Valorização da história leva orgulho à comunidade de pescadores em Sergipe

Exposição Memorial do Povoado São Braz, aberta para toda comunidadeUm povoado do interior de Sergipe, de apenas duas ruas e cerca de 350 pessoas, conseguiu encontrar em sua própria história uma porta de saída para o desenvolvimento. Com o projeto Pescando Memórias, além de peixes e crustáceos, o povoado de São Brás passou também a pescar a memória do lugar, levando aos jovens o orgulho de terem nascido ali. 

Tudo começou por causa do bullying que Givanilson Santana sofria, quando criança, pois era obrigado a atravessar o rio do Sal, de barco, para ir e voltar da escola todos os dias. Os colegas diziam que ele vivia na lama e o chamavam de Aratu (caranguejo). Ele cresceu observando que os moradores de São Brás viam o desenvolvimento avançar nas cidades próximas, mas continuavam abandonados pelo poder público. Por todos esses anos, ele buscou maneiras de mostrar àquela aldeia de pescadores artesanais a importância do lugar e a beleza de suas tradições.

Em 2012 Givanilson conseguiu colocar suas ideias em prática, com a ajuda da historiadora Isabela Bispo e de estudantes do curso de História da Universidade Tiradentes. Fotos de pessoas que ajudaram a fundar o povoado e textos sobre as tradições da pesca e da religiosidade passaram a ser divulgados de diversas formas. Premiado no I Edital de Oficinas Culturais da Secretaria de Cultura do Estado de Sergipe, no ano seguinte desenvolveu atividades de identificação cultural com os jovens ribeirinhos, realizando a primeira etapa do projeto, que consistia na busca do histórico cultural do lugar. Com a museóloga Vera Helem, criou a exposição História e Cultura do Povoado São Brás, contando a trajetória histórica do povoado. A exposição já foi apresentada na Universidade Tiradentes e no shopping do município Nossa Senhora do Socorro, a cidade para onde as crianças e jovens iam estudar.

Outros prêmios vieram e possibilitaram a incrementação do Pescando Memórias. Em pouco menos de cinco anos, a paisagem mudou e transformou São Brás em um balneário turístico. A festa anual do povoado, no dia do padroeiro em fevereiro, atrai turistas de todo o Estado de Sergipe. A qualidade de vida também melhorou. A comunidade tem ruas calçadas, uma escola de ensino fundamental e outra de ensino médio. Os moradores dispõem de acesso à internet por wi-fi grátis na pequena praça. Givanilson e Isabela sonham com mais uma etapa, cujo tema será Turismo e Economia. Eles esperam contribuir para o pleno exercício da cidadania, visando maior visibilidade e sustentabilidade à cultura tradicional ribeirinha, num processo de busca de inclusão social, inclusão digital, formação e qualificação. Pretendem ainda promover a integração de outras comunidades na luta pela aceitação das diferenças regionais.

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