A presença feminina expressa no Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro

A presença feminina está arraigada na construção na cultura nacional e expressa no patrimônio cultural imaterial brasileiro, seja na engenhosidade da produção da renda ou na força e saber artístico para a fabricação das cuias. O modo de fazer cuias no Baixo Amazonas (PA), por exemplo, que foi o último bem registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), destaca a mulher artesã como a principal responsável pela confecção deste utensilio tão presente na cultura do país.
A transmissão de saberes, constantemente feita pelas mulheres, seja pelas mãos, dança, artesanato ou oralidade, muito além de solidificar relações culturais complexas, ainda mais quando se trata do intangível, é capaz de construir História. O que seria do acarajé, sem o ofício das baianas? E das Matrizes do Samba do Rio de Janeiro se não fossem as reuniões musicais na casa da Tia Ciata, lá no Estácio? O sabor da moqueca capixaba não é o mesmo sem as panelas de barro feitas pelas paneleiras de Goiabeiras, no Espírito Santo.

A produção artesanal do queijo de leite cru nas regiões do Serro e das serras da Canastra e do Salitre em Minas representa uma alternativa de conservação e aproveitamento da produção leiteira regionalModo artesanal de fazer o queijo de minas 
No modo artesanal de fazer o queijo de minas, nas regiões do Alto Paranaíba e da serra da Canastra, as mulheres estão à frente dos afazeres. O dossiê de registro explica que, “na opinião desses homens/ maridos, a mulher é mais cuidadosa, mais higiênica e mais dedicada na produção dos queijos artesanais”.

 

 

 

 

 

 

 

Círio de Nossa Senhora de Nazaré
O Círio de Nossa Senhora de Nazaré é uma celebração religiosa que ocorre em Belém (PA)Na realização do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, celebração religiosa paraense, cabe às mulheres a organização de vários aspectos do ritual, entre eles a decoração da berlinda e as providências para a confecção do manto que, todos os anos, veste a imagem da santa.

 

 

 

 

 

 

 

 

O Oficio das Baianas de Acarajé é uma prática tradicional de produção e venda, em tabuleiro, de comidas de baiana, e ligadas ao culto dos orixás, amplamente disseminadas na cidade de Salvador (BA)Ofício das Baianas de Acarajé
Com vestimentas brancas, enfeitadas com colares e panos coloridos, as baianas encantam com a alegria e o famoso tempero dos bolinhos feitos de feijão fradinho e fritos no azeite de dendê, o acarajé. É uma profissão, predominantemente, feminina, que indica, inclusive, a padronização de indumentária, zelando principalmente pela higiene na preparação e manuseio do alimento. Esse bem cultural de natureza imaterial foi inscrito no Livro dos Saberes em 2005 e seu ofício envolve rituais de produção, arrumação do tabuleiro, preparação da mesa e o uso de trajes próprios. 

 

 

 

 

Ofício das Paneleiras de Goiabeiras
A fabricação artesanal de panelas de barro de Goiabeiras Velha, em Vitória (ES) é uma atividade feminina e repassada pelas artesãs às filhas, netas, sobrinhas e vizinhas, no convívio domésticoA produção das panelas no bairro de Goiabeiras Velha, em Vitória, no Espírito Santo, foi uma atividade considerada Patrimônio Imaterial, inscrita no Livro de Registro dos Saberes, em 2002. Ela é eminentemente feminina e tradicionalmente repassada pelas artesãs paneleiras às suas filhas, netas, sobrinhas e vizinhas, no convívio doméstico e comunitário. 

O fazer panelas de barro é um ofício familiar, doméstico e enraizado no cotidiano e no modo de ser da comunidade de Goiabeiras Velha. O processo de produção conserva todas as características essenciais que a identificam com a prática dos grupos nativos das Américas, antes da chegada de europeus e africanos. 

 

 

 

 

Os saberes relacionados à produção e utilização de cuias fazem parte das complexas dinâmicas de colonização e ocupação do espaço amazônico

O Modo de fazer Cuias
A prática artesanal de fazer cuias desenvolveu-se entre comunidades indígenas da região há mais de dois séculos, sendo atualmente um ofício praticado por mulheres de comunidades ribeirinhas do Baixo Amazonas. A preparação das cuias e sua elaboração estética demandam cuidadoso trabalho por parte das artesãs que dispõem de suas habilidosas mãos para compor as peças. Por meio da força e sutileza de seus gestos, as mulheres servem-se de seus corpos para produzir objetos cujas técnicas e saberes vêm sendo transmitidas de geração a geração. 

 

 

 

O Modo de Fazer a Renda Irlandesa
O Modo de Fazer Renda Irlandesa reúne saberes tradicionais re-significados pelas rendeiras do interior sergipano e são associados à própria condição feminina na sociedade brasileiraRelacionado ao universo feminino e vinculado, originalmente, à aristocracia, a Renda Irlandesa surgiu como uma alternativa de trabalho. Hoje essa tarefa ocupa mais de uma centena de artesãs, além de ser uma referência cultural. O Modo de Fazer Renda Irlandesa, tendo como referência este ofício em Divina Pastora, Sergipe, foi inscrito no Livro de Registro dos Saberes, em 2009. Constitui um dos saberes tradicionais que foram resignificados pelas rendeiras do interior sergipano a partir de fazeres seculares, que remontam à Europa do século XVII (17), e são associados à própria condição feminina na sociedade brasileira, desde o período colonial até a atualidade. 

 

 

 

 

 

 

 

 

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