Embarcações tradicionais recebem lugar de destaque no Maranhão

publicada em 22 de julho de 2010, às 13h38

 

A superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Maranhão está resgatando o patrimônio naval no estado. O “Cadastramento de Embarcações Tradicionais Brasileiras – Baía de São Marcos/ MA – Inventário da Canoa Costeira”, um trabalho de pesquisa realizado no ano passado, será coroado no próximo dia 23 de julho com o lançamento ao mar da canoa Dinamar totalmente restaurada e o lançamento do DVD contendo o Inventário da Canoa Costeira, escolhida por revista náutica especializada alemã como uma das dez melhores embarcações no mundo. No dia seguinte, um cortejo de canoas costeiras receberá a entrada do navio veleiro da Marinha do Brasil, Silvio Branco, na baía de São Marcos.

A pesquisa realizada por técnicos do Iphan-MA e do Estaleiro Escola do Maranhão, de janeiro a julho de 2009, levantou as principais características estruturais e qualificou o universo socioeconômico pesqueiro onde a Canoa Costeira está inserida, catalogando as embarcações existentes, suas condições de autenticidade, conservação e sustentabilidade econômica, para apresentar uma proposta de proteção das embarcações tradicionais brasileiras e um embasamento mais geral ao Projeto Barcos do Brasil. Em função da importância e da realização das atividades de transporte de cargas feito com as canoas costeiras, o levantamento que ficaria restrito aos municípios e povoados situados na baía de São Marcos foi realizado também em outras cidades como Alcântara, São José de Ribamar – na baía de São José - e Icatú. Paralelo ao trabalho do inventário foi escolhida uma canoa que estava em péssimo estado de conservação para ser restaurada. Em parceria com Centro de Vocação Tecnológica – Estaleiro Escola do Maranhão – o Iphan disponibilizou os recursos necessários para a restauração da canoa pelos alunos.

De acordo com a superintendente Kátia Bogéa, estima-se que na Baía São Marcos trafegue cerca de 40 canoas, sendo 30 no transporte de carvão vegetal, madeira, cascalho, areia, pedra bruta, gêneros alimentícios, entre outros produtos, e 10 na coleta de caranguejos. Desse conjunto, foram detectadas 27 canoas e 21 foram inventariadas. Entre as cadastradas, três estão em péssimo estado de conservação, 18 estão em condições razoáveis de conservação, e cinco conservam-se em boas condições. Kátia Bogéa destaca que apesar da falta de assistência de órgãos governamentais e com a progressiva substituição do transporte tradicional marítimo pelo terrestre, os proprietários e tripulantes, mesmo sem recursos, zelam pela integridade das embarcações. Eles fazem reformas parciais e reparos a cada seis meses, procurando conservar as embarcações.

Se o ritmo dissoluto da modernização transformou-se numa ameaça para o patrimônio naval brasileiro, com a ampliação da malha rodoviária e a progressiva substituição do tradicional transporte marítimo pelo terrestre, realizado através de veículos motorizados com maior capacidade de armazenamento de mercadorias e entrega em tempo reduzido, as canoas costeiras localizadas na Baía de São Marcos também não deixaram de ser afetadas. A concorrência com o transporte por terra, a diminuição do número de fretes, a exacerbação da fiscalização por órgãos ligados à proteção ambiental da mercadoria transportada e a ausência de mecanismos de seguridade social, tudo conduz à desvalorização da ocupação e ao desinteresse dos mais jovens em encaminhar-se aos ofícios do mar. 

Ainda de acordo com a superintendente do Iphan-MA, como os canoeiros sentem-se abandonados à própria sorte, sem mecanismos ou entidades que os representem, e sem as condições financeiras necessárias para reverter a sua situação, a expectativa com o “Cadastramento de Embarcações Tradicionais Brasileiras – Baía de São Marcos/ MA – Inventário da Canoa Costeira” é, ao trazer à tona essas questões, fazer com que governo e sociedade se sensibilizem com as reivindicações dos operários navais, atuando no sentido de reconhecer e valorizar uma das principais atividades de geração de renda e trabalho no Brasil, procurando equilibrar avanço econômico e preservação do patrimônio da nação. 

Mais informções:
Assessoria de Comunicação
Adélia Soares - adelia.soares@iphan.gov.br
Mécia Menescal – mecia.menescal@iphan.gov.br
(61) 2024-5449 / 2024-5459
www.iphan.gov.br

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