publicado em 27 de dezembro de 2007, às 13h49

Em comemoração a seus 70 anos o Iphan apresenta uma publicação com estudos desenvolvidos a partir da execução do projeto de restauração de uma de suas mais belas pinturas: a tela Nossa Senhora com o Menino e a Santa Teresa, executada no ano de 1785 especialmente para o forro da sacristia da capela da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo da Cidade de São Paulo, entregue pelo Iphan em março deste ano.

A publicação, dedicada à memória de Mário de Andrade, idealizador do Iphan e também estudioso do pintor colonial. Explica o Superintendente da Regional paulista, o arquiteto Victor Hugo Mori: “A pesquisa do historiador Carlos Gutierrez Cerqueira, em parceria com o musicólogo Régis Duprat e o restaurador Julio Moraes, enfatiza a figura do mestre e parceiro de Padre Jesuíno do Monte Carmelo – o pintor José Patrício da Silva Manso, natural de Sabará. O incomparável texto de Mário de Andrade, ao direcionar os refletores para Jesuíno, colocou na penumbra a figura de José Patrício.”

A incorporação do Professor Régis Duprat, convidado pelo coordenador do projeto, trouxe estudo feitos há mais de quarenta anos, sobre a visão da cena cultural daquela época paulista, através de pesquisas feitas com os trabalhos de restauração.

Vale ainda salientar que a publicação, além de outras, reproduz a tela pintada por José Patrício da Silva Manso em 1785, cuja restauração se fez inteiramente com recursos públicos, patrocínio este justificado pela sua importância no acervo artístico tradicional protegido pelo Iphan de São Paulo.

Exemplar de arte barroca
José Patrício da Silva Manso, natural de Sabará (MG), executou obras em várias localidades da Capitania de São Paulo e também em terras fluminenses. Entre elas, algumas encomendadas pelos monges Beneditinos de Santos, São Paulo e Rio de Janeiro, e outras pelos Franciscanos paulistanos, além das conhecidas pinturas que realizou na igreja de Nossa Senhora da Candelária de Itu, na qual contou com o auxílio de Jesuíno para a sua execução.

O painel de Nossa Senhora com o Menino e a Santa Teresa foi executado para o forro da sacristia da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo de São Paulo, um ano antes de ele seguir para Itu. Sua harmoniosa composição, chama atenção sobretudo para a bela feição de Nossa Senhora, bem como apresenta uma característica típica de sua pintura, também presente no painel central do forro da capela-mor da Matriz de Itu, o rendilhado das franjas do véu onde está o menino Jesus.

O restauro
O trabalho de recuperação da obra de José Patrício começou com uma avaliação criteriosa sobre os danos, a instabilidade dos materiais após mais de 200 anos, os prejuízos à sua legibilidade e as possibilidades de se resgatar a resistência material, as cores e formas. Para a remoção da tela, sem causar danos ao tecido original, enfraquecido e deteriorado, foi preciso protegê-la com papel japonês, descolando-a das pranchas com bisturi cirúrgico.

Usando uma ponte metálica rolante para deslocar-se sobre a tela, os técnicos do Iphan a limparam, reverteram as suas deformações, fixaram os pontos soltos da pintura, removeram as camadas de verniz antigo e escuro e os retoques que a descaracterizavam. Uma segunda tela de proteção foi colada ao pranchado, a tela original aderida a ela, em seguida, houve o retoque das cores e perdas da pintura, quando a tela, já consolidada e resistente, foi posta de pé e as falhas e perdas foram preenchidas e neutralizadas. Por fim, ela foi devolvida ao seu local de origem, junto com a moldura original, também restaurada.

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