Lista do Patrimônio Mundial soma agora 911 bens

A comunidade internacional passou a contar com mais 21 bens na Lista do Patrimônio Mundial a partir desta segunda-feira (2). Com o resultado das decisões tomadas na 34a Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, realizada em Brasília desde o dia 25 de julho até esta terça (3), a soma total de sítios com reconhecido Valor Excepcional Universal subiu de 890 para 911 itens. 

O acréscimo corresponde à aprovação dada pelo Comitê, órgão ligado à Unesco formado por 21 países, para as candidaturas de 15 bens culturais, 5 naturais e 1 misto na Lista do Patrimônio Mundial. Além disso, 8 sítios anteriormente já reconhecidos tiveram propostas aceitas de extensão de suas áreas. 

O Brasil, cujo ministro da Cultura, Juca Ferreira, desempenhou a presidência do Comitê, teve aprovada a inscrição da Praça de São Francisco, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Com essa inclusão, o conjunto brasileiro de bens reconhecidos como Patrimônio Mundial atinge 18 itens -- 11 culturais e 7 naturais.

Conheça abaixo os novos bens do Patrimônio Mundial.
Bens culturais: 
Praça de São Francisco na cidade de São Cristóvão (Brasil)  
A Praça de São Francisco, na cidade de São Cristóvão, é um quadrilátero aberto rodeado de prédios antigos de importância substancial, como a Igreja e Convento de São Francisco, a Igreja e Santa Casa da Misericórdia, o Palácio Provincial, e outras casas associadas de diferentes períodos históricos que cercam a Praça. O conjunto de monumentos, junto com as edificações dos Séculos XVIII e XIX que o orbita, cria uma paisagem urbana que reflete a história da cidade desde sua origem. O complexo Franciscano é um exemplo da arquitetura típica da ordem religiosa que se instalou no Nordeste brasileiro.

Distrito Turaif em ad-Dir’iyah (Arábia Saudita) 
Este local foi a primeira capital da Dinastia Saudy, no coração da Península Arábica, a Nordeste de Riyadh. Fundada no século XV, é testemunho do estilo arquitetônico Najdi, que é específico do centro da Península Arábica. No século XVIII e início do século XIX, seu papel religioso e político aumentou e a cidadela at-Turaif tornou-se o centro do poder temporário da família Saud e da difusão da reforma Wahhabi dentro da religião islâmica. O sítio inclui os vestígios de vários palácios e um conjunto urbano construído nas proximidades do oásis ad-Dir’iyah. 

Locais para condenados na Austrália (Austrália)
O sitio inclui uma seleção de 11 locais que funcionaram como instituições penais, entre as milhares do Império Britânico em solo australiano nos séculos XVIII e XIX. Eles estão localizados na fértil faixa costeira de onde os povos Aborígenes foram forçados a sair, principalmente ao redor de Sidney e na Tasmânia, assim como nas Ilhas Norfolk e em Fremantle. Eles abrigaram dezenas de milhares de homens, mulheres e crianças condenadas pela Justiça Britânica a serem levados para as colônias para condenados. Cada um dos locais tinha um propósito específico, tanto em termos de aprisionamento quanto de reabilitação por meio de trabalho forçado para construir a colônia. O sítio apresenta os melhores exemplos existentes de deslocamento de condenados em larga escala e de expansão colonial dos poderios europeus por meio da presença e do trabalho dos condenados. 

Atol Bikini (Ilhas Marshall)
No encalço da Segunda Grande Guerra, em um movimento estreitamente relacionado com o começo da Guerra Fria, os Estados Unidos decidiram retomar os testes nucleares no Oceano Pacífico, no Atol Bikini no arquipélago Marshall. Após o deslocamento dos habitantes locais, 67 testes nucleares foram feitos entre 1946 e 1958, incluindo a explosão da bomba de hidrogênio (1952). O Atol Bikini foi conservado como uma evidência tangível muito significativa para comunicar a potência dos testes nucleares, isto é, os navios levados ao fundo da lagoa pelos testes em 1946 e a gigante cratera Bravo. Equivalendo a 7 mil vezes a força da bomba de Hiroshima, os testes tiveram grandes consequências no meio ambiente natural e geológico do Atol Bikini e na saúde daqueles que foram expostos à radiação. Ao longo de sua história, o atol simboliza o alvorecer da era nuclear, apesar de sua imagem paradoxal de paz e de paraíso terrestre. Este é o primeiro sítio das Ilhas Marshall a ser inscrito na Lista do Patrimônio Mundial. 

