Preservação de acervo mantém viva a história do Circo no Brasil

Palhaço Piolin foi reconhecido em todo o mundo por seu trabalho e por sua dedicação à defesa da cultura do circo.Do palhaço à bailarina, passando pelo trapezista e os saltimbancos e o adestramento de animais, a arte do circo sempre encantou as pessoas, sejam eles os mais mambembes e pobres ou os mais imponentes e ricos. O resgate de pelo menos dois séculos da história dos espetáculos circenses no Brasil é o foco principal do projeto Memória do Circo.

Apesar da grande atração que os espetáculos circenses ainda provocam na população em geral, muito dessa arte vem se perdendo com o passar dos anos. Foi com essa preocupação que Verônica Tamaoki começou a colecionar histórias de circo, adereços e objetos para o Memorial do Circo, que fica no centro de São Paulo (SP). Da coleção de histórias e entrevistas gravadas com velhos palhaços e frequentadores do Café dos Artistas, no Largo Paissandu, Verônica passou a reunir os acervos de figurinos e adereços de circo. A pesquisa histórica alcançou circos pioneiros do século XIX, avançou pelo século XX e chegou ao XXI. Com esses registros, o projeto montou um rico acervo, capaz de mexer com o imaginário de cada um por séculos, como se os espetáculos estivessem parados no tempo.

O trabalho teve início em 1999, quando Verônica Tamaoki escreveu o romance O fantasma do circo, onde conta a história de amor entre o poeta Fagundes Varela e a amazona Alice Guilhermina Luande, considerada a grande mãe do circo brasileiro. O romance inclui outros personagens, como Benjamin de Oliveira, um dos primeiros palhaços negros, e Piolin (Albelardo Pinto), cuja história contaminou a antropofagia literária de Oswald de Andrade. Mas foi com o projeto Circo Nerino que Verônica fez da intersecção da memória oral com a documental uma das marcas de suas pesquisas. Ainda em 2007, ela recebeu a guarda do acervo do Circo Garcia (1928-2003), e já tendo a do Circo Nerino (1913-1964), acabou por reunir importante documentação, possibilitando, em 2009, a criação do Centro de Memória do Circo. Já em 2015, após ter construída uma reserva técnica específica para objetos tridimensionais, o centro recebeu o figurino completo do palhaço Piolin, cuja data de nascimento, 27 de março, consagrou-se como o Dia do Circo.

Além de uma exposição permanente, o Centro de Memória do Circo se dedica a oficinas sobre a arte circense e a um resgate minucioso dos saberes do circo. Os temas vão desde os bordados antigos e adereços até a comida servida nos espetáculos. 

 

 

 

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