Sobrado histórico de Vitória (ES) é reinaugurado como sede do Iphan no Estado
Uma edificação de valores histórico e sociocultural indiscutíveis, situada à Rua José Marcelino, nº 203, se na Cidade Alta de Vitória, capital do Espírito Santo, será reaberta no próximo dia 23 de setembro, como a sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Estado. A solenidade, às 14h30, contará com a presença da presidente do Iphan, Kátia Bogéa, da superintendente Elisa Machado Taveira, do Governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, e do Secretário de Estado da cultura do Espírito Santo, João Gualberto. Na ocasião será aberta, também, uma exposição sobre a atuação do Iphan no estado. O público poderá visitar a mostra durante o fim de semana, dias 24 e 25 de setembro.
Os mais antigos registros históricos sobre a edificação datam de 1875. O Projeto de restauração e adaptação do imóvel Sede do Iphan-ES buscou, além de preservar as características da casa, englobar, também, as necessidades de adaptação ao novo uso institucional, compatível com suas características físicas e construtivas, ao mesmo tempo dotando a casa com as condições de segurança, conforto e acessibilidade exigidas pela legislação atual.
Desde o tombamento, em 1967, o Iphan reconheceu que o interior da edificação havia sido bastante alterado ao longo do tempo, de modo que o valor artístico do sobrado deveria ser procurado em sua fachada frontal e em sua volumetria. A análise histórica demonstrou que a antiga porta central do pavimento térreo foi substituída por uma janela em reforma da década de 1930. Essa substituição descaracterizou a fachada, alterando a harmonia, os ritmos e as proporções entre cheios e vazados. O projeto atual optou por recompor a porta central, usando para isso o desenho das portas laterais. Também foram retirados o hidrômetro e os padrões elétricos e telefônicos instalados na fachada frontal, que foram relocados na calçada e dentro da edificação.
A fachada dos fundos também foi restaurada com a retirada de diversos elementos que a descaracterizavam, como as janelas no térreo e pavimento superior, o que possibilitou a abertura de duas portas para acesso à passarela. Foram mantidos e restaurados, no pavimento térreo, os pisos e forros em frisos de madeira. Um anexo com três pavimentos foi construído para abrigar o acervo arqueológico, a biblioteca e o arquivo Administrativo.
Lembranças de um tempo perdido
A casa do Iphan-ES fica no ponto de ocupação mais antigo de Vitória – em meados do século XVI –, no local onde antes havia a Igreja Matriz. O sobrado foi provavelmente edificado no período colonial, e há indícios de que José de Mello Carvalho Muniz Freire tenha residido na edificação durante seu primeiro mandato como Presidente do Espírito Santo (entre 1892 e 1896).
Edificado inicialmente para uso residencial ou misto, foi continuamente transformado e adaptado ao longo dos anos. Ao final do século XIX foi adaptado como moradia independente para duas famílias. Sobreviveu às reformas urbanas no centro de Vitória por sucessivos governantes na primeira metade do século XX, tornando-se um dos poucos sobrados coloniais remanescentes na Cidade Alta. O sobrado foi tombado pelo Iphan em 13 de novembro de 1967, junto com o imóvel vizinho, também salvo das reformas higienistas de Vitória.
Os documentos constantes do processo de tombamento deixam claro que, embora não possuíssem monumentalidade, os dois sobrados estavam sendo tombados por sua historicidade, por serem os "últimos vestígios das antigas edificações de Vitória". Em 2006 foi adquirido pelo Iphan, passando a ser usado como a sede de sua Superintendência no Espírito Santo.
O Iphan no Espírito Santo
A agenda da presidente do Iphan no Espírito Santo começa na quinta-feira, dia 22. Além da sede do Iphan-ES, Kátia Bogéa também visitará outros bens protegidos pelo Governo Federal no Estado. Ela irá na Igreja dos Reis Magos, no bairro de Goiabeiras Velha, onde ficam as residências das paneleiras e dos artesãos, detentores do Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, primeiro bem cultural registrado, pelo Iphan, como Patrimônio Imaterial no Livro de Registro dos Saberes, em 2002. Ela visitará, ainda, as obras da Igreja Nossa Senhora do Rosário, de Vila Velha, o Convento da Penha, a Estação Ferroviária de Argolas.
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