Pintura feita por José Joaquim da Rocha é restaurada pelo Iphan

publicada em 06 de julho de 2015, às 18h24

 

Ascom Iphan-BAUma verdadeira maratona está sendo executada para o resgate histórico da pintura do forro da nave da Igreja da Venerável Ordem Terceira de São Domingos Gusmão, atribuída a José Joaquim da Rocha, maior pintor do barroco brasileiro. O conjunto de edificações e a igreja, pertencentes à Venerável Ordem Terceira de São Domingo Gusmão, localizados no Centro Histórico de Salvador, são os primeiros monumentos baianos a receber investimento do PAC Cidades Históricas, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional  (Iphan), que contratou serviços técnicos especializados de arquitetura e engenharia, no valor de R$ 7,5 milhões.  

A igreja foi construída em 1731 em alvenaria de pedra e tijolo, com fachada rococó e uma torre terminada em bulbo, ficando a outra inconclusa. Já a pintura no forro da nave com 173 metros quadrados, de concepção ilusionista barroca, teria sido executada por volta de 1781, segundo Carlos Ott, autor da publicação intitulada Escola Baiana de Pintura.

As obras de restauração começaram o ano passado e, ao acessar o forro da nave, constataram-se logo os danos no madeiramento e na pintura. O que seria apenas uma remoção de verniz e limpeza, tornou-se um trabalho inédito realizado em Salvador. 

Pintura descaracterizada
Ascom Iphan-BAA representatividade historiográfica que envolvia a pintura encontrada na nave, levou Júlio Maia, coordenador dos trabalhos, reaturador e artista plástico, especialista em restauração de bens móveis e em gestão e prática de obras de conservação e restauro do patrimônio cultural, a solicitar uma avaliação da mestre e doutoranda pela UNICAMP, Mônica Farias, que desde 2006 estuda a pintura de Falsas Arquiteturas em Salvador, especificamente o legado deixado por José Joaquim da Rocha. 

O forro, segundo documentos do século XIX, passou por três intervenções. Bento Capinam foi o primeiro a intervir, o segundo já em 1877, foi Francisco José Rufino de Sales que não concluiu o trabalho sendo chamado para isso José Antônio da Cunha Couto. No século XX também foram feitas intervenções no forro da nave o que descaracterizou a pintura original. 

No processo de restauração muita coisa específica da paleta de José Joaquim da Rocha reapareceu, incluindo aí as cores e suas nuances, o efeito de luz e sombra, algumas especificidades figurativas, como vasos de flores, guirlandas, anjos, cartelas, pináculos, fragmentos corporais completos. Partes da malha arquitetônica que emoldura a cenografia central com falhas de traça, repintadas em cores opacas e densas escondendo a volumetria, sacadas descontinuadas, são outras agrúrias encontradas e que puderam, dentro das possibilidades, serem resgatadas.

Encontrada folha de ouro
Ascom Iphan-BAOutro fato inédito também foi consagrado nesse processo de restauração, que é a utilização do uso do ouro em uma pintura de tetos em Salvador. Até o presente momento essa ocorrência só era registrada em igrejas europeias, em específico as portuguesas. Encontrar a folha de ouro aplicada em uma pintura de forro aqui insere novas leituras e interpretações não somente para a técnica empregada pelo artista, mas pelo nível de financiamento e efeito cenográfico que a Irmandade empregava para a execução da obra alcançar o desejado, que ultrapassava a questão decorativa. Percebe-se a presença do uso do ouro em muitos lugares nesta pintura, uma técnica que coloca o José Joaquim da Rocha em situação de relevância, pois ele era, também, dourador.

Para Mônica, resgatar a obra na sua fiel intimidade e ir o mais próximo da produção primeva, é consolidar uma história que envolve não apenas um nome, mas a relevância desta para a conjuntura de uma época. 

Restauração de bens móveis e integrados
Além da obra original de José Joaquim da Rocha, foram descobertas ainda pinturas subjacentes nas paredes dos corredores laterais, nas paredes da nave, na parte alta próxima ao forro e nas paredes da capela-mor, no alto ao fundo das sanefas. Na sacristia foram reveladas pinturas escaioladas (imitação de mármore) nas tábuas da cimalha do forro com frisos em prata, em todas as cercaduras das portas e das janelas, nas molduras das telas. 

A intervenção proposta na Igreja da Venerável Ordem Terceira de São Domingos Gusmão contempla a execução de obras que promoverão o restauro dos bens imóveis, dos bens integrados e da imaginária da Arte Sacra, guardadas no interior da igreja e a requalificação dos espaços internos promovendo a acessibilidade universal a todos os seus ambientes internos. Serão também readequadas as instalações elétricas para atender as novas cargas exigidas. 

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