Caminho Real de Terra Adentro (México)  
O Caminho Real de Tierra Adentro era a Estrada Real do Interior, também conhecida como Rota da Prata. O bem inscrito consiste de 55 sítios e cinco sítios existentes do Patrimônio Mundial localizados ao longo de uma seção de 1.400 km desta rota de 2.600 km, que se estende na direção norte começando na Cidade do México (México) até o Texas e o Novo México, nos Estados Unidos. A estrada foi usada ativamente como rota comercial por 300 anos, do meio do século XVI até o século XIX, principalmente para o transporte da prata extraída das minas de Zacatecas, Guanajusto e San Luis Potoí, e do mercúrio importado da Europa. Embora seja esta uma rota motivada e consolidada pela indústria mineradora, ela também estimulou a criação de vínculos sociais, culturais e religiosos, principalmente entre as culturas Espanhola e Ameríndia.

Área Central da Cidadela Imperial de Thang Long - Hanoi (Vietnã)
A Cidadela foi construída no século XI pela dinastia Ly Viet, marcando a independência do Dai Viet. Erguida sobre as ruínas de uma fortaleza Chinesa do século VII, em um terreno drenado do Delta do Rio Vermelho, na cidade de Hanoi. O local figurou como centro regional do poder político por quase 13 séculos ininterruptos. As edificações da Cidadela Imperial e as ruínas do sítio arqueológico de Hoang Dieu refletem a singularidade da cultura do sudeste asiático no baixo Vale do Rio Vermelho, com sua mistura de influências provenientes da China e do antigo reino de Champa.

Cidade Episcopal City de Albi (França) 
A cidade velha de Albi reflete o ápice da arquitetura e do urbanismo medieval, às margens do rio Tarn, no sudoestre da França. Hoje, a Ponte Velha (Pont-Vieux), o quarteirão de Saint-Salvi e sua igreja são testemunhos desse desenvolvimento, datado dos séculos X e XI. Após a Crusada Albigense contra os hereges cátaros no século XIII, a cidade tornou-se um centro episcopal poderoso. Construída segundo o estilo peculiar do gótico do sul da França, com a utilização de tijolos locais de cor vermelha ou laranja, a Catedral fortificada do final do século XIII se impõe na paisagem da cidade, demonstrando o poder desempenhado pela Igreja Católica. Ao lado da Catedral, encontra-se o amplo Palácio bispal de la Berbie, situado do lado oposto ao rio e cercado por áreas residenciais da Idade Média. A Cidade Episcopal de Albi forma um conjunto coerente e homogêneo de monumentos e edificações mantidos inalterados ao longo dos séculos.

Monumentos Históricos de Dengfeng no “Centro do Céu e da Terra” (China)  
O monte Songshang é considerado como o principal cume sagrado da China. Na base de sua elevação de 1500 metros, ao lado da cidade de Dengfeng, na província de Henan, e ocupando mais de 40 quilômetros quadrados, encontram-se oito complexos de construções e sítios, que incluem os três portais de Han Que -- ruínas dos mais antigos edifícios religiosos chineses --, alguns templos, a Plataforma de Zhougong Sundial e o Observatório de Dengfeng. Erguidos durante o regime de nove dinastias, estas construções são exemplares de diferentes modos de entendimento do centro do paraíso e da terra e do poder da montanha como marco da devoção religiosa. Os monumentos históricos de Dengfeng incluem alguns dos melhores exemplos das construções antigas chinesas destinadas a atividades ritualísticas, à ciência, à tecnologia e à educação.

