Ceramistas maranhenses expõem no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
publicada em 16 de outubro de 2009, às 14h50
Em cartaz até o próximo dia 1o. de novembro, a exposição Porto das Anas e das louças, na Sala do Artista Popular, do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, no Rio de Janeiro, traz ao público cerâmicas utilitárias produzidas por quatro irmãs e uma sobrinha chamadas Ana, da família Louzeiro, de Porto Nascimento, comunidade rural do município de Mirinzal, no Maranhão. Hoje, na região, apenas elas continuam praticando o ofício de louceira como complemento à renda familiar, pois as encomendas e a produção tiveram uma queda brusca devida à entrada no mercado dos utensílios industrializados.
As cerâmicas produzidas por Ana Amélia, Analice, Ana da Graça, Ana Raimunda e Ana Domingas são bastante rústicas, mas não por isso simples. Totalmente artesanal e sintonizada com o meio ambiente da localidade, a prática se apoia em conhecimentos que apenas anos de observação e apuro, obtido ao longo de gerações, podem respaldar, requerendo complexa engrenagem que se executa num cronograma de trabalho que dura “de um verão pro outro”. O ofício é regido pelas condições climáticas da região, que possui um período chuvoso, o “inverno”, e um de estiagem, o “verão”.
O barro é extraído no “verão” e posto para “descansar” durante um ano. Após esse período, é “temperado” com a cinza da casca do itaquipé, um desengordurante natural utilizado para que o barro atinja a plasticidade necessária para a feitura das louças. Depois de “temperado”, o barro repousa por mais três ou quatro dias, sendo neste intervalo amaciado até que adquira a textura ideal para ser “tecido”. Na base do que virá a ser a louça são acrescidas as “tiras”, roletes de argila que caracterizam a técnica ceramista do “acordelado”.
Alguidares, potes, bilhas, panelas, moringas, tigelas, pratos e assadeiras são identificados com as iniciais de sua autora ou com o nome do cliente, postos para secar e preparados para a queima, realizada após alguns dias. Antes, porém, são submetidos ao “esquente”, para a retirada do restante de umidade. Após essa etapa, as louças são limpas com água salgada na parte interna para evitar manchas.
Em seguida, as louças são arrumadas cuidadosamente uma a uma de cabeça para baixo sobre arcos de ferro chamados tacurubas, de modo que não entortem, e totalmente cobertas com “caçambas” de coco. O fogo para a queima “no tempo” é ateado com as brasas que restaram do “esquente”, e só podem ser realizados no “verão”, quando a terra está seca, evitando-se o risco de as louças ficarem “roxas”, como se referem as Anas às peças que não atingem uma cor viva. Durante a queima, os objetos são impermeabilizados com a resina do jutaizeiro, espécie de jatobá. A queima e a impermeabilização levam cerca de duas a três horas, dependendo da quantidade de peças.
Serviço:
Sala do Artista Popular “Porto das Anas e das louças”
Data: até 01 de novembro de 2009
Exposição e vendas
De terça a sexta-feira, das 11 às 18h; sábados, domingos e feriados, das 15 às 18h
Local: Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular(CNFCP) - Rua do Catete, 179 (metrô Catete) Rio de Janeiro – RJ 22.220-000
Informações:
Setor de Difusão Cultural
(21) 2285-0441, ramais 204, 205 e 206
difusao.folclore@iphan.gov.br
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Parceria
Superintendência do Iphan no Maranhão
Sebrae Maranhão
Realização
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular / Departamento de Patrimônio Imaterial / Iphan / Ministério da Cultura