A aventura de preservar os sítios do Parque Nacional Serra da Capivara
publicado em 04 de dezembro de 2006, às 16h36
Um dos trabalhos mais significativos desenvolvidos no contexto da parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) refere-se à conservação dos sítios arqueológicos.
Essa atividade também faz parte do Projeto “Patrimônio Acessível a Todos: Interpretação e Conservação dos Sítios Arqueológicos do Parque Nacional Serra da Capivara”, que prevê uma série de ações direcionadas à limpeza das pinturas rupestres, mais especificamente nos circuitos preparados para os portadores de necessidades especiais.
No caso dos trabalhos de preservação dos sítios arqueológicos do Parque Nacional e de seu entorno, um grupo de sete técnicos em conservação de pinturas rupestres – jovens recrutados nas comunidades da região – atua de maneira sistemática em defesa da integridade destes sítios.
São rapazes e moças que se dedicam exclusivamente à preservação do patrimônio arqueológico da região. E a missão deles não é modesta, já que são responsáveis pela manutenção de nada menos do que 128 sítios arqueológicos.
É intensa a jornada diária desses técnicos, que atuam sob a supervisão da FUMDHAM, percorrendo 400 quilômetros de estradas e trilhas abertas aos turistas, e cuidando de um diversificado conjunto de operações.
A presença desses jovens no contexto do Plano de Manejo do Parque Nacional comprova a preocupação prioritária com relação entre patrimônio cultural e ecologia.Eles são responsáveis por atividades que envolvem desde a limpeza de superfícies, a retirada das galerias de cupins e das casas de “marias-pobres” – um tipo de vespa –, até intervenções mais sofisticadas.
Além da atividade de conservação, esses técnicos percorrem sistematicamente a região fazendo monitoramento dos sítios cadastrados no Iphan, e, com freqüência, descobrem novas ocorrências, que são comunicadas aos arqueólogos da FUMDHAM e ao Instituto para serem registradas.
Segundo a superintendente Regional do Iphan, Diva Figueiredo, a agilidade e o conhecimento da região, adquirida por essa equipe nos trabalhos de conservação, têm um resultado surpreendente. Recentemente, mais de 100 sítios foram cadastrados no Parque Nacional Serra das Confusões.
Técnica de Conservação
Esses técnicos são capazes de inserir sedimentos, imperceptíveis, porém fundamentais, nas fendas das rochas onde estão localizadas as pinturas rupestres. É um trabalho altamente especializado, já que as intervenções não podem danificar os sítios arqueológicos.
Segundo o coordenador da equipe de conservação, Jorlan da Silva Oliveira, o trabalho mais complexo consiste em fazer a consolidação do suporte rochoso dos sítios para evitar os desplacamentos e descamações das rochas que servem de suporte para as pinturas.
Uma das técnicas mais criativas na preservação dos sítios arqueológicos é denominada de “pingadeira”. A “pingadeira” é na verdade uma espécie de calha artificial, impermeabilizada, feita à base de massa plástica – usada em serviços de lanternagem em veículos automotores –, capaz de desviar o curso da água das chuvas nas rochas, igualmente prejudicial às pinturas.
A técnica foi desenvolvida pelos próprios técnicos da equipe, supervisionados pela arqueóloga piauiense Conceição Lage, doutora em Arqueologia pela Sorbonne, em Paris.
Quanto aos cupins e marias-pobres, a remoção desses insetos é necessária, já que as respectivas galerias e casas agridem as pinturas rupestres.
“Se nós não fizermos esse trabalho, tudo aquilo será destruído”, explica Jorlan Oliveira. “É um trabalho único”, avalia. “Nós fazemos esse trabalho para, um dia, nossos filhos verem os sítios como eles estão hoje.”
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Jornalista: Sérgio Fontenele – DRT/PI 732