Patrimônio cultural brasileiro tem novos bens protegidos pelo Iphan

publicada em 16 de abril de 2010, às 14h39

 

Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural aprovou, por unanimidade, tombamento de vila operária no Amapá e registro de celebração religiosa em Goiás

Na primeira reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, foram aprovadas todas as propostas apresentadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A partir de agora, são bens protegidos com a chancela de patrimônio cultural do Brasil, a Vila Serra do Navio, no Amapá, e a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis, em Goiás. Os conselheiros também aprovaram a construção de um novo anexo ao prédio do Museu de Arte Moderna - MAM, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. 

O presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, comemorou o resultado da reunião. Ele comenta que a Vila Serra do Navio guarda parte importante da história do Brasil e que, agora, receberá mais atenção para preservação e recuperação dos imóveis que formam um verdadeiro monumento da arquitetura e do urbanismo em plena selva amazônica. Apesar das transformações sofridas pela falta de conservação, o Iphan acredita que a Vila Serra do Navio mantém as características originais que a distinguem na história da ocupação do norte do Brasil. Durante 10 anos o Iphan trabalhou na investigação histórica, com levantamentos fotográficos e arquitetônicos referentes à vila, sua implantação, suas instalações e edificações.

A Festa do Divino Espírito Santo em Pirenópolis é a primeira celebração religiosa do pais a ser inscrita no Livro das Celebrações como Patrimônio Cultural Brasileiro, depois do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará, registrada em 2005. A pesquisa realizada pelo Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan constatou que a Festa apresenta todos os pressupostos que permitem entendê-la como um fato social total visto que é um sistema de produção e circulação de bens e de dádivas baseados na reciprocidade, interferindo em todas as dimensões da vida local. A própria comunidade descreve a festa como patrimônio de valor inestimável e investe na manutenção da tradição. Com o registro no Livro das Celebrações, medidas de salvaguardas serão implantadas para evitar problemas pontuais, como a possibilidade do impacto negativo com a utilização da Festa apenas como atrativo turístico, e outros fatores que possam ameaçar a manifestação cultural. 

Já com relação ao novo espaço que poderá ser construído junto ao MAM, Luiz Fernando de Almeida destaque que a aprovação do Conselho Consultivo representa um resgate do projeto original que já previa que a área seria destinada à ocupação pública de caráter cultural. Ele afirma que, depois do incêndio de 1978, com o novo anexo e a doação do acervo de Marcantonio Vilaça, o MAM retoma seu lugar no cenário das artes plásticas brasileiro. 

A Vila Serra do Navio
Com pouco mais de 3,7 mil habitantes, a Vila Serra do Navio foi projetada pelo arquiteto brasileiro Oswaldo Bratke para abrigar os trabalhadores da Indústria e Comércio de Minério – Icomi. Concebida para ser uma cidade completa e auto-suficiente, foi a experiência precursora na região amazônica na implantação de uma Cidade de Companhia, voltada para a exploração mineral. Bratke escolheu pessoalmente o lugar de implantação. Estudou os tipos de habitação da região, os hábitos dos moradores, e todos os dados referentes ao meio ambiente. Visitou vilas de mineração construídas em outros países como Estados Unidos, Inglaterra, Venezuela, Chile, Colômbia e Caribe. A distribuição das moradias refletia o organograma da empresa, com dois setores bem demarcados. Em um deles ficavam as casas dos operários e o outro era destinado aos funcionários graduados. O Centro Cívico abrigava uma escola com parque infantil; um hospital com centro de saúde e unidade de enfermagem com 30 leitos; um clube social com cine-teatro; uma igreja ecumênica; e um clube esportivo com equipamentos e quadras que tinha como objetivo principal a confraternização. Tudo isso mantendo a estrutura social já existente na região, porém com melhores condições habitacionais. 

Os festejos em Pirenópolis
A Festa do Divino de Pirenópolis é realizada anualmente desde 1819, data do primeiro registro na lista local de imperadores. Desde então, ano após ano, essa listagem é atualizada e publicada na programação da festa. É considerada uma das mais expressivas celebrações do Espírito Santo no país, especialmente pelo grande número de seus rituais, personagens e componentes, como as cavalhadas de mouros e cristãos e os mascarados montados a cavalo. Enraizada no cotidiano dos moradores de Pirenópolis, a Festa do Divino determina os padrões de sociabilidade local, consolidando-se como elemento fundamental da identidade cultural da cidade. Os rituais têm início no domingo de Páscoa e seguem até o domingo seguinte ao feriado de Corpus Christi. O clímax da festa é no Domingo de Pentecostes ou do Divino.

O novo anexo do MAM
Projetado por Affonso Eduardo Reidy, o novo anexo ao lado do Museu de Arte Moderna ficará a 200 metros do prédio atual. O estudo inicial do arquiteto Glauco Campelo, apresentado pelo Iphan na reunião do Conselho Consultivo, prevê um prédio de dois andares, com estacionamento subterrâneo, destinado a abrigar parte da coleção que pertenceu a Marcantonio Vilaça, reconhecido artista plástico, marchand e incentivador da vanguarda da arte brasileira. O plano também prevê biblioteca, cafeteria, reserva técnica e terraço. 

Projeto - MAM

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
O Conselho que avalia os processos de tombamento e registro, presidido por Luiz Fernando de Almeida, presidente do Iphan, é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros de instituições como Ministério do Turismo, Instituto dos Arquitetos do Brasil, Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, Ministério da Educação, Sociedade Brasileira de Antropologia e Instituto Brasileiro de Museus – Ibram e da sociedade civil.

Na reunião desta quinta-feira, dia 15 de abril, os conselheiros prestaram homenagem póstuma a José Mindlin, advogado, empresário e bibliófilo brasileiro que morreu em 28 de fevereiro de 2010, aos 95 anos. Considerado um dos maiores defensores e colaboradores da cultura brasileira, Mindlin foi conselheiro do Iphan, nomeado em 1992 e reconduzido em 1996 ao cargo que ocupou até 2000. Cumpriu mais um mandato no Conselho Consultivo de 2006 a 2009.

Mais informações:
Assessoria de Comunicação Iphan 
Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br
(61) 2024-5449
www.iphan.gov.br

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