Homenagem à Nancy Alessio Magalhães

publicada em 01 de julho de 2014, às 15h10

 

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) lamenta o falecimento e registra condolências à família de Nancy Alessio Magalhães. Nancy atuou na Fundação Nacional Pró-Memória na década de 80, atual Iphan, trabalhou em projetos junto a grupos indígenas, seringueiros e comunidades rurais da Amazônia nos estados de Roraima e Mato Grosso, entre outras atividades.

Em sua trajetória profissional contribuiu para a renovação do pensamento no campo da preservação do Patrimônio Cultural. Nas últimas décadas, já como professora universitária na Universidade de Brasília e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Cultura, Oralidade, Imagem e Memória-NECOIM do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares-CEAM-UnB, realizou projetos de pesquisa e extensão nos quais articulava os campos teóricos da história, memória, patrimônio e identidade.

Com reflexões sempre atuais e sensíveis às questões patrimoniais, formou quadros de historiadores e pesquisadores, alguns hoje atuantes no próprio Iphan. Neste processo, junto com a equipe do NECOIM-CEAM-UnB, produziu amplo conhecimento e instituiu rico acervo sobre a história de Brasília e do Distrito Federal. Sempre partindo da perspectiva daqueles que aqui se encontravam e dos operários-migrantes que se instalaram quando do início da construção da cidade, entre outros grupos identitários que vivenciaram e vivenciam processos histórico-culturais na região.

Recentemente, com apoio do Iphan, por meio do Edital do PNPI, desenvolveu o projeto “Memórias de quilombolas Kalunga em romaria no Vão de Almas-Cavalcante-Goiás". O trabalho resultou na formação de pesquisadores kalunga e na produção de um livro e um documentário sobre a romaria-festa de Nossa Senhora D’Abadia no Vão de Almas, localidade do município de Cavalcante em Goiás.

Nancy é considerada pelos amigos, uma mulher que transformou o mundo à sua volta, mestra na arte de ensinar e luz a iluminar a trajetória de muitos profissionais do patrimônio. O legado continuará por meio de suas obras, dotadas de um pensamento filosófico profundo e que, entre outras, deixa a mensagem de que o patrimônio vivenciado pela experiência humana demanda a busca e a compreensão dos excessos de significados da história em suas múltiplas temporalidades. Um legado em aberto, sujeito a permanentes reinterpretações e reapropriações. Em suas próprias palavras (2010):

“Não chegamos a apreender todo nosso ser quando lembramos, algo sempre nos escapa. Para pensarmos a nós mesmos, devemos pensar, simultaneamente, o que está além de nós, que nos escapa, o que não podemos conter nem compreender.”

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