Peças desaparecidas retornam ao acervo do Iphan em Pernambuco 40 anos depois
publicado em 18 de dezembro de 2006, às 15h41
As três talhas revestidas de ouro que compunham Arco Cruzeiro da capela do Engenho Bonito, em Nazaré da Mata (PE), e a imagem de Nossa Senhora das Mercês, da Igreja de São José do Ribamar, do Recife (esta, desaparecida há quase 40 anos), foram apreendidas em São Paulo (SP), numa diligência conjunta da Polícia Federal de São Paulo e de Pernambuco, e estão de volta ao acervo de arte sacra tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
As talhas do Arco do Cruzeiro foram saqueadas em 1993, em meio a um tiroteio na capela do engenho, uma propriedade particular considerada uma das jóias da arquitetura rural brasileira segundo Ayrton de Almeida Carvalho, um dos fundadores do Iphan em Pernambuco. Elas foram identificadas em 2002, num catálogo da Exposição Brasil 500 anos do Museu de Arte de São Paulo – MASP. Os técnicos do Iphan passaram a informação à Polícia Federal, que conseguiu apreender as peças em um antiquário em São Paulo no final de 2005. De acordo com Frederico Almeida, superintendente regional de Pernambuco, as talhas, em estilo barroco Dom João V, chegaram em bom estado de conservação, necessitando apenas de limpeza superficial.
A imagem de Nossa Senhora das Mercês, peça do Século 18 desaparecida nos anos 60, também foi identificada em um catálogo de exposição e encontrada em um antiquário de São Paulo. Todos os objetos foram entregues e estavam sob custódia da PF paulista – a talha desde março de 2005 e a imagem desde novembro do mesmo ano. Eles foram tecnicamente analisados pelo Iphan e acondicionados para retornar ao Instituto.
Todas as peças vão ficar sob a guarda do Iphan, em local seguro e sigiloso, até que os seus locais de origem ofereçam segurança adequada para abrigar os bens. “Esse trabalho é fruto do empenho da Superintendência Regional de Pernambuco e da Polícia Federal. Isto representa o resgate da memória nacional e de nosso Estado. Um bem roubado de um monumento é uma lacuna que não pode ser preenchida com réplicas. Só as verdadeiras imagens são testemunhas de nossa história”, observa Frederico Almeida.
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