Museu de Congonhas abre Programa de Visitas Mediadas

Turma do 6º ano do Colégio Nossa Senhora da Piedade, de Congonhas (MG), participa de primeira visita mediadaPor ter como principal temática um patrimônio mundial a céu aberto – o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos –, o Museu de Congonhas, em Minas Gerais, atua como “museu de sítio”, numa espécie de mediação entre o cenário museal e o público. Com o objetivo de qualificar a experiência insubstituível de estar no lugar, intensificando os sentidos e a percepção, seja por meio de descrições, de interpretações ou de criação de condições favoráveis à fruição, o Museu inicia o Programa de Visitas Mediadas.

A abertura do Programa de Visitas Mediadas aconteceu com o 6º ano do Colégio Nossa Senhora da Piedade, de Congonhas (MG). Os alunos se dividiram em percursos diferentes para conhecer exposições e toda a estrutura do Museu, instalado em um edifício de 3.452,30 m², construído ao lado do Santuário, a partir de um projeto do arquiteto Gustavo Penna. 

Em sua primeira fase, o programa atenderá apenas a rede municipal de ensino, que já reservou visitas para turmas até o mês de novembro, numa ação que terá vários desdobramentos também nas salas de aula, fornecendo conteúdos interdisciplinares para o trabalho dos professores. 

A meta é que no primeiro ano de atividade sejam atendidos seis mil agendamentos de grupos, com atendimento gratuito, às terças, quintas e sextas-feiras. Aos fins de semana, em casos esporádicos, poderão ser reservados para visitas de outros estados. Em pouco tempo, as inscrições atingiram quatro mil reservas de grupos de várias partes do Brasil, restando ainda duas mil vagas.   

Criado em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO no Brasil), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Prefeitura de Congonhas, o Museu de Congonhas preparou monitores e uma equipe técnica para atender aos diversos tipos de grupos num percurso que se inicia do lado de fora no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos e segue até as exposições do Museu, criadas para potencializar a compreensão do sítio histórico da cidade.

O Museu
Financiado com recursos captados pelo Governo Federal, via Iphan, BNDES e Lei Rouanet, além da Prefeitura de Congonhas (MG), o Museu de Congonhas foi inaugurado em 15 de dezembro de 2015 e sua construção contou ainda com o patrocínio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Santander, Vale e Gerdau. 

O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, para onde o Museu dedica sua principal atenção, está localizado no Morro Maranhão, na zona urbana de Congonhas. Sua construção teve início em 1757 e se estendeu até o começo do século XIX. Trata-se de um conjunto arquitetônico e paisagístico formado pela Basílica, escadaria em terraços decorada por esculturas dos 12 profetas em pedra-sabão e seis capelas com cenas da Via Sacra, contendo 64 esculturas em cedro em tamanho natural. No conjunto trabalharam os artistas de maior destaque do período, como o escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), e o pintor Manoel da Costa Athaíde (1760-1830). Também é possível fazer uma visita virtual pela cidade.

O monumento possui ainda uma Sala de Milagres, que abriga uma coletânea de ex-votos, objetos oferecidos em agradecimento por graças alcançadas. Ali está exposta a notável coleção de 89 ex-votos pintados, datados dos séculos XVIII ao XXI. O Santuário, além do seu valor artístico, é também um importante centro de peregrinação. A grande romaria – o Jubileu – acontece todos os anos entre 7 e 14 de setembro, congregando uma multidão de fiéis.

Turma do 6º ano do Colégio Nossa Senhora da Piedade, de Congonhas (MG), no anfiteatro do Museu de Congonhas, em visita mediada

Exposição
A exposição permanente que inaugura o Museu de Congonhas, cuja curadoria é assinada pelos museólogos Letícia Julião e Rene Lommez, trata das manifestações da fé no passado e no presente, em particular, o sentido de exteriorização da devoção projetado na monumentalidade teatral do espaço do Santuário, nas práticas da romaria e nos ex-votos. A mostra também retrata o Santuário como expressão de trânsito cultural resultante da expansão portuguesa; da relação do espaço religioso com a vida urbana de Congonhas; do Santuário como obra de arte; do trabalho do Aleijadinho, mas, sobretudo da produção artística como resultado de processo coletivo de distintos artífices; e do deslocamento da arte como transcendência da fé para o objeto de devoção convertido em arte.

Temas como a arte religiosa como substrato da universalidade do patrimônio do Santuário; o patrimônio como expressão da permanência do homem no tempo e no espaço e os desafios de sua durabilidade (perspectivas de conservação do conjunto do Santuário, em particular dos Profetas) e o conjunto do Santuário no presente são também abordados durante a mostra. “Ao lado dos Profetas de Aleijadinho na Alameda que dá acesso à Romaria, está o magnífico Museu de Congonhas. Neste espaço cultural, além de mostrar a beleza cênica do barroco de nossa cidade, teremos exposições que prometem encantar a todos”, salienta o prefeito de Congonhas, José de Freitas Cordeiro, o Zelinho.

O projeto expográfico, assinado pelo designer espanhol Luis Sardá, preza pelo cuidado com o público diverso que visita a cidade, oferecendo-lhe inúmeras possibilidades de apreensão do rico conteúdo do museu.

Acervos
O Museu de Congonhas abre suas portas ao público exibindo importantes acervos. Um dos principais é a coleção Márcia de Moura Castro. Composta por 342 peças que pertenceram à colecionadora, as obras foram adquiridas pelo Iphan em 2011. Enquanto viveu, por mais de meio século, a pesquisadora dedicou-se a adquirir arte sacra e objetos de religiosidade popular, com destaque para ex-votos e santos de devoção. A coleção será exposta numa sala especial no Museu de Congonhas.

Outro acervo importante que será entregue nos próximos meses, é a Coleção Fábio França, uma biblioteca de referência no Brasil sobre o barroco, a arte e a fé. Reunido em mais de quatro décadas por este professor, com a colaboração de vários pesquisadores, o acervo de livros raros foi recentemente incorporado ao Museu. É composto por publicações de interesse geral, temas históricos, artísticos, com foco especial nas obras sobre a arte barroca, o barroco mineiro e a temática da vida e obras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

 

Mais informações
Programa de Visitas Mediadas do Museu de Congonhas

Agendamentos e informações pelos telefones (31) 3731-3979 e 3731-4285

 

Serviço
Museu de Congonhas
Endereço:
Alameda Cidade de Matosinhos de Portugal, s/n - Congonhas (MG)
Funcionamento: terça a domingo, das 9h às 17h; e quartas, das 13h às 21h
Telefone: (31) 3731-3056

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