Centro histórico de Paracatu é o mais novo patrimônio cultural brasileiro

O rico patrimônio cultural da cidade mineira Paracatu foi tombado na manhã desta sexta-feira (10) pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, reunido no edifício Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro. De acordo com o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Minas Gerais (Iphan-MG), o tombamento de Paracatu teve destaque para o seu valor histórico, de seu conjunto arquitetônico e pela formação e integração do centro oeste brasileiro, no final do ciclo do ouro. 

Como vários outros municípios mineiros, Paracatu nasceu sob o signo do ouro dando origem a um povoamento que, por sua vez, levou ao surgimento de centros econômicos integrados para abastecer as áreas de mineração. Esta sequência de acontecimentos favoreceu o desenvolvimento agro-pastoril, especialmente em regiões da Bahia, Pernambuco e em alguns locais de mineração. 

A construção de Brasília provocou uma onda de migrações para o centro do país, que atingiu a cidade. Contudo, Paracatu mantém seu centro histórico praticamente intacto, apesar de algumas transformações na arquitetura. A morfologia urbana de vias e travessas proporcionam a leitura de seu passado colonial e de sua posição estratégica na ocupação do centro-oeste brasileiro.

A origem da cidade no ciclo do ouro
Paracatu tornou-se ponto de referência do noroeste mineiro influenciando as regiões do Alto Paranaíba, do Triângulo Mineiro e do sudoeste goiano. Nesse contexto, a data provável do surgimento do antigo arraial é entre 1690 e 1710. O município se destaca por sua localização estratégica, pois era ponto de convergência dos diversos caminhos que ligavam o litoral (Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro), às “minas gerais” e ao interior do país. 

Há comprovação de que em 1603 a localidade já era conhecida por bandeirantes e, desde tempos imemoriais, habitada por indígenas. A partir de 1727, várias sesmarias foram concedidas no território que hoje abrange o município. As minas de Paracatu foram as últimas jazidas descobertas em Minas Gerais, no momento em que o ciclo do ouro estava chegando ao fim. Esse fato foi um dos motivos de a cidade ter ganhado importância no cenário nacional na primeira metade do século XVIII, conquistando, no período colonial, o título de Princesa do Sertão. A exploração aurífera durou até depois de 1819, após o que o município entrou em um processo de estagnação econômica, que durou até a década de 1960, com a construção de Brasília.

A abertura de vias e a construção das edificações aconteceram em função do sítio físico, sem pré-determinação, o que resultou no traçado irregular ainda hoje perceptível. Os perfis característicos das ruas são definidos pelas próprias edificações, implantadas no alinhamento do terreno, e sem afastamentos laterais.

A ausência de vegetação urbana configurou uma espécie de “canal”, onde circulam pessoas e veículos. A separação entre o espaço aberto público e privado é bastante clara, ficando este último restrito ao interior dos lotes ou das quadras. Desde a década de 1960, esta configuração tem sido gradativamente substituída por outra “aberta”, onde o espaço público entra em contato direto com o espaço privado do interior dos lotes. Devido à ausência de vegetação urbana, as praças assumem o aspecto de “ilhas” de vegetação nos espaços públicos, e devido à característica social da população, onde a vida se desenvolvia nos espaços intramuros, eram utilizadas em celebrações religiosas e ocasiões festivas na cidade. 

A Igreja Matriz de Santo Antônio e a igreja de Nossa Senhora do Rosário, ambas de Paracatu, foram objeto de tombamento pelo Iphan, em 13 de novembro de 1962. 

Mais informações:
Assessoria de Comunicação Iphan 
Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br
Mécia Menescal – mecia.menescal@iphan.gov.br
(61) 2024-5449 / 2024-5459 
www.iphan.gov.br / www.twitter.com/IphanGovBr

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