Cidades Históricas da Coreia: Hahoe e Yangdong (República da Coreia)
Fundadas nos séculos XIV e XV, Hahoe e Yangdong são vistas como as duas mais representativas cidades históricas de clãs na República da Coreia. Seu formato e localização – protegidas por montanhas cobertas por florestas e de frente para um rio e campos agrícolas – refletem a cultura Confucionista aristocrática característica da primeira parte da Dinastia Joseon (1392-1910). As cidades estão situadas de forma a fornecer alimento espiritual e físico das paisagens de seus arredores. Elas incluem as residências das famílias líderes, junto com sólidas casas feitas de madeira de outros membros do clã; também pavilhões, alas de estudo, academias Confucionistas de aprendizagem, e ainda grupos de casas de parede de barro e telhados de palha destinadas para plebeus.

Cavernas Pré-históricas de Yagul e Mitla no Vale Central de Oaxaca 
Este sítio localiza-se nas encostas ao norte do Vale de Tlacoula na área subtropical central do estado de Oaxaca, e consiste de dois complexos arqueológicos pré-Hispânicos e de uma série de cavernas e abrigos rochosos. Alguns destes abrigos contêm evidências arqueológicas (e de arte rupestre) da evolução humana de caçadores/coletores nômades para fazendeiros assentados. Sementes de Cucurbitaceae de dez mil anos de idade encontradas em uma das cavernas, Guilá Naquitz, são consideradas a evidência mais antiga conhecida de plantas domesticadas no continente, enquanto fragmentos de espigas na mesma caverna são hoje a evidência mais antiga conhecida da domesticação do milho. A paisagem cultural das Cavernas Pré-históricas de Yagul e Mitla demonstra o vínculo entre o homem e a natureza que deu origem à domesticação de plantas na América do Norte, o que permitiu o surgimento das civilizações mesoamericanas.

Sítio Protourbano de Sarazm (Tadjiquistão) 
Sarazm, palavra que significa “onde a terra começa”, é o nome de um sítio arqueológico formado por traços do desenvolvimento de assentamentos humanos na Ásia Central, datados do quarto e do terceiro milênios antes de Cristo. As ruínas comprovam a incipiente urbanização daquela região. O centro é um dos mais antigos da Ásia Central e está situado em um terreno montanhoso apropriado para a criação de gado por pastores nômades, sobre um amplo vale favorável à irrigação e à agricultura realizadas pelos primeiros povos a se instalar na região. Sarazm também evidencia a existência de atividades comerciais e culturais e relações de troca com populações espalhadas uma extensa área geográfica, que vai das estepes da Ásia Central e do Turcomenistão ao planalto iraniano e o Vale do Indo, alcançando até o Oceano Índico. 

As Montanhas Centrais do Sri Lanka
As montanhas do Sri Lanka estão situadas na parte central-sul da ilha. O sítio engloba a Área Protegida do Pico Wilderness, o Parque Nacional da Planície de Horton e a Floresta de Conservação Knuckles. Essas florestas de montanha, que atingem a 2.500 metros de altura em relação ao nível do mar, abrigam uma extraordinária variedade de fauna e flora, incluindo várias espécies em perigo de extinção como o langur cara-púrpura-do-ocidente, “slender loris” das Planícies de Horton (espécies de primatas nativos da Índia e do Sri Lanka) e o leopardo do Sri Lanka. A região é considerada um super centro de biodiversidade.

Relevo de Danxia (China)
O Relevo de Danxia é o nome dado na China às paisagens desenvolvidas em terrenos sedimentares de terra vermelha que foram influenciados por forças endógenas (incluindo soerguimento) e forças exógenas (incluindo intempéries e erosão). O sítio inscrito inclui seis áreas encontradas na zona subtropical do sudoeste da China. Elas se caracterizam por espetaculares montes de cor avermelhadas e uma série de formações por erosão, incluindo belíssimos pilares naturais, torres, ravinas, vales e cachoeiras. Estas paisagens acidentadas ajudaram a conservar estas florestas subtropicais pluviais, além de abrigar enorme quantidade de espécies de flora e fauna, mais ou menos 400 das quais são consideradas raras ou encontram-se ameaçadas de extinção.

