Iphan abre consulta pública para registro do fazer da Cajuína

publicada em 17 de abril de 2014, às 11h41

 

Está aberto o prazo para manifestações a respeito da proposta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para Registro como Patrimônio Cultural do Brasil da Produção Tradicional e Práticas Socioculturais Associadas à Cajuína no Piauí, no Livro de Registro dos Saberes. O comunicado foi publicado no Diário Oficial da União da última segunda-feira, dia 14 de abril, abrindo o período de 30 dias para envio de correspondência ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. O endereço é SEPS 713/913, Bloco D, 5º andar – Asa Sul Brasília – Brasília – DF. CEP: 70.390-135.

O pedido de registro da Produção Tradicional e Práticas Socioculturais Associadas à Cajuína no Piauí foi apresentado pela Cooperativa de Produtores de Cajuína do Piauí (CAJUESPI). O modo de fazer e as práticas socioculturais associadas à cajuína são bens culturais que surgem junto com os rituais de hospitalidade das famílias proprietárias de terras no Piauí. As garrafas de cajuína, atualmente também são vendidas, na maior parte das vezes eram dadas de presente ou servidas às visitas, e ainda oferecidas em aniversários, casamentos e outras comemorações.

Mesmo sendo uma bebida, ela assume o simbolismo de alimento e poderá ser inscrita na mesma tradição dos doces, bolos, biscoitos e outros saberes prendados cultivados para abastecimento do lar no Nordeste. A cajuína alçou mercados externos ao Piauí, e ao mesmo tempo em que é valorizada como produto de forte apelo regional e cultural, reforça os sentidos de pertencimento e identidade dos piauienses e brasileiros. 

Uma bebida que revela o sentimento de uma família
O consumo da cajuína é um ato de degustação, geralmente acompanhado de comentários e comparações sobre as qualidades daquela garrafa da bebida, ressaltando sua cor, doçura, cristalinidade, leveza ou densidade, qualidades que derivam tanto do caju escolhido, quanto das técnicas de cada produtor. Essas referências revelam o sentimento de pertencimento do grupo ou família produtora e reforçam os laços entre os membros das redes familiares por onde a cajuína circula.

A cajuína é uma bebida não alcoólica, feita a partir do suco do caju separado do seu tanino, por meio da adição de um agente precipitador (originalmente, a resina do cajueiro, durante muitas décadas a cola de sapateiro e atualmente, a gelatina em pó), coado várias vezes em redes ou funis de pano, em um processo que recebe o nome de clarificação. Oo suco clarificado é então cozido em banho-maria em garrafas de vidro até que seus açúcares sejam caramelizados, tornando a bebida amarelada, e permitindo que possa ser armazenada por períodos de até dois anos.

O modo tradicional de produção da cajuína foi desenvolvido ao longo do tempo e ainda que seja semelhante em todos os núcleos produtores, cada um desenvolveu pequenas melhorias e aperfeiçoou técnicas específicas que podem produzir certas diferenças no seu produto final, distinguindo o sabor da sua bebida dos demais produtores. O controle de cada uma das etapas de produção reflete na qualidade de cada garrafa da bebida.

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