Pesquisa sobre folguedo tradicional de Estância (SE) mantém vivo o barco de fogo

Exposição sobre o Barco de Fogo apresenta a tradição na confecção das peças e dos fogos.O projeto Mestres do Fogo é um dos resultados da pesquisa da professora Sayonara Viana Silva, que começou em junho de 2013 nos bairros Porto d’Areia e Bonfim, na cidade de Estância (SE), onde ainda vivem mestres fogueteiros e os brincantes do barco de fogo. A tradição dos fogos é a principal atração dos festejos de São João onde, à noite, a réplica de um barco feito em madeira, desliza por um arame, num percurso de 200 a 300 metros, movido por fogos de artifícios. Tão rápido como um foguete, o barco de fogo deixa um rastro luminoso pela cidade, enfeitada, também, com bandeiras. A pesquisa identificou 32 mestres fogueteiros em Estância, muitos deles filhos ou netos dos antigos mestres que repassaram para outras gerações o saber sobre a confecção artesanal das peças e da pólvora. Além de resgatar o ofício dos mestres, com sua batucada e suas cantigas, o projeto Mestres do Fogo busca ressaltar a importância turística do folguedo que já se tornou um símbolo das festas juninas em Estância e atrai turistas de todo o Brasil.

A pesquisa da professora Sayonara foi concluída em 2015 com exposição fotográfica no Tribunal de Contas do Estado de Sergipe e lançamento de um catálogo. Estão à mostra registro fotográfico, estudo documental (desde o Século XIX), acompanhamento dos mestres na realização do ofício, entrevistas, questionários e visita ao museu a céu aberto de Estância. O levantamento menciona, ainda, as mudanças introduzidas na fabricação dos barcos e dos fogos, como o pilão mecânico e outras que acabaram por prejudicar o caráter artesanal da confecção das peças.

Ainda hoje, fogueteiro e ajudantes trabalham coletivamente, preservando a tradição e garantindo a alegria da festa de São João, o principal evento turístico/cultural de Estância, marcada por atrações como batucadas e o barco de fogo, as espadas e buscapés. A comunidade se envolve em todas as fases dos festejos e na produção do barco de fogo, desde o corte do bambu, para fazer as chamadas tabocas, até as danças que entram pela noite durante o pisa-pólvora

A alegoria dos barcos de fogo começou nos anos 30 com um mestre fogueteiro que se chamava Chico Surdo. Seu sonho era ser marinheiro, mas como era surdo, passou a fabricar os barcos chapinhados de uma madeira leve da região. Cobertos de bandeirolas coloridas, o barco é carregado com espadas e tabocas recheadas de pólvora e fogos de artifícios. O barco de fogo é registrado como Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe e, atualmente, a Secretaria Municipal de Cultura, Juventude e Desporto de Estância pleiteia, junto ao Iphan, o reconhecimento do saber/fazer dos mestres em nível nacional.

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