Iphan resgata cápsula do tempo em São Luiz do Paraitinga

publicada em 26 de março de 2010, às 15h17

 

Uma volta ao passado repleta de emoção e recordações. Essa foi a sensação que tomou conta das pessoas, na manhã da última quarta-feira, dia 24 de março, em São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. Depois da enchente que praticamente destruiu o centro histórico da cidade, aos poucos as lembranças vão sendo resgatadas dos escombros e da lama. Foi o que a comunidade viveu ao abrir uma pequena caixa de madeira, com 40 cm x 25 cm e 20 cm de altura, lacrada com cera, que trazia dentro dela as reminiscências de uma época que continuava intacta, guardadas dentro do que sobrou da parede do altar mor da Igreja Matriz, desde 1927.

A pequena cápsula do tempo foi encontrada na semana passada por um arquiteto da construtora Biapó, contratada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para os trabalhos de recuperação da cidade. Já orientado a tomar todos os cuidados com os materiais encontrados, o arquiteto comunicou, imediatamente o achado à superintendente do Iphan-SP, Anna Beatriz Galvão. Junto com a equipe técnica do Iphan, que está trabalhando em São Luiz desde janeiro, eles abriram a caixa e se depararam com recortes de jornais e outros papéis datados de 1927 e 1928. Anna Beatriz Galvão explica que os papéis antigos são muito delicados e exigem técnicas especiais para manuseio. Por isso, a caixa foi fechada novamente até a chegada da especialista em restauro de papéis, da Associação Brasileira de Encadernação e Restauro – Aber, Norma Cianflone Cassares.

Para a cerimônia de abertura da caixa de madeira, estavam presentes na Casa Oswaldo Cruz toda a equipe do Iphan, a prefeita Ana Lúcia Bilard Sicherle e um representante da diocese de Taubaté que trouxe a garantia do bispo Dom Carmo João Rhoden de que o achado ficará em São Luiz do Paraitinga. Quem abriu a caixa foi o filho do antigo morador da cidade, responsável pela montagem do acervo guardado na cápsula de madeira. Na caixa, foram encontrados recortes de jornais, um datado de 25 de dezembro de 1927, programas do cinema e do teatro da época e um caderno manuscrito com fotos e registros da história do município. Segundo a superintendente do Iphan, o material foi selecionado e guardado, provavelmente, na inauguração da segunda torre da igreja, que data da mesma época.  Outra revelação que emocionou o público foi da prefeita Ana Lúcia Bilard, lembrando que os tijolos da torre da Matriz foram feitos por seu pai.

A restauradora Norma Cianflone orientou sobre a guarda dos documentos. Segundo ela, o papel precisa ir se adaptando às condições de luz e temperatura para não se deteriorar. É necessária a aclimatação completa para que seja possível dar início ao restauro do material. Desta forma, os documentos foram reembalados e passarão pelo processo de acondicionamento e higienização. Depois disso, serão digitalizados e ficarão a disposição e reproduzidos em CD. 

Anna Beatriz Galvão explica que a comunidade de São Luiz do Paraitinga já está se adaptando ao trabalho que o Iphan vem realizando desde os primeiros dias após a enchente do fim do ano passado. ‘’No início as pessoas ficam desanimadas, acreditando que todo o seu passado foi literalmente por água a baixo. Com o passar do tempo, à medida que as imagens, os portais, enfim, toda a memória da cidade vai sendo resgatada, a confiança e a auto-estima da população vai voltando e cada um passa a se sentir parte integrante e essencial para a reconstrução da cidade’’, concluiu a superintendente do Iphan.

Mais informações:
Assessoria de Comunicação Iphan 
Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br
(61) 2024-5449 
http://www.iphan.gov.br

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