Iphan (MA) certifica 90 professores em programa para educação patrimonial

A Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Maranhão (Iphan-MA), a Universidade Federal do estado (UFMA) e a prefeitura de Alcântara certificam na próxima quarta-feira (22) um grupo de 90 professores da rede de ensino municipal da cidade que participaram do Programa de Formação Continuada para Educação Patrimonial no Estado do Maranhão. O curso teve duração de 140 horas e foi realizado entre agosto e dezembro deste ano.

Durante a cerimônia, que ocorrerá no Museu Casa Histórica de Alcântara, às 17h30 do dia de aniversário do município, o Iphan entregará à prefeitura local material paradidático para uso nas 22 escolas no ano letivo de 2011.

Sobre o Programa de Educação Patrimonial em Alcântara
A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita ao cidadão fazer uma leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido. 

Alcântara conserva um vasto e diversificado patrimônio cultural, cuja preservação se encontra sob a responsabilidade do Iphan desde 1948, quando a cidade foi erigida por decreto presidencial à condição de monumento histórico nacional e o seu centro histórico, tombado pelo governo federal. 

No entanto, para que a população local possa de fato usufruir e sentir-se parte desse patrimônio, são necessárias, entre outras, ações de educação patrimonial com vistas a restabelecer os laços de identidade entre os moradores e seu próprio patrimônio, tornando-o, efetivamente, um conjunto de bens compartilhados por todos. 

Nesse sentido, a Superintendência do Iphan no Maranhão vem desenvolvendo desde agosto de 2007 o projeto “Educação Patrimonial nas salas de aula de Alcântara”, que tem por objetivo a instauração junto às escolas de um ciclo permanente de aprendizado e debate ligados à preservação patrimonial, por meio da produção e implantação de material paradidático sobre o tema, destinado às séries do Ensino Fundamental II, além da capacitação dos professores e monitoramento da aplicação do Programa nas salas de aula.

A equipe que desenvolveu as duas primeiras fases deste projeto ficou sob a responsabilidade do antropólogo Rodrigo Ramassote e da bolsista do Programa de Especialização em Patrimônio–PEP/Iphan, Flávia Luz Pessoa, autora dos quatro livros que compõem a coleção de materias paradidáticos Patrimônio Contado - Alcântara, Cultura e Educação, e dos dois livros de apoio ao professor.

Com o objetivo de conhecer o universo das referências culturais com vistas a propor atividades pedagógicas adequadas, o percurso metodológico se deu da seguinte forma:
a) Levantamento bibliográfico e de campo sobre o município de Alcântara, com aplicação de questionário em quatro escolas do município (Sede, Cajueiro, Oitiua e Raimundo Sú), envolvendo professores e alunos;
b) Realização do Inventário Nacional de Referências Culturais;
c) Realização de 11 oficinas interativas com profissionais das áreas História, Antropologia, Educação Artística e Psicopedagogo; 
d) Exposição das atividades trabalhadas nas oficinas.

O produto resultante dessas ações foi a coleção composta dos quatro livros paradidáticos, para serem aplicados na 5ª, 6ª, 7ªe 8ª série do Ensino Fundamental II. Esta coleção aborda temas relativos à educação patrimonial enquanto narram às aventuras das personagens Ana, Artur e José pelo município de Alcântara (sede e interior). 

As noções e conceitos fundamentais para o debate ligado à preservação do patrimônio cultural são aos poucos introduzidos e explicados – em quadros com textos e imagens. O enredo ficcional de fundo ajuda a exemplificá-los. Pretende-se que os alunos se apropriem dos quadros conceituais e sejam capazes de empregá-lo em situações cotidianas.

A opção pelo uso da mescla da narrativa de ficção com o texto didático e as propostas de atividades deu-se por avaliarmos que a produção literária pode exercer uma função importante no processo de aprendizagem, despertando o interesse a respeito do contexto da história narrada. Além disso, não se pode esquecer que a literatura é responsável pela formação de nosso universo de fantasias e referências, e também uma maneira nova de experimentarmos a realidade. 

Outro dado importante de ser observado é que a escolha por paradidático com linguagem ficcional a ser adotado na disciplina de português, soluciona o problema de se tentar forçar o currículo escolar para entrar transversalmente com adoção de nova disciplina, no caso específico, a de Educação Patrimonial. Esta é uma solução simples e muito satisfatória na introdução do tema do patrimôni cultural dentro das escolas. 

Na realização das etapas seguintes de capacitação dos professores do município e monitoramento da ação educativa na rede escolar – aplicação e utilização do material paradidático – o Iphan estabeleceu parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Alcântara e com a Universidade Federal do Maranhão, através da Assessoria de Interiorização, responsável pela criação do Programa de Formação Continuada para Educação Patrimonial no Estado do Maranhão -PROFEPMA, fato que propiciou a aproximação da Universidade junto à comunidade e também um enorme avanço no esforço de proteção ao patrimônio cultural maranhense, uma vez que a educação é a base mais sólida para que a sociedade possa conhecer, compreender e se apropriar do seu patrimônio.  

A equipe composta de dez professores doutores e mestres da UFMA, das áreas de educação, biblioteconomia, letras, artes, sociologia e antropologia, junto com os técnicos do Iphan e da Secretaria Municipal de Educação, realizou no segundo semestre de 2010 curso de capacitação com duração de 180 horas para noventa professores das disciplinas de português, história e geografia e técnicos da rede municipal de ensino que desenvolvem atividades pedagógicas de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental II, responsáveis por cerca de 430 alunos, distribuídos por 22 escolas no município. 

Após a implantação nas escolas do 1º livro da coleção “Patrimônio Contado - Alcântara, Cultura e Educação” em 2011, terá início a fase de monitoramento e avaliação do Programa, que deverá durar até 2014, ano da implantação do 4º e último livro paradidático. O sucesso do Programa reside nessa estratégia de acompanhamento, absolutamente necessária para que os resultados possam ser avaliados, discutidos e reorientados. A cada ano está previsto o reforço na capacitação dos professores, visando à introdução dos outros livros, até que se feche o ciclo.   

Todas as pessoas e instituições envolvidas nesse projeto estão imbuídas da crença na importância do tema Patrimônio Cultural para o fortalecimento na comunidade alcantarense do sentimento de pertencimento por meio de um processo educativo que pode levá-los a valorizar e considerar o Patrimônio Cultural como elemento chave para sua identidade e para um desenvolvimento sustentável que seja permanente, que preserva e eduque.

Compartilhar
Facebook Twitter Email Linkedin