publicada em 30 de julho de 2010, às 14h56

O Ministério da Cultura do Brasil e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico nacional (Iphan), assinaram na tarde desta sexta-feira, dia 30, com o Ministério da Cultura do Benim, durante a 34ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, um acordo de cooperação para fortalecer as referências e o resgate do patrimônio cultural compartilhado entre os dois países. O projeto estimado em aproximadamente U$ 567,5 mil irá capacitar técnicos de Benim para atuar na realização do inventário do patrimônio de origem brasileira naquele país, uma vez que se trata de um dos poucos locais em que uma cultura já identificada como brasileira se encontra fora do território nacional.

Para o ministro brasileiro, Juca Ferreira, não se pode considerar as relações entre Brasil e África apenas sob os aspectos econômicos e geopolíticos. “É indiscutível o laço de amizade e fraternidade e até de ‘maternidade’ da áfrica em relação ao Brasil”, declara o ministro afirmando que o acordo assinado irá reforçar essa integração. Já o presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, ressalta que a cooperação entre Brasil e Benim marca um momento de grande importância porque consiste na contribuição para o “aperfeiçoamento e o avanço entre os dois povos que já são muito unidos”. A relação de amizade entre benineses e brasileiros também foi lembrada pelo embaixador do país africano no Brasil, Isidore Mussi, para quem o acordo é o “início de um processo de cooperação e reconhecimento dos laços que unem as duas nações”.

Algumas ações previstas no acordo
O projeto de cooperação entre Brasil e Benim permitirá o compartilhamento das metodologias do Iphan por meio de oficinas de capacitação técnica, o diagnóstico dos bens possíveis de serem incluídos no levantamento e a realização do inventário pelos próprios técnicos e estudiosos beninenses. Todo o processo terá acompanhamento e avaliação do Iphan, resultando em uma publicação bilíngüe (português/francês). Os dois países serão os detentores dos direitos de autorização para divulgação ou difusão desse material.

O Ministério da Cultura do Benim irá designar técnicos e estabelecer parceria com a Escola de Patrimônio Africano - EPA, que apóia o projeto. A cooperação tem vigência de dois anos. Ao final, a expectativa é que Brasil e Benim beneficiem-se com o inventário realizado sobre o patrimônio de origem brasileira no Benim, impresso na língua de ambos os países; o fortalecimento das instituições de preservação cultural, por meio de um intercâmbio focado em seus laços históricos e heranças culturais decorrentes deste processo; contribuição para a preservação da memória e fortalecimento das identidades beninense e brasileira, bem como produção de conhecimento a seu respeito; e capacitação técnica dos quadros profissionais. 

Relações Históricas
O Brasil e o Benim têm entre si patrimônios compartilhados, marcados pela colonização portuguesa e o fluxo de imigração africana como consequência da escravidão ocorrida durante os séculos 17 a 19. A influência é evidente tanto na arquitetura como também no compartilhamento da cultura africana, no que ficou conhecido como cultura afro-brasileira. Uma demonstração do reconhecimento da importância do Benim na formação histórica e cultural do Brasil, particularmente do Estado da Bahia, é o fato de ter sido o país de onde o Brasil recebeu maior número de africanos.

Desta forma, é indiscutível as influências transversais e o patrimônio compartilhado entre os países africanos e o Brasil, particularmente o Benim, cuja história comum está documentada por seus patrimônios culturais. No Brasil, grande parte dos bens imateriais já reconhecidos pelo Iphan tem origem africana, como o ofício das baianas do acarajé ou o tambor-de-crioula do Maranhão. Existe ainda o candomblé, de origem africana, um espaço de resistência nas duas culturas, contra a escravidão no Brasil e a colonização européia no Benim.

Mais Informações:
Assessoria de Comunicação Iphan
Mécia Menescal – mecia.menescal@iphan.gov.br
Adélia Soares - adelia.soares@iphan.gov.br
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