Iphan no Maranhão lança livro sobre salvaguarda das caixeiras do Espírito Santo

publicada em 17 de setembro de 2009, às 15h40

 

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Maranhão (Iphan-MA) lança, no próximo dia 25 de setembro, o livro/CD Caixeiras do Divino de Alcântara. O trabalho é o resultado de dois anos de pesquisa e pretende difundir o repertório de toques e ladainhas das caixeiras do Divino Espírito Santo do município de Alcântara (MA). As pesquisadoras Marise Barbosa (Malá), Marlene Silva e Ana Benedita Ferreira (Anica) reuniram no livro textos, fotos de época e a transcrição de letras das toadas. Os CDs trazem as gravações das músicas e depoimentos das caixeiras.

Toda a pesquisa teve como objetivo principal a salvaguarda de uma referência cultural expressiva da identidade cultural e da sensibilidade artística alcantarense. As caixeiras estão atualmente em situação crítica em função de limitações de saúde e idade avançada, o que reforçou a necessidade de implementar uma ação que assegure a continuidade desse legado, garantindo sua preservação, transmissão e divulgação.

A Festa do Divino Espírito Santo e as caixeiras
No Maranhão, o culto ao Divino Espírito Santo teve início com os açorianos e portugueses, no início do século XVII. A partir de meados do século XIX, a tradição da festa do Divino se enraizou entre a população da cidade de Alcântara, de onde se espalhou para todo o estado, tornando-se popular entre as diversas camadas da sociedade, especialmente as mais pobres.

Hoje, a devoção ao Divino é uma das mais importantes práticas religiosas do Maranhão, sendo uma das festas mais tradicionais, conservando ainda aspectos do período colonial e mobilizando centenas de pessoas. Ela acontece 50 dias depois da Páscoa, no domingo de Pentecostes. Embora envolva todos os extratos sociais, a maioria dos participantes é de pessoas humildes, de baixo poder aquisitivo, que se esforçam para produzir uma festa rica e luxuosa, onde não pode faltar refeição farta, decoração requintada e vestimentas caras. Toda a festa gira em torno de um grupo de crianças, chamado império ou reinado. Elas são vestidas com trajes de nobres e tratadas como reis. Entre os elementos mais importantes da festa do Divino estão as caixeiras, senhoras que cantam e tocam caixa (ou tambor) acompanhando todas as etapas da cerimônia. Em geral são mulheres negras, com mais de 50 anos, que moram em bairros periféricos da cidade. Além de terem a obrigação de conhecer todos os detalhes do ritual, elas devem ter o dom do improviso para resolver situações que possam acontecer fora da programação do ritual.

Serviço:
Lançamento do livro/CD Caixeiras do Divino de Alcântara
Data:
25 de setembro de 2009
Horário: 19h
Local: Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filha, Rua do Giz, 221 – Centro - São Luís – MA

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