Pampulha a caminho do título de Patrimônio Mundial

Fachada e jardins do Museu de Arte da Pampulha

Mais um passo importante foi dado em prol da candidatura do Conjunto Moderno da Pampulha a Patrimônio Mundial. Nesta segunda-feira (15), a presidenta do Iphan, Jurema Machado, acompanhou o anúncio da desapropriação do Iate Tênis Clube, parte do Conjunto Moderno, feito pela Fundação Municipal de Cultura. Este ato significou importante avanço no trabalho desenvolvido para concretizar a candidatura, uma vez que o anexo, construído fora do projeto original de Niemeyer, representa um impedimento para o reconhecimento como Patrimônio Mundial. Localizado em Belo Horizonte (MG), o Conjunto Moderno da Pampulha é um dos projetos mais importantes de Oscar Niemeyer, inaugurado em 16 de maio de 1943, a pedido do então prefeito da capital mineira Juscelino Kubitschek. 

O decreto de desapropriação será publicado nesta terça-feira (16). De acordo com a presidenta Jurema Machado “as análises até agora foram muitos positivas. Os pontos que foram apresentados como pendências, são relativamente de fácil superação. Não diria que é fácil, porque implicou em uma decisão como essa de desapropriação de um bem, mas eles são mais pontuais e de solução de relativo curto prazo”. 

A candidatura, idealizada desde 1996, concretizou-se somente em 2014, quando foi entregue ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o Dossiê de inscrição na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO na tipologia Patrimônio Moderno. Em novembro do ano passado, foi formado o Comitê Gestor que irá promover a instalação da estrutura de gestão compartilhada do Conjunto Moderno da Pampulha, propor as diretrizes para a execução das ações do Plano de Gestão e articular as ações entre as esferas municipal, estadual e federal que incidem sobre o Conjunto.  

O Conjunto 
Formado pela Igreja de São Francisco de Assis, pela Casa de Baile, pelo Iate Tênis Clube, pelo Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha) e pela Casa Kubitscheck, esse importante conjunto arquitetônico e paisagístico foi inaugurado, em 1943, na região da Pampulha, na gestão de Juscelino Kubitscheck como prefeito de Belo Horizonte. 

Oscar Niemeyer incorporou ao projeto a influência moderna, trazendo elementos do paisagismo de Roberto Burle Marx, painéis de Cândido Portinari e as esculturas de Alfredo Ceschiatti. A Igreja de São Francisco de Assis, incluindo suas obras de arte, tombada em 1947, destaca-se como o primeiro monumento moderno a receber proteção federal no país. Todo o conjunto foi tombado pelo Iphan, em 1997.

As formas curvas e as qualidades plásticas do concreto armado que compõem as construções da Pampulha representam a materialidade de um momento histórico para a arte e a arquitetura. Nessa época, ocorre, no Brasil, uma intensa produção cultural com novas linguagens de expressão arquitetônica, impulsionada pelas ideias revolucionárias e vanguardistas do modernismo, que influenciou as gerações posteriores, no Brasil e no mundo.

Os critérios sob os quais a inscrição foi proposta foram: representar uma obra-prima do gênio criativo humano, intercâmbio de valores humanos, ser um exemplar excepcional de um conjunto arquitetônico. O próprio Niemeyer apresenta Conjunto da Pampulha como uma de suas obras mais importantes, e parafraseando o poeta Charles Baudelaire diz que sua beleza reside na capacidade de causar espanto, “da coisa nova”. 

 

Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida (Oscar Niemeyer).

 

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