População de São Luiz do Paraitinga conhece projetos de reconstrução de suas igrejas

Minucioso trabalho de resgate das peças sacras e extenso levantamento documental ao longo dos anos permitirá fiel reprodução das igrejas

A população de São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba em São Paulo, já conhece os projetos arquitetônicos de reconstrução das igrejas da Matriz e das Mercês e de restauro da igreja do Rosário. Os projetos foram apresentados em audiência pública, dia 1º de outubro, ocorrida no terreno da própria igreja Matriz, entre os altares resgatados sob os escombros. Organizada pela Prefeitura Municipal a partir de uma demanda de abaixo assinado, a audiência contou com a participação de representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo - Condephaat, da Diocese de Taubaté e da Construtora Biapó.

“Tudo o que ruiu está lá. Foi recuperado, limpo e tratado. Tudo será reaproveitado para poder voltar ao seu lugar”, explica Antônio Gameiro, arquiteto do Iphan e autor do projeto de reconstrução da capela das Mercês. As obras de reconstrução das igrejas da Matriz e das Mercês deverão preservar também a história guardada nesses monumentos e contida nas peças resgatadas nos escombros. O projeto da igreja da Matriz é de autoria da Diocese de Taubaté e a obra de reconstrução será financiada pelo Governo do Estado. A capela das Mercês será reconstruída e projetada pelo Iphan.

A igreja do Rosário, que resistiu às chuvas, passa por obras emergenciais para ser aberta ao público até o Natal. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, em parceria com o Instituto Elpídio dos Santos e com o Iphan, está financiando a recuperação do telhado e outras intervenções estruturais que permitam a retomada do funcionamento da igreja. Em 2011, o Iphan pretende restaurar as pinturas internas e externas da Igreja do Rosário. 

Os projetos de reconstrução estão em fase final de elaboração e aprovação e a expectativa é de que as obras se iniciem ainda neste ano. A capela das Mercês deve ser entregue no final de 2011 e as obras da igreja da Matriz têm previsão de duração de dois anos.

Proteção restitui paisagem
Iphan montou estruturas de proteção das ruínas das igrejas Matriz e das Mercês que recompõem o volume dos monumentos que ruíram após a enchente. Essas coberturas, que terão a função de proteger as obras de reconstrução das igrejas, irão também permitir a restituição a paisagem urbana. O canteiro da igreja da Matriz está aberto ao público, para visitas monitoradas. No local, estão dispostas todas as peças resgatadas sob os escombros.

Capela de Nossa Senhora das Mercês
O projeto de reconstrução da capela das Mercês baseou-se em extensa documentação gráfica, fotográfica e audiovisual, produzida pelo Iphan desde meados do século passado. “O levantamento de plantas, cortes e estudos, permite, com segurança, refazer todos os detalhes da construção original”, conta o arquiteto Antônio Gameiro.

À época da edificação da igreja, a técnica construtiva adotada para erguer as paredes era a taipa de pilão, constituída à base de argila. Por isso, os remanescentes de taipa que restaram no terreno foram mantidos e incorporados ao projeto, como um testemunho original da capela das Mercês. Segundo as diretrizes de atuação em casos de calamidade, as paredes da igreja serão levantadas com alvenaria de tijolos mas mantendo-se a espessura da taipa.

A capela das Mercês foi a primeira igreja edificada em São Luiz do Paraitinga, no final do século 18. Sua construção marca o momento (a partir da década de 1790) em que a economia local passou a ter um crescimento lento, modesto, mas contínuo, impulsionado pela produção de mantimentos para exportação, apoiada no trabalho escravo. 

A típica capelinha rural foi construída com a participação da devota Maria Antônia dos Prazeres, que se dedicou a protegê-la até o final de sua vida. O monumento demarcava um dos limites do traçado urbano da cidade à época. A comunidade, que conhece e valoriza a história da igreja, foi a grande parceira do Iphan no resgate das imagens e peças sacras, nos dias que sucederam a enchente.

A imagem de N. S. das Mercês foi resgatada dos escombros por voluntários luizienses. Foram recuperados 94 pedaços da santa, o que permitiu a completa recomposição e restauração da imagem. Também o púlpito, o sino, a cruz e o cruzeiro, os pináculos, as janelas, o forro, o madeiramento e demais elementos da igreja devem voltar a integrar o templo sagrado. 

Mais informações:
Assessoria de Comunicação Iphan
Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br
Mécia Menescal – mecia.menescal@iphan.gov.br
(61) 2024-5449 / 2024-5459
www.iphan.gov.br / www.twitter.com/IphanGovBr

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