Iphan e BNDES reabrem igreja centenária da Saúde no RJ
publicado em 18 de abril de 2007, às 13h44
A restauração teve por objetivo revitalizar um importante monumento em estado de degradação, sem uso há 40 anos. Para isso, foi preciso um trabalho de recuperação geral, que englobou desde o acesso ao monumento, através da suavização da rampa de subida, em pé-de-moleque; a construção de um muro de contenção e de banheiros públicos; até minuciosos trabalhos de restauração dos elementos artísticos, como a talha em estilo rococó, a tela decorativa que forra o teto da nave e o painel de azulejos portugueses. Este e outros elementos artísticos da igreja foram muito afetados por atos de vandalismo e pela ação do tempo. Devido ao furto de alguns trechos, os painéis de azulejos que tinham registro fotográfico foram reintegrados com a técnica de afresco sobre a própria argamassa de revestimento da parede.
Desse modo, se preservou a leitura do conjunto ao longe e, de perto, percebe-se que não são azulejos. Os espaços referentes às peças que não tinham registro foram preenchidos com pintura padronizada em estilo marmorizado.
A tela tripartida, com cerca de 20 metros quadrados - exibindo o céu com guirlandas de flores e anjos -, foi restaurada e recolocada no teto da nave de onde havia sido removida nos anos 70. Dotada de cores vivas - o altar é verde e rosa - a igreja tem sua temática celebrando a saúde e, por sua importância histórica e artística, foi tombada pelo Iphan em 1938.
As imagens de Nossa Senhora da Saúde e do Menino Jesus estão no Museu da Catedral, junto com a Imagem de Santo Antônio. Por motivo de segurança, as imagens não voltarão para a Igreja, pelo menos neste início da revitalização. Foram confeccionadas cópias da Nossa Senhora e do Menino para ficarem no altar. As peças foram feitas em resina e aprovadas pela Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro. Na sacristia, há um raro exemplar de lavabo em embrechamento com conchas e louças das Índias. Ele foi restaurado, mas não terá o antigo uso.
Arqueologia Externa
No adro frontal da Igreja, junto à torre sineira, foram encontrados os vestígios da escada de acesso da antiga chácara. O degrau de convite ainda se achava assentado sobre o nível original e foi descoberto um piso em paralelepípedo e, outro, em tijoleira original. Após as obras, ambos ficaram soterrados abaixo da lajota de barro. Apenas os degraus da escada foram montados, por recomposição, para dar uma idéia de como era o antigo acesso. Já no pátio posterior, as escavações revelaram uma espécie de forno cerâmico que ainda está sendo pesquisado e buscada a sua origem.
Arqueologia Interna
No interior da Igreja de Nossa Senhora da Saúde há uma lápide no presbitério. Foram descobertos vários tipos de pisos e sepultamentos, comuns para a época. A maioria dos sepultamentos estava na nave e outros dois, pouco comuns, no altar. Todos os restos de ossadas humanas encontrados foram enterrados em urnas de fibra numa espécie de nicho, tipo carneiro, em tijolo, na Nave. Na ocasião, houve uma cerimônia de enterro, com a presença do Padre Arnaldo, atual responsável pela Igreja.
A edificação teve sua origem como capela de uma propriedade particular, naquela região da cidade, ainda de caráter rural, e sua construção foi concluída por volta de 1750. Em 1898 foi fundada a Irmandade de Nossa Senhora da Saúde para administrá-la e, em 1900, a igreja passou aos cuidados dessa comunidade.
Mais Informações:
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Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
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