Iphan reúne parceiros para a preservação da paisagem cultural da imigração

publicado em 14 de agosto de 2007, às 15h50

 

O projeto, chamado Roteiros Nacionais de Imigração, será lançado dia 27 de agosto em Pomerode/ SC, inaugurando o conceito de “Paisagem Cultural” no Brasil

Um passeio pelas estradas rurais de Santa Catarina pode desvendar costumes e tradições seculares trazidos por diversos povos que vieram para o Brasil. Seja na culinária, na música, nos dialetos, na arquitetura, nas festividades ou em qualquer forma de expressão, a cultura introduzida pelos cerca de 5 milhões de imigrantes que chegaram desde o século 19, encontra-se registrada e presente até hoje em vários espaços brasileiros.

Com o intuito de reconhecer e valorizar a contribuição das diversas etnias que compõem o painel cultural brasileiro, o Iphan vem trabalhando há mais de vinte anos no projeto intitulado Roteiros Nacionais de Imigração. Com isso, foram identificados espaços e tradições remanescentes da peregrinação italiana, alemã, polonesa e ucraniana. A experiência é pioneira e teve início em Santa Catarina, onde foram realizados estudos, inventários e ações de preservação em parceria com o Governo do Estado e diversas Prefeituras Municipais, desde a década de 1980. A proposta é de se inventariar outras culturas e demais estados, posteriormente.

Para garantir o envolvimento de outros órgãos do poder público e demais parceiros, o Iphan e o Ministério da Cultura propõem a assinatura de um Termo de Cooperação que institui os Roteiros Nacionais de Imigração e tem como objetivo principal a preservação desse patrimônio. O lançamento do projeto e a assinatura do termo acontecerão às 14h do dia 27 de agosto, no Sítio Tribess, uma pequena propriedade rural do município de Pomerode/ SC. Lá haverá apresentações de alguns grupos tradicionais de danças folclóricas da Alemanha e da Itália, além de um conjunto de bandoneóns – instrumento semelhante à sanfona, de origem alemã.

O evento contará com a presença do ministro Gilberto Gil e de representantes dos Ministérios do Turismo e do Desenvolvimento Agrário, do governo de Santa Catarina, do SEBRAE/ SC, além de cerca de vinte prefeitos dos municípios que integram as regiões de imigração do estado. Todas autoridades presentes deverão assinar o Termo de Cooperação, onde estão definidas as responsabilidades de cada parceiro na implementação do projeto.

O Patrimônio do Imigrante no Brasil
Após a solenidade, a comitiva e convidados percorrerão algumas estradas rurais nas localidades de Testo Alto, em Pomerode e do Vale do Rio da Luz, em Jaraguá do Sul, conjuntos rurais que estão em processo de tombamento no Iphan. Os anos de pesquisa e inventário resultaram na compilação de um dossiê que conta a história da imigração no Brasil e em Santa Catarina, e mostra as condições atuais do patrimônio do imigrante nas diversas regiões catarinenses.

O dossiê, ao mesmo tempo que propõe o reconhecimento do legado dos imigrantes por meio do tombamento compartilhado entre Iphan, Fundação Catarinense de Cultura e vinte municípios onde estão uma série de bens selecionados, inicia o reconhecimento das áreas como Paisagem Cultural do Brasil e indica também a criação dos Roteiros Nacionais de Imigração, como uma alternativa viável de sustentabilidade das pequenas propriedades agrícolas locais.

Paisagem cultural
Na ocasião, o Iphan lançará também uma nova ferramenta de proteção do patrimônio nacional, que é a chancela “Paisagem Cultural”. Esse conceito é utilizado pela Unesco desde a Convenção de 1972 e tem como objetivo o reconhecimento de porções singulares dos territórios, onde a inter-relação entre a cultura humana e o ambiente natural confere à paisagem uma identidade singular.

Os Roteiros Nacionais de Imigração traduzem o conceito de Paisagem Cultural no estado de Santa Catarina. As regiões e caminhos selecionados contam a história e refletem a influência de seus ocupantes, entre eles alemães, italianos, ucranianos e poloneses. O estabelecimento das colônias de imigrantes ao longo dos vales de rios e ribeirões determinou um íntimo diálogo entre homem e natureza. A forma de ocupação no lote, os modos de produção familiar, as técnicas construtivas e as expressões culturais trazidas pelos imigrantes formaram uma paisagem especial.

Os Roteiros Nacionais de Imigração
O foco principal dos Roteiros Nacionais de Imigração são as milhares de pequenas propriedades rurais espalhadas por centenas de estradas abertas pelos imigrantes pioneiros que guardam, na paisagem, na arquitetura e nas tradições, as marcas da cultura dos países de origem e sua interação com as terras brasileiras.

O projeto busca o envolvimento de diversos parceiros em ações de reconhecimento e valorização deste patrimônio, legado da imigração no Brasil. O estabelecimento de legislação que proteja a paisagem e o tombamento nacional de dezenas das pequenas propriedades são o foco da atuação do Iphan. Em conjunto com os demais parceiros, serão estruturadas rotas turísticas, desenvolvidas ações voltadas à potencialização da agricultura familiar, à fixação do homem no campo, ao fomento dos meios tradicionais de produção agrícola e à valorização e venda dos produtos tradicionais.

Envolvimento local e relações inter-governamentais
Para se integrarem no projeto, os municípios estão se responsabilizando pela adequação da legislação municipal de preservação do patrimônio e ordenamento territorial, pelo fortalecimento das áreas rurais, pela criação de Centros de Recepção e Venda de Produtos Tradicionais, pela disponibilização de técnicos e pela criação de um fundo municipal de preservação.

Trata-se de uma ação inovadora, sistêmica, encabeçada pelo Iphan e abraçada pelos diversos parceiros que viram na proposta de criação dos Roteiros Nacionais de Imigração uma nova alternativa de desenvolvimento de políticas públicas. O projeto já é prioridade do Ministério do Turismo, que o considerou ação preferencial do segmento do Turismo Rural.

A experiência deverá ser em breve aplicada nos demais estados do sul e sudeste – incluindo Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Espírito Santo – onde o Iphan já iniciou os trabalhos de inventário e pesquisa.

Mais informações:
Assessoria de Comunicação
Programa Monumenta
Tels: (61) 33263911 / 33268014

 

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