Modesto Brocos no Museu Nacional de Belas Artes

publicado em 26 de janeiro de 2007, às 13h07

 

Resgatando um dos grandes artistas nacionais dos séculos 19 e 20, a mostra Modesto Brocos, um estrangeiro nos trópicos, no dia 30 de janeiro, marca a abertura do calendário de exposições deste ano no Museu Nacional de Belas Artes – MNBA. Estarão em exibição na sala Bernardelli pinturas, desenhos, gravuras e documentos, alguns inéditos, num total de mais de 50 itens, todos provenientes do acervo do MNBA e da família.

Para a curadora da mostra, a museóloga e diretora do MNBA, Mônica Xexéo, trata-se do resultado de um trabalho de mais de 12 anos de pesquisa, buscando “revisitar um dos principais artistas brasileiros envolvidos na modernização do ensino da arte, que repensou a metodologia do ensino artístico aplicado no país”.

Nascido em 1852, na cidade de Santiago de Compostela (Espanha), Modesto Brocos y Gomes desde cedo mostrou entrosamento com a arte, quando recebeu ensinamentos do seu irmão mais velho, um escultor que tinha sido professor de Pablo Picasso.

Dono de um espírito aventureiro, aos 18 anos viaja para a Argentina onde atua como ilustrador e dois anos depois chega ao Rio de Janeiro, onde continua este trabalho. A partir de 1872, frequenta como aluno livre as aulas da Academia Imperial de Belas Artes, tendo ali convivido com grandes mestres da sua época, como Vítor Meireles, Zeferino da Costa, Visconti, Rodolfo Amoedo, e Rodolfo Bernardelli, entre muitos outros.

O destino seguinte é um retorno para aperfeiçoamento artístico na Europa, permanecendo naquele continente até 1887. Foi um período bastante profícuo: em Paris, entre 1877 e 1879, Modesto Brocos tem contato com talentos como Seurat e Sorolla, artistas que lhe trazem os rumos de alguns dos movimentos artísticos daquele tempo. Ganhou um significativo prêmio de viagem que possibilitou estudos em Roma, frequentou outros grandes centros artísticos daquele tempo.

De volta ao Rio de Janeiro, Brocos se naturaliza brasileiro em 1890 e depois passa a lecionar na Escola Nacional de Belas Artes. Pintor, gravador, ilustrador, desenhista e mestre por décadas, no ano de 1915 ele ascende a professor catedrático da ENBA.

Seus trabalhos são em maioria cenas de gênero. O quadro Engenho da mandioca (1892), que retrata os costumes do interior e que poderá ser visto na mostra do MNBA, é bastante emblemático porque o tema rural é recorrente na sua obra. Outro destaque na sua carreira é Redenção de Can, pintado em 1895, também exposto no MNBA.

Profundamente envolvido com a arte, Brocos estimulou o desenvolvimento da gravura no país, foi um dos fundadores do Liceu de Artes e Oficios, lá estabelecendo a oficina de gravura. Já no campo didático deixou alguns clássicos da história da arte brasileira, como as publicações Retórica dos Pintores e A Questão do Ensino das Belas Artes. Executou decorações no prédio da Biblioteca Nacional e do Jornal do Brasil.

Diversos trabalhos seus participaram dos Salões de Belas Artes, de 1894 até 1917. Um traço marcante do conjunto de sua obra é retratar o negro de uma forma digna. Modesto Brocos inaugurou assim um capítulo precursor na história da arte brasileira.

Sua rica trajetória recebeu a pincelada final no dia 28 de novembro de 1936, quando faleceu aos 84 anos.

Serviço:
Exposição Modesto Brocos, um estrangeiro nos trópicos

Abertura: 30 de janeiro de2007
Horário: às 11h
Período: 31 de janeiro até 18 de março de 2007
Visitação: de terça a sexta, das 10h até 18h e aos sábados de 13h até 18h.
Entrada: R$ 4,00 sendo grátis nas 5ªs feiras.

Mais informações:
Assessoria de Imprensa do MNBA
Nelson - (21) 2240-0068 r. 18

 

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