Bairro Bom Retiro (SP) pode se tornar Patrimônio Cultural

publicado em 28 de agosto de 2008, às 16h30

 

A Superintendência Regional do Iphan em São Paulo realizou nos dias 26 e 27 de agosto reuniões públicas com os moradores do bairro Bom Retiro, na capital paulista, com o objetivo de avaliar os pontos do inventário cultural do local, que resultará na proposta de registro da área como Patrimônio Cultural Imaterial do País.

Exemplo do que o Iphan chama de "multiculturalismo em situação urbana",
o bairro é considerado uma modelo de miscigenação e variedade étnica. As pesquisas de referência culturais realizadas apontam "equipamentos, cerimônias, lugares e formas de ver e pensar o mundo", e descrevem atividades e costumes dos moradores do Bom Retiro.

Cerca de 230 itens foram levantados pelos técnicos desde 2004 - incluindo a feira boliviana da Kantuta, as procissões de Páscoa da Igreja Ortodoxa Grega e a Lembrança do Genocídio Armênio, todas realizadas nas ruas.

Segundo a técnica do Iphan responsável pelo projeto, Simone Toji, o Bom Retiro, com a variedade que tem, é a síntese de São Paulo. “Para homenagear os imigrantes que lá se estabeleceram e dar visibilidade ao que há nele, decidimos iniciar os trabalhos para que o local seja declarado patrimônio imaterial", explica.

Uma vez conferido o título de Patrimônio Imaterial, o bem passa a ganhar mais visibilidade e a receber mais atenção das autoridades. Ainda de acordo com a pesquisadora, a conservação física do local pode ser beneficiada e o turismo impulsionado. O pedido de registro deve contemplar as ruas do bairro como patrimônio imaterial.

O projeto foi bem recebido entre os representantes das várias nacionalidades residentes no Bom Retiro. A presença dos imigrantes no local teve início com a instalação, em 1867, da Estrada de Ferro da São Paulo Railway (hoje Santos-Jundiaí). Após sua inauguração, depósitos e indústrias se instalaram na região, assim como a primeira Hospedaria dos Imigrantes.

Atraídos pela possibilidade de emprego, os imigrantes vieram para o bairro. No início do século 20, a colônia central era de italianos. Vindos principalmente da Rússia, Lituânia e Polônia, os judeus chegaram ao bairro a partir de 1920 e os sul-coreanos, na década de 1960.

Hoje, o Bom Retiro é um bairro essencialmente comercial e tem cerca de 26 mil moradores. Segundo a Câmara dos Dirigentes Lojistas do bairro, existem 1.500 estabelecimentos na região, sendo 70% deles pertencentes a coreanos e 30% divididos entre italianos, gregos, armênios.

Fonte: Ascom

Compartilhar
Facebook Twitter Email Linkedin