Conselho Consultivo aprova o tombamento de Porto Nacional (TO) e o registro da Renda Irlandesa (SE)

publicado em 27 de novembro de 2008, às 13h20

 

O Conselho Consultivo do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Iphan se reuniu no Rio de Janeiro, no dia 27 de novembro, para aprovar o tombamento do Centro Histórico de Porto Nacional (TO) e o registro do modo de fazer a Renda Irlandesa produzida pelas rendeiras de Divina Pastora (SE). Estes bens têm agora o título de Patrimônio Cultural do Brasil.

A proposta de tombamento de Porto Nacional se insere nas estratégias atuais de preservação do Iphan que procuram evidenciar contextos históricos associados a porções do território, de modo a favorecer a compreensão dos fenômenos responsáveis pela ocupação e urbanização do Brasil.

A área tombada (que inclui o seu entorno) abrange parte da zona central da cidade e compreende o sítio natural, a malha urbana e as arquiteturas nela implantadas desde a fundação do município até a década de 1960.

No trecho estão localizados, além das edificações vernaculares, os edifícios mais singulares do Centro Histórico, como a Catedral, o Seminário, a Cúria e a Casa de Câmara e Cadeia. O local ainda apresenta remanescentes da maior parte do acervo arquitetônico representativo do período do Ciclo do Ouro (metade do século 18) até meados do século 20. O Centro Histórico de Porto Nacional foi inscrito no Livro do Tombo Histórico.

Já o modo de fazer Renda Irlandesa produzida em Divina Pastora (SE) foi incluído no Livro de Registro dos Saberes. O município surge como principal território da renda irlandesa porque no local se encontraram os elementos que culminaram com a apropriação do ofício (vinculado originalmente à aristocracia) por mulheres humildes que reinventaram a técnica, o uso e o sentido deste saber-fazer.

Nesse contexto, o ofício é relacionado ao universo feminino e caracterizado como de longa continuidade histórica. Especialmente na metade do século 20, a confecção da renda surgia como uma alternativa de trabalho, e hoje essa tarefa ocupa mais de uma centena de artesãs, além de ser uma referência cultural. A partir de tal apropriação, a renda tornou-se responsável pela ascensão social de muitas que abandonaram o trabalho nas roças para custearam os estudos a partir de sua produção e venda.

A Associação para o Desenvolvimento da Renda de Divina Pastora (Asderen) foi fundada em 2000 com o apoio do Programa Artesanato Solidário. Por meio da pesquisa realizada para o processo de registro, foi iniciada uma ação de salvaguarda. Os pesquisadores, com a colaboração da associação, catalogaram 122 rendeiras entre associadas e não-associadas em Divina Pastora e em outras sete localidades. Essas mulheres foram identificadas e apresentaram informações sobre as potencialidades e fragilidades do modo de fazer Renda Irlandesa.

Porto Nacional
Merece destaque o fato de Tocantins ser um estado novo, formado a partir da divisão do estado de Goiás em 1988. Sua cultura e suas tradições eram, até aquele momento, descritas como “goianas”, mas a partir da separação criou-se uma questão de reafirmação de identidade para os agora tocantinenses, então destituídos de parte de suas referências culturais.

Apesar de tratar-se de uma divisão político-administrativa, o impacto causado sobre a cultura do novo estado é grande, e semelhante ao que aconteceu no Mato-Grosso do Sul, a população viu-se de um momento para o outro privada de grande parte de seus referenciais históricos (Goiás e Pirenópolis, assim como Cavalcante, se localizam hoje no estado de Goiás). Desta forma, o reconhecimento de Porto Nacional vai valorizar a identidade do povo tocantinense a partir do patrimônio pertencente ao estado do Tocantins, de forma que as antigas ligações, tanto com a região de Minas quanto com o norte do Brasil sejam também ressaltadas.

Renda Irlandesa
A renda irlandesa produzida pelas mulheres de Divina Pastora, bem como em outros municípios de Sergipe, é classificada pelos especialistas como do tipo “renda de agulha”, que apresenta como suporte uma fita presa ou disposta ao debuxo, ou risco - desenho realizado sobre papel manteiga e fixado em um papel grosso. O debuxo é o desenho da renda, feito sempre de maneira sinuosa. Após a fixação da fita ao debuxo, diferentes pontos são traçados preenchendo os espaços vazios entre a fita, compondo o tecido da renda.

Os pontos com os quais se faz a renda sofreram re-leituras pelas rendeiras e são, muitas vezes, re-apropriados de outras rendas. No processo de registro estão listadas duas dezenas de pontos apresentados em mostruário, os quais são nomeados com base na analogia com formas semelhantes a animais e vegetais que integram o universo das rendeiras, como por exemplo, pé-de-galinha, espinha-de-peixe, aranha, casinha-de-abelha e abacaxi.

Serviço:
Tombamento do Centro Histórico de Porto Nacional e Registro do Modo de Fazer Renda Irlandesa
Data:
27 de novembro
Horário: às 14h
Local: Sala dos Archeiros - Paço Imperial - Praça 15 de novembro0 48- Rio de Janeiro(RJ)

Mais informações:
Assessoria de Comunicação Iphan
Fones: (61) 3326 8014 / 3326-6864/ 9972 0050
ascom@iphan.gov.br
carine.almeida@iphan.gov.br
www.iphan.gov.br

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