Pontão de Cultura em Santo Amaro

publicado em 17 de setembro de 2007, às 16h20

 

Ministro Gilberto Gil, autoridades, sambadores e sambadeiras festejaram a inauguração do espaço voltado para o estudo da preservação do Samba de Roda

O Samba de Roda tem, agora, uma casa de referência às suas raízes, mas que não será utilizada apenas pela comunidade e pelos sambadores. “Esse espaço será um lugar para estudiosos e todos os interessados pela história do Samba como processo da civilização brasileira”, disse o ministro da Cultura, Gilberto Gil. Com a presença de cerca de 20 grupos de Samba de Roda do Recôncavo Baiano e do Brasil, ele inaugurou a Casa de Samba de Santo Amaro, na última sexta-feira, 14 de setembro. Gil explicou que o espaço - um sobrado do Século XIX, que já hospedou o Imperador D. Pedro II e, em 1979, foi tombado como patrimônio histórico nacional - será um Pontão de Cultura, com estúdio de gravação para artistas do Samba de Roda.

Mais de cinco mil pessoas estiveram na praça em frente ao imóvel e participaram da festa que contou, também, com a presença de Dona Canô, uma das moradoras mais conhecidas da cidade. Ela lembrou que a Casa de Samba foi criada para todos os sambistas, maculelês e pessoas que vivem no meio mais humilde. “Espero que vocês não a estraguem e aproveitem da casa porque ela não é só nossa é do Brasil”, disse emocionada a mãe de Caetano Veloso e de Maria Betânia, famosos cantores da MPB.

O governador da Bahia, Jacques Wagner, cumprimentou o ministro Gilberto Gil pela iniciativa. “Na verdade agradeço essa sensibilidade por ter trazido não só para Santo Amaro, mas para todo povo baiano e brasileiro um espaço que continuará afirmando o Samba como matriz cultural brasileira. O Conde de Subaé preparou o segundo andar para receber o Dom Pedro II e Gil recuperou o primeiro e o segundo andar para receber o povo de Samba de Roda do mundo inteiro”.

Para o presidente do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), Luiz Fernando de Almeida, o trabalho continua. “Vamos equipar esse grande centro cultural para desenvolver e preservar a cultural brasileira e promover um grande trabalho social”, afirmou. Presentes à solenidade, Caetano Veloso também comemorou a inauguração: “Tenho que agradecer ao Iphan pelo restauro do Casarão que, para mim parece um sonho, e principalmente, por vê-lo transformado na Casa de Samba de Roda de Santo Amaro, uma iniciativa bonita e adequada.”

Por sua vez, o secretário de Cultura da Bahia, Márcio Meirelles, ressaltou que a Casa do Samba vai resgatar e preservar uma parte da identidade cultural brasileira. “Que o espaço inaugurado seja um espaço de vida, um espaço de cultura para Santo Amaro, para o Recôncavo e para o Brasil.” Já o prefeito João Roberto falou sobre a importância de celebrar o aniversário de Dona Canô, considerada uma fonte de energia cultural para a comunidade. “E juntando a essa força a Casa de Subaé vai ser dado continuidade a esses processos de restauração em outros prédios da cidade”, explicou.

Sambadores e Sambadeiras
A Casa do Samba agora é a sede da Associação dos Sambadores e Sambadeiras do Estado da Bahia (Asseb), que reúne 35 instituições de 20 municípios baianos. Vai abrigar uma midiateca digital sobre o Samba de Roda, com um amplo material de pesquisa levantado entre os grupos de samba, o Instituto de Radiodifusão da Bahia (IRDB). No anexo do prédio, haverá dois grandes espaços para oficinas de música, dança e confecção de instrumentos, além de um auditório para apresentações e alojamentos.

Também está previsto que local terá uma oficina-escola para fabricação e execução da viola machete – instrumento tradicional do Samba de Roda.

Para Rosildo Moreira do Rosário, coordenador geral da Asseba, o lugar será um centro de referência aonde toda família poderá saber mais sobre Samba de Roda. “O Samba hoje tem uma casa para o samba morar e para os sambadores produzir sua música”, ressaltou. O sambista João Luiz, do Grupo Roda Brilhante, disse que a casa será um lugar de preservação do Samba. “Agora posso ficar tranquilo com esse lugar, porque o samba do Recôncavo não vai morrer.” Maria de Araújo, do Grupo Suspiro do Iguape, agradeceu a restauração da Casa: “Vamos ter um lugar fixo para mostrar o nosso trabalho e para ensinar aos mais jovens o Samba.”

Leia mais sobre o Seminário do Samba, no site do Ministério da Cultura

Mais informações:
Assessoria de Comunicação
Programa Monumenta
Tels: (61) 33268907 / 33268014

 

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