Parque nacional ganha acessos adaptados para pessoas portadoras de necessidades especiais
publicado em 30 de novembro de 2006, às 13h01
Quem visitar o Parque Nacional Serra da Capivara a partir de dezembro de 2006, vai encontrar importante novidade no circuito de sítios arqueológicos abertos à visitação turística. É um conjunto de obras realizadas com recursos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), executado pela Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM). O projeto é denominado "Patrimônio Acessível a Todos: Interpretação e Conservação dos Sítios Arqueológicos do Parque Nacional Serra da Capivara".
O parque, criado em 1979 e localizado no município de São Raimundo Nonato (PI), foi inscrito pela UNESCO na lista do Patrimônio Cultural Mundial da Humanidade, em dezembro de 1991, e tombado como patrimônio nacional pelo Iphan em 1993. Em seus 130 mil hectares, guarda mais de 800 sítios arqueológicos, com quilômetros de galerias de vários andares, cobertas por pinturas e gravuras rupestres. A região possui vegetação densa de caatinga, onde convivem canyons gigantescos, ilhas de florestas e cerrados e morros de mármore cinza e negro.
"Elaborado por técnicos da 19ª Superintendência Regional do Iphan e consolidado pela FUMDHAM, o projeto solidifica ainda mais a antiga parceria entre as duas instituições", destaca a superintendente regional do Iphan, Diva Figueiredo. Essas intervenções são destinadas basicamente a "preservar e manter os sítios arqueológicos de visitação aberta, e recuperar os acessos, habilitando-os para pessoas portadoras de necessidades especiais". As obras foram iniciadas em abril deste ano e já estão quase totalmente concluídas.
São 16 sítios arqueológicos, submetidos a dois tipos de intervenções: as de conservação e as interpretativas. As atividades de conservação consistem em serviços de limpeza das pinturas rupestres e de drenagem superficial dos sítios, de forma a impedir a ação das enxurradas sobre o solo arqueológico e as inscrições. Segundo a técnica da FUMDHAM, Elizabete Buco, arquiteta responsável pelo detalhamento do projeto, os novos acessos ampliarão as oportunidades, a um público ainda maior, conhecer os sítios do Parque Nacional Serra da Capivara.
Intervenções interpretativas
Já as intervenções interpretativas representam um conjunto de ações visando à preparação dos sítios para a prática do turismo cultural. É nessa parte que é investido o maior volume dos recursos aplicados no projeto, totalizando R$ 508.810,00. As intervenções interpretativas incluem a adaptação dos acessos aos portadores de necessidades especiais e conserto de escadarias, rampas, cercas, passarelas, corrimãos, caminhos, áreas de descanso, pátios para manobras, estacionamento de veículos e até mesmo a sinalização indicativa e interpretativa dos principais circuitos do Parque Nacional.
Mas ainda há uma série de outras atividades, como a limpeza dos sítios arqueológicos e áreas próximas, o roço, a retirada de madeiras mortas e da areia trazida pelas enxurradas, etc. Todo esse trabalho foi possível através da contratação de uma equipe de 17 operários, entre pedreiros, mestres-de-obras, marceneiros, soldadores, pintores e mecânicos - alguns deles antigos caçadores que hoje trabalham em favor da conservação das riquezas do Parque - da microrregião de São Raimundo Nonato, gerando ocupação e renda para os trabalhadores locais.
O resultado beneficiará os turistas que percorrerão sítios expressivos do Parque Nacional Serra da Capivara, tombado pelo Iphan e considerado Patrimônio Cultural Mundial da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). É o caso dos sítios Baixão das Andorinhas e a Toca do Perna I. A proposta é criar um roteiro de visitação organizado em circuitos, diminuindo as distâncias, facilitando o deslocamento das pessoas portadoras de necessidades especiais e permitindo uma melhor interpretação do contexto cultural da região.
Foram criados três circuitos: Pedra Furada, Jurubeba e Perna, que deverão ser percorridos em dois dias. Esses circuitos incluem ainda os sítios Toca da Roça do Sítio do Brás I e II, Toca da Ema II, Toca do Alexandre, Toca do Sítio do Meio, Toca da Fumaça I e III e Toca do Fundo da Pedra Furada. E ainda os sítios arqueológicos Toca do Carlindo II, Toca do Mangueiro, Toca do Perna III e IV - sítios internacionalmente conhecidos -, Toca do Arame do Sanção e Toca do Boqueirão da Pedra Furada - onde existe o mais amplo complexo infra-estrutural do Parque Nacional.
Para os turistas, esse conjunto de obras e intervenções vai tornar o Parque Nacional Serra da Capivara, localizado em pleno Semi-Árido do Estado do Piauí, ainda mais fascinante e atrativo. De férias, o diplomata André Heráclio do Rego e sua esposa Maria Regina se disseram deslumbrados. "Foi uma surpresa muito boa", disse André Heráclio. "Eu tinha boas referências do parque, mas é completamente diferente a pessoa chegar aqui e ver." Já Maria Regina ficou encantada. "Há uma preocupação de descobrir e recuperar esses valores pré-históricos", disse a turista.
Mais informações:
Jornalista: Sérgio Fontenele - DRT/PI 732