Uso democrático do centro de São Paulo é tema de debate

publicada em 13 de agosto de 2015, às 14h10

Simpósio com especialistas do Brasil e da Holanda avalia alternativas para a revitalização do centro e prédios históricos na capital paulista

Para debater sobre os desafios da preservação dos prédios e do centro histórico e o planejamento urbano da capital paulista será realizado o simpósio Re-Use – Reutilização de Edifícios Ociosos em São Paulo – Diálogos Brasil e Holanda, amanhã, dia 14 de agosto, na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo (SP). No evento, promovido pelo DuchCulture, centro de cooperação internacional dos Países Baixos, e pela Escola da Cidade, a presidenta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado, é uma das palestrantes convidadas e participará do debate final do evento.  

A proposta central é discutir o rezoneamento em São Paulo e as problemáticas urbanísticas como moradia, deterioração de edifícios significativos ao patrimônio cultural, a ocupação e o uso dos edifícios e espaços públicos no centro, entre outros embates e conflitos que surgem no espaço social urbano. Sobre essas questões será feita uma conexão com a experiência holandesa sobre o reordenamento urbano, que se concentra na combinação de uma variedade de disciplinas: patrimônio cultural, ciências sociais, arquitetura e planejamento urbano, em parcerias público-privadas. 

Mais de dez gestores e acadêmicos brasileiros e dos Países Baixos irão fazer parte das mesas para estimular a troca de experiências. A bertura do debate final será comandada pela ministra de Educação, Cultura e Ciência da Holanda, Jet Bussemaker, e pela presidenta do Iphan. Arquiteta e urbanista, formada pela Universidade Federal de Minas Gerais, Jurema Machado abordará na sua fala os desafios das instituições do poder público na preservação e gestão dos centros históricos urbanos, juntamente, com questões como a ocupação sustentável desses centros, seus usos e o desenvolvimento social e econômico. 

Um retrospecto 

A cidade de São Paulo está entre as mais populosas do mundo, e, como em outras cidades do Brasil, passou a ser ocupada a partir do século XIX (19), quando havia uma única centralidade. Com o crescimento populacional e a industrialização maciça, na década de 1950, questões complexas do planejamento urbano começaram a surgir e criar diversas centralidades. De acordo com o texto A cidade-atração – patrimônio e valorização de áreas centrais no Brasil dos anos 90, da professora Márcia Sant’Anna, que atua na Universidade Federal da Bahia (UFBA), as regiões centrais que abrigavam toda a logística econômica e política da cidade passam a se transformar e trazer novos fenômenos de ocupação. 

Em São Paulo, apesar de tentativas de dinamizar e requalificar o centro, no qual está grande parte das edificações históricas, houve nos anos de 1990 um processo de esvaziamento e intervenções que segundo Sant’Anna tinham “uma concepção de patrimônio urbano fachadista e concentrada em poucos elementos arquitetônicos [...] concepção favorecida e reforçada pela lógica financeira e promocional”. 

O abandono e deterioração dos espaços atualmente é uma temática que volta à tona pela demanda de diversos atores sociais para solucionar ou equacionar os desafios que as cidades impõem. Dessa maneira o simpósio Re-Use – Reutilização de Edifícios Históricos em São Paulo – Diálogos Brasil e Holanda traz uma importante contribuição ao estimular a troca de experiências entre os países. 

Ao se promover um debate sobre a recomposição desses espaços, estimula-se e obriga-se uma reflexão plural, participativa e democrática sobre a cidade e seus centros. Pois como coloca o arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha, vencedor do Prêmio Pritzker, “a razão da cidade é podermos conversar. Se você dá chance de as pessoas se encontrarem para falar, eis o movimento!”. 

A temática do simpósio mostra que a revitalização dos centros urbanos não está ligada somente a uma recomposição estética, está ligada a um movimento contemporâneo em que a vivência da cidade e a preservação do patrimônio cultural devem estar associadas à qualidade de vida e ao uso democrático pela sociedade. Os discursos que reclamam a recomposição dos espaços se tornam então o primeiro passo para mobilizar os grupos sociais e demandar políticas públicas necessárias à atuação em conjunto, e não mais impositiva. 

Serviço 
14 de agosto, das 14h às 18h
Biblioteca Mário de Andrade (Rua da Consolação, 94), São Paulo-SP
Entrada gratuita. Não é necessária inscrição. 

Mais informações para imprensa:
Assessoria de Comunicação Iphan 

comunicacao@iphan.gov.br
Adélia Soares - adelia.soares@iphan.gov.br
Gabriela Sobral Feitosa gabriela.feitosa@iphan.gov.br 
(61) 2024-5461 / 2024-5463/ 2024-5459 
(61) 8356-5857

Convite Simpósio

 

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