Iphan recupera construções históricas goianas

publicada em 02 de junho de 2009, às 15h57

 

Desde sexta-feira (29), os moradores de Corumbaíba podem ver um de seus patrimônios históricos e culturais restaurado, pronto para ser utilizado. A antiga Cadeia Pública da cidade, antes em acentuado estado de deterioração, passou por uma restauração radical e foi inaugurada nesta sexta-feira, pela manhã.

Financiada com recursos federais, a restauração realizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) integra uma série de obras em andamento que estão sendo realizados em prol da recuperação do patrimônio histórico no Estado.

Entre obras recentes, está o recém-restaurado Convento do Rosário na cidade de Goiás. Além disso, ainda são realizadas restaurações em prédios históricos em Pirenópolis, Pires do Rio e na própria cidade de Goiás, com perspectivas de término nos próximos meses. Elas somam cerca de R$ 1,6 milhão (sem contar recursos ainda não confirmados).

“São todas obras realizadas com recursos federais, por meio do Iphan, várias delas com parcerias com o governo do Estado e com as prefeituras”, explica a superintendente regional do Iphan, Salma Saddi. Segundo ela as obras representam um salto no investimento em recuperação patrimonial no Estado.

"Saímos de um total de R$ 683 mil executados em 2001 para R$ 5,47 milhõesem 2008. É o exemplo da valorização desse tipo de trabalho no Centro-Oeste”, comemora. Só na restauração da cadeia de Corumbaíba foram aplicados quase R$ 290 mil. O objetivo foi restaurar o prédio que vai abrigar a Biblioteca Pública Municipal, além de um programa de inserção digital para a comunidade.

Edificada na primeira metade do século 20, por volta de 1923, a antiga cadeia não sofreu nenhuma modificação em sua estrutura, mas ganhou visual novo.

Como estava muito deteriorado, o local foi estudado minuciosamente. Para não comprometer a identidade do prédio, a equipe responsável fez um levantamento histórico sobre o seu antigo uso. As características originas foram preservadas, mas também houve a inclusão de estruturas para facilitar o acesso de pessoas com deficiência de locomoção, além de nova área de serviços e sanitários.

Na pesquisa dos restauradores, algumas curiosidades ficaram evidenciadas, como o fato de a cadeia ter funcionando com duas celas, uma solitária e outra para mulheres ou pessoas com doenças contagiosas. No pavimento superior havia paredes em ruínas, que indicavam a existência de duas salas, provavelmente usadas para audiências. Estima-se também que o salão principal, também no pavimento superior, foi palco de bailes. Essas características foram se perdendo, após uma reforma realizada na década de 1960. Nessa época, a cidade ainda mantinha seus presos no lugar.

Resgate
Nas restaurações, há evidente preocupação em resgatar características perdidas. Depois de finalizada, a restauração na antiga cadeia de Corumbaíba, por exemplo, substituiu telhas francesas por coloniais, mais adequadas aoestilo do prédio. No pavimento superior, o tabuado foi reconstituído e paredes que estavam em ruínas, removidas. Os tijolos foram reaproveitados para reconstituir outras paredes danificadas. O térreo ainda foi revestido com cerâmica rústica e a pintura feita a cal, tipicamente como na construção original.

Em um trabalho semelhante, a cidade de Goiás viu o edifício do Convento da Ordem Dominicana, conhecido como Convento do Rosário, ser totalmente restaurado. O complexo que abriga religiosos e fica à direita da Igreja do Rosário foi construído em meados do século 19, com o acréscimo de mais um bloco em 1950.

A necessidade de restauração do local foi verificada pelo Iphan quando a Igreja do Rosário também estava sendo restaurada, em 2005. Os maiores problemas apresentados estavam na estrutura. Com pouco mais de R$ 310 mil, os técnicos do instituto trataram de combater problemas como a ação de cupins e infiltrações.

Além disso, afrescos de Frei Nazareno Confaloni, que residiu no local em meados do século 20, e outras esculturas guardadas no convento, foram recuperados.

A cidade de Goiás também terá em breve a restauração da Igreja Nossa Senhora do Carmo finalizada. O orçamento de quase R$ 420 mil vai revitalizar a construção do século 18, que reflete a técnica singela da arquitetura colonial e altares de influência rococó tardia.

OBRAS RECENTES
CIDADE DE GOIÁS
Igreja de Nossa Senhora do Carmo
Objetivo: restauração do prédio
Situação: deve ser entregue até o final do ano
Valor: R$ 420 mil (somente a 2ª etapa)

Sede da Fundação Educacional – Frei Simão Dorvi
Objetivo: restaurar e readequar o espaço para acervo, pesquisadores e visitantes
Situação: pronta, será entregue em julho
Valor: R$ 65 mil

Convento do Rosário
Objetivo: reforma na estrutura física e restauração em afresco de Frei Confaloni e outras obras
Situação: pronto e entregue no início do mês Valor: R$ 313 mil reais

CORUMBAÍBA
Casa de Câmara e Cadeia
Objetivo: restauração do prédio para uso como Biblioteca Pública 

Municipal e abrigo para programa de inserção digital
Situação: pronta, foi entregue ontem
Valor: R$ 320 mil

PIRENÓPOLIS
Igreja do Carmo
Objetivo: restauração do imóvel para abrigar o Museu de Arte Sacra do Carmo
Valor: R$ 100 mil

Museu das Artes do Divino
Objetivo: estruturar e revalorizar o museu
Situação: pronto, deve ser entregue em breve
Valor: R$ 104 mil

PIRES DO RIO
Manutenção de bens de valor artístico, histórico e cultural da Extinta Rede Ferroviária FederalObjetivo: restaurar feições arquitetônicas da antiga plataforma ferroviária, adequá-la para o uso cultural e revitalizar áreas do entorno
Situação: deve ficar pronta em dois meses
Valor: R$ 350 mil

Museu Ferroviário
Objetivo: reforma na alvenaria do prédio que abriga do museu
Situação: recursos estão sendo pleiteados
Valor: R$ 130 mil

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