Novo projeto para captação de águas pluviais em Brasília será apresentado

Dentro de 15 dias será apresentado um novo projeto para captação de águas pluviais do Distrito Federal, considerando a integração de um plano urbanístico e paisagístico. O tema discutido entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Distrito Federal (Iphan-DF) e o governo da cidade busca uma solução para captar o excesso das águas pluviais que tem causado transtornos na capital federal. 

Durante reunião que aconteceu nesta quinta-feira, 18 de março, no Palácio do Buriti, da qual participaram a presidente do Iphan, Jurema Machado, e o Superintendente do Instituto no DF, Carlos Madson, além do governador Rodrigo Rollemberg e sua equipe, foram apresentadas as observações extraídas do parecer elaborado pelo Grupo Técnico Executivo (GTE), instituído para conduzir as ações do Acordo de Cooperação, e que buscam aprimorar o projeto intitulado Drenar.  

Eixo Rodoviário SulO projeto do Governo local prevê para a área tombada a ampliação da rede pública de captação com a criação de lagoas a céu aberto ou bacias subterrâneas de concreto, para conterem a água das chuvas e, assim, evitar alagamento e a chegada de lixo no Lago Paranoá. Entretanto, o Iphan alertou sobre os elementos considerados invasivos ao espaço urbano e, se não forem tratados corretamente, podem se transformar em depósito de lixo e foco de doenças. 

Preocupado com a preservação do espaço público e a perda de componentes da escala bucólica – que confere à Brasília o caráter de cidade-parque, por suas áreas livres e destinadas à preservação paisagística e ao lazer – o Iphan defende uma abordagem mais ampla e atual para o problema da drenagem urbana, incorporando novos conceitos e tecnologias, onde as soluções não se resumam a grandes obras dispersas no espaço urbano, mas em ações integradas, menos invasivas e consoante ao paisagismo da cidade.

Desta forma, o Instituto recomenda que a implantação de reservatórios de detenção considere a importância de medidas paisagísticas que minimizem seus impactos urbanos, inclusive, prevendo-se a utilização dessas áreas no período da seca para outros usos, como, por exemplo, quadras de esporte, praças, parques e bosques. Assim que as cidades modernas estão enfrentando o problema de drenagem, destaca.

Jurema Machado ressaltou a importância da criação de um plano paisagístico para os locais que acolherão essas bacias, além de planejamento de gestão e manutenção, para que não gerem problemas de segurança e saúde pública. Em sua apresentação, Carlos Madson mostrou que Brasília precisa incorporar esses novos conceitos de drenagem, destacando casos de sucesso em Porto Alegre (RS) e em outras cidades pelo mundo, onde as áreas desses reservatórios são integrados à paisagem e usados cotidianamente como área de lazer pela população. Durante o encontro, o Iphan ainda destacou a importância do programa do GDF e a preocupação com seu desdobramento.

Drenar DF
Instituído em 2009, o Drenar tem como objetivo promover a melhoria do sistema de captação da água da chuva e combater as inundações recorrentes na cidade, além de proteger as nascentes e recuperar as erosões em todo o território do DF. Para isso, a proposta da SINESP é a criação de lagoas a céu aberto ou bacias subterrâneas de concreto. Por se tratar de intervenção em conjunto urbano reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, o projeto deve ser submetido ao Iphan.

Em agosto de 2015, o Iphan/DF, em parceria com a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária no DF (ABES/DF) organizou uma oficina para discutir o assunto, que contou com a participação de técnicos do Iphan, da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), profissionais da área de drenagem urbana e urbanismo, acadêmicos, além de representantes do GDF e do Ministério Público. Evento fundamental para embasar o posicionamento oficial do órgão sobre o tema.

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