com um total de 99 Km de extensão. “Essa alternativa incrementa a valoriza o patrimônio histórico, é mais um atrativo”, disse Roberto.

Realizado em parceria com o Iphan, esse trabalho elimina o impacto moderno da eletricidade nos municípios e conserva as características originais do passado. Segundo o engenheiro, a confiabilidade é outra vantagem. “Com a rede subterrânea há uma redução significativa de interferência externa e menor possibilidade de desligamento, com consequente aumento da segurança para a população”, lembrou.

Para os técnicos da Cemig, a implantação da rede é simples, a construção é otimizada e o custo de manutenção é baixo. “Nosso desafio é quebrar o paradigma que a RDS é cara. Estamos criando junto com o Iphan novas alternativas para baratear os custos”, ressaltou Mário.  Ele afirmou que muitos arquitetos optam pela rede subterrânea em cidades modernas para não haver intervenção nas fachadas.

De acordo com o superintendente regional do Iphan, Leonardo Barreto, o encontro que encerra amanhã, dia 15, pretende mostrar que é possível fazer o custo da implantação da RDS reduzir. “Os transformadores foram colocados em ruelas e de várias maneiras alternativas para não ter impacto na cidade”, disse. A iniciativa pioneira de implantação.

 

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