Área protegida das Ilhas Fênix (Kiribati)
A Área Protegida das Ilhas Phoenix (PIPA em inglês) é uma área de habitats marinhos e terrestres de 408.250 km² localizada no Pacífico Sul. O bem contém em sua extensão o Grupo de Ilhas Phoenix, um dos três grupos de ilhas de Kiribati, é a maior Área Marinha Protegida designada do mundo. O PIPA conserva um dos maiores ecossistemas de arquipélagos de corais oceânicos intactos do mundo, junto com 14 montanhas submarinas (prováveis vulcões extintos), e outros habitats de mar profundo. A área contém aproximadamente 800 espécies conhecidas de fauna, incluindo aproximadamente 200 espécies de coral, 500 espécies de peixe, 18 mamíferos marinhos e 44 espécies de pássaros. A estrutura e funcionamento do ecossistema de PIPA ilustram sua natureza intocada e importância como rota de migração e reservatório. Este é o primeiro sítio em Kiribati a ser inscrito na Lista do Patrimônio Mundial.

Picos, crateras e paredões da Ilha de Reunião (França) 
Os Picos, crateras e paredões da Ilha de Reunião coincidem com a zona central do Parque Nacional de La Réunion. O bem cobre mais de 100.000 ha, ou 40% de La Réunion, uma ilha que inclui dois maciços vulcânicos adjacentes localizados no sudoeste do Oceano Índico. Dominado por dois enormes picos vulcânicos, enormes paredões e três circos rodeados de penhascos, o bem inclui uma grande variedade de terreno acidentado, e escarpas de impressionante composição, cânions de floresta e bacias hidrográficas. O conjunto cria uma paisagem natural absolutamente fantástica. O sítio é habitat natural para uma enorme diversidade de plantas, apresentando alto nível de endemismo. Há florestas subtropicais, florestas nubladas e charnecas, que criam um mosaico visualmente impressionante, resultado da intersecção dos ecossistemas com as características da paisagem. 

Planalto Putorana (Rússia)
Este sítio corresponde à área da Reserva Natural do Estado de Putoransky, e está localizado na parte central do Planalto Central Putorana, no norte da Sibéria, a aproximadamente 100 km de distância do Círculo Ártico. A parte do planalto inscrita na Lista do Patrimônio Mundial abriga um conjunto completo de ecossistemas árticos e subárticos, em uma cadeia de montanhas isoladas, incluindo zonas de taiga pristine, tundra floresta, tundra e deserto ártico, bem como um lago de água fria intocada e bacias fluviais. A principal rota de migração das renas atravessa o perímetro do sítio, que representa um bem natural excepcional, de larga escala e cada vez mais raro.

Bens mistos: 
Papahanaumokuakea, Havaí (Estados Unidos da América) 
Papahanaumokuakea é o novo nome de um extenso e isolado agrupamento linear de pequenas ilhas baixas e atóis, rodeadas pelo oceano, com extensão de 1.931 km e localizado a 250 km a noroeste do principal arquipélago do Havaí. A área tem importante significado tradicional e cosmológico para o modo de vida da cultura havaiana nativa, como um meio ambiente ancestral, como a personificação do conceito havaiano do parentesco entre as pessoas e o mundo natural e como o lugar onde se acredita que a vida começa e para onde os espíritos vão depois da morte. Nas duas ilhas, Nihoa e Makumanamana, existem vestígios arqueológicos relativos a uso e povoados pré-europeus. Grande parte do monumento é composto por habitats oceânicos e de águas profundas, com notáveis características como montanhas de fundo do mar e bancos submarinos. É uma das maiores áreas marinhas protegidas do mundo.

Veja informações da Unesco sobre Extensões de bens já reconhecidos (em inglês ou francês):
Bens culturais 
Igreja da Ressurreição do Monastério Suceviţa (Romênia) 
Cidade de Graz – Centro Histórico e Castelo de Eggenberg (Aústria) 
Fontes de Rammelsberg, Cidade Histórica de Goslar e Sistema de Gestão de Águas do Alto Harz (Alemanha)
Sítios Pré-Históricos de Arte Rupestre do Vale de Côa e de Siega Verde (Espanha)  
Cidade mineradora de Røros e Imediações (Noruega) 

Bens naturais 
Monte San Giorgio (Itália e Suíça)  
Parque Nacional Pirin (Bulgária)

Bens mistos 
Área de Conservação de Ngorongoro (Tanzânia)

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