Iphan restaura Matriz do Pilar com material mais duradouro

publicada em 09 de abril de 2010, às 15h53

 

Depois de obras no telhado e instalação de para-raios, chegou a hora da pintura. Uma das mais principais igrejas de Ouro Preto, a Matriz de Nossa Senhora do Pilar, inaugurada em 1733, recebe tinta nova na fachada para concluir o processo de reforma – a última vez que um pincel chegou perto das paredes históricas foi em 1988. Quem passa no Centro Histórico da cidade, pode ver a equipe nos andaimes e a mudança no templo imponente, um dos mais ricos do país, em ouro, que, desta vez, ganha um produto mais adequado a uma construção secular. Na obra, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pelo tombamento há 71 anos, usa um tipo de tinta mais natural, à base de silicato, e com mais vantagens sobre outras, como a cal, por ser mais durável, resistente, impermeável e com melhor desempenho técnico.

Segundo o chefe do escritório do Iphan em Ouro Preto, arquiteto Rafael Arrelaro, o produto escolhido é, a grosso modo, “uma evolução da tinta a cal”, sendo enriquecida com outros minerais. O certo é que, com esse produto, a igreja estará protegida em termos “meteorológicos e cronológicos”, diz Arrelaro. Dessa forma, a garantia é de visual com cara de novo num período de cinco a 10 anos, enquanto a primeira, à base de cal, duraria no máximo três anos. Já a tinta a óleo não é indicada.

De acordo com a superintendência do Iphan, a cor segue o padrão cromático atual, com vermelho sangue-de-boi, verde colonial e amarelo ocre nas aberturas (janelas, portas e molduras), alvenarias em branco-neve e os gradis em preto. As molduras em massa, presentes nas cimalhas, cunhais posteriores e volutas do frontão da fachada principal seguirão a paleta de fotografia fornecida pela paróquia e datada de 1988, quando foi entregue a última pintura. Tais elementos foram cobertos de amarelo claro, pouquíssimo alaranjado, tom que já se alterou pelo desgaste natural do material.

O trabalho contempla também a limpeza das cantarias da fachada do templo, considerado pelo Iphan um dos mais importantes monumentos nacionais. O custo da obra, iniciada em janeiro e com término previsto para julho, é de R$ 132 mil, recursos provenientes do orçamento da instituição. O trabalho está sendo feito em etapas, começando pela pintura da fachada lateral direita. Por não ser necessário o envelopamento de toda a construção durante os serviços, os tapumes e os andaimes serão instalados em sistema de rodízio.

A construção da Matriz do Pilar foi iniciada por volta de 1728, com planta atribuída ao sargento-mor e engenheiro Pedro Gomes Chave, sob administração da irmandade do Santíssimo Sacramento. Ao ser inaugurada, a então Vila Rica assistiu, conforme as pesquisas, a uma das festas mais requintadas do Brasil colônia, o triunfo eucarístico, procissão solene para celebrar a chegada do santíssimo e das imagens, antes no trono da capelinha existente no local. Entre 1735 e 1737, foi feita a decoração da nave, sendo a capela-mor reconstruída em maiores proporções. Conforme dados do Iphan, a talha da matriz foi desenhada por Francisco Branco de Barros Barriga e depois modificada por Francisco Xavier de Brito, que a executou e inaugurou, em Minas, o estilo “dom João V de Lisboa” ou “Brito”.

Mercês 
Outro templo do século 18 em obras em Ouro Preto é a Igreja das Mercês e Perdões (1743/1772), no Centro Histórico. Tombada pelo Iphan desde 8 de setembro de 1939, é alvo de uma reestruturação de todo o telhado, informa o arquiteto Arrelaro. Ainda não há previsão do término dos trabalhos. “É necessário desmontar toda a cobertura e pôr telhas novas para acabar com os problemas”, acrescenta. A obra custa R$ 280 mil. 

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