Iphan entrega o Certificado de Patrimônio Cultural da Cachoeira do Iauaretê às comunidades indígenas
publicado em 18 de outubro de 2006, às 16h31
Hoje, dia 18/10, 10h, em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, Márcia Sant’Anna, diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) vai presidir a cerimônia de proclamação do Registro da Cachoeira de Iauaretê, Lugar Sagrado dos Povos Indígenas dos Rios Uaupés e Papurí. No evento, que vai se realizar na Sede da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, também será feita a entrega do Certificado de Patrimônio Cultural do Brasil às comunidades indígenas locais e aos proponentes do registro da Cachoeira.
A sua inclusão no Livro de Registro dos Lugares baseia-se em projeto desenvolvido pelo DPI e 1ª Superintendência Regional do Iphan, em parceria com o Instituto Socioambiental – ISA, a FOIRN, e o apoio de diversas entidades indígenas representativas do contexto multicultural de Iauaretê. O pedido contou ainda com a adesão das seguintes entidades e instituições: Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Amazonas – SECT, Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas, Fundação Estadual de Política Indigenista – FEPI/AM e Associação de Língua e Cultura dos Tariano do Distrito de Iauaretê – ALCTDI.
A Cachoeira
Localizada na região do Alto Rio Negro, distrito de Iauaretê, município de São Gabriel da Cachoeira, ela corresponde a um lugar de referência fundamental para os povos indígenas que habitam a região banhada pelos rios Uaupés e Papuri. Várias das pedras, lajes, ilhas e paranás da Cachoeira simbolizam episódios de guerras, perseguições, mortes e alianças descritos nos mitos de origem e nas narrativas históricas destes povos. Locais onde ocorreram fatos marcantes relacionados à criação da humanidade e ao surgimento de suas respectivas etnias. Esses lugares remetem à criação das plantas, dos animais e de tudo o que seria necessário à vida no local e à sobrevivência dos descendentes dos primeiros ancestrais. No processo de Registro estão documentados 17 desses pontos de referência na Cachoeira de Iauaretê, testemunhos fundamentais da fixação desses grupos naquele território.
Para as dez comunidades multiculturais locais, na maioria compostas pelas etinias de filiação lingüística Tukano Oriental, Arauaque e Maku, a Cachoeira de Iauaretê é seu Lugar Sagrado, onde está marcada a história de sua origem e fixação nessa região. A história do estabelecimento das relações de afinidade que vêm permitindo, até hoje, a convivência e o compartilhamento de padrões culturais entre esses diversos grupos que coabitam o mesmo território, há milênios. Apesar do multilingüismo e das diferenças culturais, as quatorze etnias presentes nessa região – Arapaso, Bará, Barasana, Desana, Karapanã, Kubeo, Makuna, Miriti-tapuya, Pira-tapuya, Siriano, Tariana, Tukano, Tuyuka e Wanano – encontram-se articuladas em uma rede de trocas e identificadas no que diz respeito à cultura material, à organização social e à visão de mundo. Todos estes indíos, somados, representam mais de 30 mil moradores vivendo em povoados e sítios distribuídos entre os rios da região e nos dois núcleos urbanos alí existentes: São Gabriel da Cachoeira, o principal centro administrativo e econômico, e Santa Isabel do Rio Negro.
Patrimônio Imaterial
A Cachoeira é o primeiro bem imaterial a ser inscrito no Livro dos Lugares, mas é o oitavo patrimônio imaterial brasileiro. A primeira foi a Arte Kusiwa - técnica de pintura e arte gráfica dos indios Wajãpi, do Amapá, inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão. A segunda, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré - celebração religiosa de Belém do Pará, foi inscrita no Livro das Celebrações, seguida do Jongo - canto, dança e percussão de tambores - herança cultural dos negros de língua banto, no Livro de Registro das Formas de Expressão; o Modo de Fazer Viola-de-Cocho, do Ofício das Baianas de Acarajé e o das Paneleiras de Goiabeiras, todos foram registrados no Livro dos Saberes. O Samba de Roda no Recôncavo Baiano o sétimo bem imaterial registrado e está inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão. O registro da cachoeira foi aprovado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan reunido em 03 de agosto, no Rio de Janeiro.
Mais informações:
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Programa Monumenta
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
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