Ministro recebe pedido de registro da Cajuína e da Arte Santeira do Piauí
publicado em 21 de maio de 2008, às 13h25
O Ministro da Cultura, Gilberto Gil, defende que a cajuína e a arte santeira do Piauí se tornem patrimônio cultural brasileiro do Estado. Sua opinião foi declarada na última quinta-feira (15), durante sua passagem por Teresina, quando lançou o Programa Mais Cultura, em parceria com o Governo do Estado, através da Fundação Cultural do Estado.
Na oportunidade, os produtores de cajuína e os santeiros entregaram ao ministro o pedido de registro no livro dos saberes do patrimônio cultural brasileiro de natureza imaterial, assinados por membros de associações de produtores da cajuína e dos santeiros do Piauí. Em seu discurso durante a solenidade, Gilberto Gil defendeu sua proposta. “O governo não faz cultura. Ela é feita pelo povo. A Cultura é uma usina de símbolos do povo, usina do lúdico e da criatividade. Por exemplo, a Cajuína e a Arte Santeira do Piauí, que vão se tornar patrimônio imaterial, assim como ocorreu entre outros estados: na Bahia com o acarajé; em Pernambuco, com o frevo; e no Maranhão, com o tambor de Crioula”, citou o ministro.
Para Gilberto Gil, a sociedade é a maior protagonista da difusão da cultura e o papel do ministério é apenas viabilizar recursos para garantir maior visibilidade e identificação das atividades culturais. “Os criadores e produtores de cultura são o próprio povo”, ressaltou.
Sobre os pontos de cultura do Estado, o ministro afirmou que se trata de um projeto ousado cujo objetivo é identificar as manifestações culturais em todo o país. “Há uma grande diversidade cultural no Piauí, assim como em todo país, que precisa ser apreciada. Hoje, no Brasil existem 800 pontos e até o final do ano chegaremos aos 2000”, declarou Gil.
Atualmente, no Piauí já existem 30 pontos de cultura e serão implantados mais 80 com um investimento de R$ 14,5 milhões que já estão garantidos. Na solenidade, o governador Wellington Dias afirmou que não medirá esforços para tornar essa proposta uma realidade. “Vamos colocar pontos de cultura em todos os municípios do Piauí. O piauiense precisa fazer a sua arte ser conhecida. O Ponto de Cultura é um instrumento para descobrirmos talentos”, ressaltou.
Cajuína é produzida há mais um século
A cajuína é uma bebida produzida nos estados do Piauí, Maranhão e Ceará. Feita a partir do suco do caju clarificado, suas origens remontam ao cauim, utilizado nos momentos rituais das celebrações indígenas. Atualmente, mesmo com o crescimento industrial na área da cajucultura, a cajuína continua sendo produzida de maneira artesanal nos lares piauienses, através de uma técnica passada de geração a geração.
Existente no Piauí há mais de um século, a cajuína – cantada por grandes cantores piauienses e por músicos de expressão nacional – vem sendo cada vez mais consumida pela população e, a cada dia, mais produzida pelos pequenos produtores. Trata-se de uma bebida cujo modo de fazer envolve paixões. Cada produtor defende a sua cajuína como a mais saborosa e cada cajuína possui sua história, que sempre inclui mestres e aprendizes.
Arte Santeira, representação da cultura piauiense
A arte santeira é um artefato cultural representativo da cultura piauiense. A importância desse ofício e modos de fazer é evidenciada pela produção de artefatos de madeira esculpidos ou talhados por um significativo número de artesãos provenientes de grupos populares do estado. A criatividade que envolve o trabalho desses artesãos se materializa em formas com temáticas religiosas, permitindo se criar o ofício de santeiro, denominação dada pelos próprios detentores desse “saber-fazer”
O registro da Arte Santeira do Piauí é um instrumento possível de garantir a salvaguarda do ofício e modos de fazer desses mestres, são eles os legítimos detentores do “saber-fazer”, sendo necessário lhes garantir as condições satisfatórias para continuidade do ofício, para a sua salvaguarda. Nesse sentido, o registro se justifica pela necessidade de garantir a continuidade desse “saber-fazer”, vez que o mestre santeiro transmite às novas gerações os segredos das técnicas do ofício e dos modos de fazer.