Conselho Consultivo do Iphan aprova todos os pedidos de tombamento e registro

publicada em 03 de dezembro de 2009, às 15h49

 

Última reunião do ano marca tombamento de dois centros históricos, um complexo ferroviário e o mais novo patrimônio imaterial do Brasil

São João del-Rei – MG, 3 de dezembro de 2009. A última reunião do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ocorrida hoje, na cidade mineira de São João del-Rei, acabou em festa. É que toda a população aguardava ansiosamente a decisão sobre o último item da pauta, que era o pedido de registro como patrimônio nacional do Toque dos Sinos em Minas, uma tradição que é muito forte na cidade. 

Aprovação concedida, os sinos das igrejas começaram a tocar sua música. A partir de agora, o Toque dos Sinos em Minas Gerais, tendo como referência São João del-Rei e as cidades de Ouro Preto, Mariana, Catas Altas, Congonhas, Diamantina, Sabará, Serro e Tiradentes é o mais novo patrimônio imaterial brasileiro. Ele passa a integrar uma seleta e recente lista que vem protegendo as tradições e manifestações culturais do país.

A festa, porém, não ficou restrita a São João del-Rei. Outras três cidades também comemoram seus novos títulos, conferidos na mesma reunião do Conselho Consultivo. A primeira a festejar foi Paranaguá, primeira cidade do estado paranaense e segunda a ter seu centro histórico tombado. Logo em seguida foi a vez de Iguape, cidade do litoral paulista que já pleiteia o título desde a década de 1960. A terceira proposta analisada e aprovada foi a do tombamento do complexo ferroviário da Estada de Ferro Noroeste do Brasil – EFNOB, em Campo Grande – MS. A partir de agora, os três estão protegidos para preservar sua história e passam a obedecer as normas do Iphan, que não permite a descaracterização das áreas tombadas.

Centro histórico de Iguape
O núcleo urbano de Iguape, no Vale do Ribeira, está entre os mais bem preservados e caracterizados centros históricos de São Paulo, com arquitetura e urbanismo capazes de contar sua trajetória. A proposta de tombamento defendeu que a complexidade e a singularidade do patrimônio do Vale do Ribeira resultam da sua história, de seu povoamento, das estratégias e contingências econômicas, do território e das sociabilidades, que são sua paisagem cultural. A área tombada compreende o centro histórico, o antigo sistema portuário fluvial e marítimo, incluindo o Canal do Valo Grande e o Morro da Espia.

Centro histórico de Paranaguá
Para reconhecer a importância da primeira cidade do estado do Paraná, o Iphan tombou uma área que engloba todo o núcleo mais antigo da cidade, indo desde a Igreja de São Benedito, na rua Conselheiro Sinimbu até a rua Visconde de Nácar. O tombamento inclui importantes exemplares da arquitetura colonial brasileira, como a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, o Colégio dos Jesuítas, a Igreja da Ordem 3ª de São Francisco das Chagas, além da antiga Rua da Praia. É estabelecida ainda uma poligonal de entorno, como uma transição entre a área tombada e o restante da cidade, e onde estão situados outros exemplares arquitetônicos significativos para a história da cidade.

Complexo ferroviário da Estada de Ferro Noroeste do Brasil em Campo Grande
O conjunto da EFNOB possui 22,3 hectares e 135 edifícios em alvenaria e madeira, erguidos em datas diferentes a partir da ampliação das atividades da ferrovia e ainda mantém parte dos trilhos que não foram retirados da área urbana de Campo Grande. O Complexo Ferroviário da EFNOB em Campo Grande é um documento vivo sobre o comportamento da sociedade local, retratando a estratificação das classes sociais e suas relações de trabalho. A poligonal de tombamento vai dos viadutos nas ruas Maracaju e Antônio Maria Coelho até o limite da área do complexo ferroviário junto à rua Eça de Queiroz, abarcando as residências dos da EFNOB, junto à rua 14 de Julho, seguindo até o córrego do Segredo que, durante anos, exerceu o papel de barreira natural à expansão da cidade na direção oeste.

O toque dos sinos das Minas Gerais
A importância de se registrar o Toque dos Sinos em Minas Gerais está não só na beleza e na tradição dessa manifestação cultural, mas também na avaliação feita pelo Iphan de que essa tradição pode se perder. Os sinos vêm sendo substituídos por instrumentos eletrônicos devido às dificuldades para a manutenção. Segundo a CNBB, o custo é elevado e exige a disponibilidade de uma ou mais pessoas para tocar os sinos sempre que necessário. 

Outro aspecto que chama a atenção para a necessidade de proteção desse bem cultural é o registro de grande número de sinos rachados, sem badalo ou sem local apropriado para serem instalados. Entretanto, apesar de toda a dificuldade, o Iphan afirma que o toque dos sinos ainda está presente e sua relação com a população das cidades inventariadas reforça a necessidade de reconhecimento desse bem como patrimônio. 

Ainda hoje, nas cidades inventariadas, os toques são religiosos e têm finalidade social e, até mesmo, de defesa civil. Com sinais bem característicos, os nomes dos toques dos sinos, principalmente os repiques, foram criados pelos sineiros ainda no tempo colonial e preservados na tradição oral. Alguns dos toques mais conhecidos são: Ângelus, A Senhora é Morta, Toque de Cinzas, Toque de Finados, Toque de Passos, Toques de Te Deuns, Toques Festivos, Toque de Parto, Toque de Missas, Toque de Natal, Toque de Ano Novo.

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
O Conselho que avalia os processos de tombamento e registro, presidido por Luiz Fernando de Almeida, presidente do Iphan, é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros, que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios – Icomos, a Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus – Ibram, a Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.

Mais informações:
Assessoria de Comunicação Iphan 
Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br
(61) 2024.5449
www.iphan.gov.br

Compartilhar
Facebook Twitter Email Linkedin