publicado em 21 de fevereiro de 2007, às 15h23

Autorizada pela Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Copasa – Companhia de Saneamento de Minas Gerais realizou, em regime emergencial, o término de trechos da obra de substituição dos condutos de água de Diamantina, considerados indispensáveis para o abastecimento regular da cidade.

A autorização foi dada devido à urgência de prover a cidade durante o feriado de Carnaval. A execução das obras foi monitorada por um técnico em arqueologia e um arquiteto, ambos do Iphan, além de um especialista em conservação contratado pela Copasa.

A obra de substituição na rede de abastecimento de água de Diamantina havia sido paralisada pelo Iphan devido à descoberta de canalizações com quase 200 anos de existência. A intervenção foi feita pela necessidade de o Instituto estudar, registrar e proteger o sistema, que constitui parte quase desconhecida da história da cidade.

Foi encontrado, por quase todo o Centro Histórico da cidade, um elaborado sistema de abastecimento e, possivelmente, de esgoto ou águas pluviais, que impressiona pelo bom estado de conservação.

Em vários trechos encontraram-se bicames, que são peças de quatro metros, de madeira inteiriça, escavadas em forma de calhas com tampa também em madeira.

Os bicames encontrados tem tamanho que varia entre 15 e 30 cm de lado. Em alguns locais existem dois ou três bicames paralelos. É provável que estas canalizações servissem a residências particulares. Em um local foi encontrada uma caixa em pedra sabão azulada com um bicame de entrada e um de saída, encaixados no alto da caixa, provavelmente usada para retirar a areia que vinha com a água da nascente.

Foi encontrado também um trecho em pedra da região, ainda em funcionamento, com esgoto domiciliar moderno a ele ligado, que também possuía caixas de inspeção.

Além destas estruturas, foram recolhidos no subsolo de Diamantina cerca de 500 fragmentos dos mais diversos tipos de material, como porcelana inglesa decorada, pratos, travessas e sopeiras, louça branca, cachimbos cerâmicos afro-brasileiros, caldeirões de terracota, ossos de animais, vidro de garrafas antigas e alguns objetos mais modernos que foram misturados pelo tempo.

É necessária uma pesquisa arqueológica mais profunda, que ocorrerá quando da continuação das obras na cidade.  

Rede Colonial de Abastecimento
Em outubro de 2006, a Superintendência Regional do Iphan em Minas Gerais solicitou providências ao Ministério Público Federal para que fosse apurada denúncia relativa à destruição de antiga rede de abastecimento de água, na cidade de Diamantina (MG). Durante escavações realizadas na Rua Macau do Meio, entre a Escola Estadual Leopoldo Miranda e o Hotel Tejuco, por empresa contratada para realizar o trabalho, foram encontrados e retirados, sem que o Iphan fosse avisado, como manda a legislação, os remanescentes da rede de água. A denúncia foi encaminhada por um morador da cidade, preocupado com o destino destas peças.

Mais informações:
Marcos Cambraia 
Fone: (31) 3222-2440