CNFCP anuncia os documentários vencedores do Prêmio Manuel Diégues Júnior 2008

publicado em 19 de novembro de 2008, às 14h09

 

Criado em 1997, no âmbito da Mostra Internacional do Filme Etnográfico, com o objetivo de incentivar a produção vídeo-filmográfica recente acerca do campo do folclore e da cultura popular brasileiros, o Prêmio Manuel Diégues Júnior, do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular / Iphan / Ministério da Cultura, tem sido destaque nas últimas versões da Mostra. Neste ano, dentre as produções nacionais que participaram da Mostra, 51 foram pré-selecionadas para concorrer ao prêmio por enfocar o universo das culturas populares. 

Os vencedores de 2008 foram anunciados no dia 19 de novembro, no encerramento da 13ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico, realizado no Arte Sesc Flamengo. A comissão julgadora escolheu os seguintes documentários:
Importância do tema para a área

OS CAMINHOS INVISÍVEIS DO NEGRO EM PORTO ALEGRE: A TRADIÇÃO DO BARÁ DO MERCADO, de Ana Luiza Carvalho da Rocha.
O documentário traz relatos de sete religiosos sobre o fundamento afro-religioso chamado “O Bará do Mercado Público”. O filme torna mais conhecida uma antiga tradição, cuja manifestação concreta são os rituais e as práticas realizados pelos religiosos no interior e arredores do Mercado Público. O documentário busca a construção de uma narrativa que permite ao espectador um passeio através do tempo e das transformações da cidade de Porto Alegre. Conforme a tradição, no centro do Mercado, no meio da encruzilhada que o funda, está assentado o orixá Bará, entidade responsável pela abertura dos caminhos e pela fartura.
Desenvolvimento da pesquisa/roteiro

COCO QUE RODA, de Osman Assis.
Coco que Roda é um documentário que registra uma das manifestações mais ricas e antigas da cultura popular brasileira: o Coco, seu canto e dança. O filme enfoca o Coco entre Pernambuco e Paraíba, sugerindo o movimento da roda, da continuidade. O universo do Coco é retratado na voz e na musicalidade daqueles que foram influenciados pelo estilo. Velhas e novas gerações, artistas anônimos e consagrados, como Bezerra da Silva, Zé Neguinho do Coco, Jacinto Silva, Silvério Pessoa, Dona Selma do Coco, entre outros, dão teor ao filme.
Concepção e realização

PRÎARA JÕ – DEPOIS DO OVO, A GUERRA, de Komoi Panará
As crianças Panará apresentam seu universo, em dia de brincadeira na aldeia. O tempo da guerra acabou, mas ainda continua vivo no imaginário das crianças. 

O Júri concedeu, ainda, menção honrosa para os documentários:
AS IRACEMAS, de Alexandre Pires Cavalcanti, pela negociação ética e estética com o outro construída ao longo do filme.
Entre montanhas, o cotidiano de quatro mulheres. Entre palavras, a história de três gerações. Em meio à simplicidade, uma vida inteira. "Entretanto farei sempre uma observação, em primeiro lugar, a tradição oral é uma fonte importante da história, e às vezes a mais pura e verdadeira”.(José de Alencar)

JONGO, CALANGOS E FOLIAS – MÚSICA NEGRA, MEMÓRIA E POESIA, de Hebe Mattos e Martha Abreu, pelo uso da oralidade como instrumento de afirmação entre diferentes praticas culturais.
Documentário historiográfico desenvolvido a partir do projeto de pesquisa Memória e Música Negra em Comunidades Negras Rurais do Rio de Janeiro, que deu origem ao acervo audiovisual UFF Petrobrás Cultural Memória e Música Negra. O filme conta a história de jongos, calangos e folias de reis, patrimônio cultural afro-brasileiro, juntamente com a história social dos grupos que dão suporte a essas manifestações culturais. Destaca a importância da poesia negra e o seu papel na legitimação política das comunidades remanescentes de quilombo do Estado do Rio de Janeiro.

TARABATARA, de Julia Zakia, pela delicadeza do olhar cinematográfico que revela aspectos particulares de um grupo.
"Por que é que eu nunca morei definitivamente num setor só? Porque eu me sinto mal. Sinto-me mal com o ar de um lugar só". Tarabatara retrata o cotidiano e os encantos de uma família cigana do sertão de Alagoas. O documentário apreende momentos de um período de pausa no nomadismo desses ciganos. Na figura do mais velho e de suas memórias, nas mulheres e crianças do grupo, com suas falas e gestos, com seus olhares e afazeres.

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