Iphan propõe projeto de arqueologia colaborativa na Usina Paranatinga II

publicado em 09 de maio de 2008, às 14h12

 

Está sendo desenvolvido um Programa de Patrimônio Cultural e Arqueologia Colaborativa envolvendo as etnias indígenas Kalapalo e Waurá do Parque Indígena do Xingu, com objetivo de obter o tombamento pelo Iphan dos lugares sagrados que ficaram fora da área do Parque quando este foi delimitado e criado, na década de 1960.  O Programa é coordenado pela arqueóloga Dra. Erika Robrahn-González, do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade de Campinas - Unicamp.

Estes lugares sagrados estão ligados ao mito do Kuarup, que conta a origem dos grupos indígenas alto xinguanos. O Programa visa, também, a sustentabilidade destes locais sagrados, no que se refere à sua preservação e à garantia de acesso das comunidades indígenas até eles, através da criação de Corredores Culturais ao longo dos rios Culuene e Batovi, nas margens dos quais se encontram os lugares sagrados.

O Programa teve início em 2005, por conta da implantação da Usina Paranatinga II no curso do rio Culuene, onde a mitologia sagrada dos povos alto-xinguanos indicava a presença de um destes lugares sagrados, denominado Sagihengu.

O Programa engloba também um segundo local sagrado dos povos alto xinguanos que se encontra fora dos limites do Parque Indígena do Xingú, denominado Kamukuwaká, que se localiza no rio Batovi.
Pela primeira vez depois de várias décadas, representantes indígenas estão retornando aos locais sagrados e identificando todos os pontos de suas paisagens xamânicas.

Estão sendo desenvolvidas pesquisas multidisciplinares, envolvendo profissionais em Arqueologia, Geografia, Ecologia, Etnohistória, História, Antropologia e Patrimônio Cultural. As pesquisas são realizadas em conjunto com as comunidades indígenas, dentro de um desenho colaborativo e simétrico de pesquisa que considera as diferentes formas de percepção de patrimônio e o conjunto de dados sobre o assunto - pesquisa científica e conhecimentos indígenas tradicionais.

O processo de tombamento foi aberto, incluindo manifestações e abaixo assinados das comunidades indígenas, ligadas aos locais sagrados do Sagihengu (localizado no rio Culuene) e do Kamukuwaká (localizado no rio Batovi).  Estes lugares foram identificados pela pesquisa e, neste momento, estão sendo realizados detalhamentos dos aspectos necessários para instrumentar o processo.

Lideranças indígenas Kalapalo e Waura, bem como representantes do Ipeax - Instituto de Pesquisas Etnográficas e Ambientais do Xingu estarão se reunindo hoje, na Superintendência do Iphan, em Goiânia, onde tramita o processo de tombamento, para reiterar a importância destes locais. A reunião conta, entre outros, com a participação da Superintendente, Sra. Salma Saddi Waress de Paiva, e do Gerente Nacional de Arqueologia do Iphan, Sr. Rogério Dias.

Mais Informações:
14ª Superintendência Regional do Iphan
Telefones: (62) 3224-6402 | 3224-1310
E-mail: 14sr@iphan.gov.br

 

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