Paisagens italiana, portuguesa e francesa, o charme da Belle Époque e um passeio de barco pela floresta amazônica estão reunidos em um curso de extensão da Faculdade de Geografia e Cartografia da Universidade Federal do Pará (UFPA). Esses e outros cenários fazem parte do projeto Roteiros Geo-turísticos da Cidade de Belém. O projeto é gratuito, recebe estudantes e qualquer pessoa – morador ou não de Belém – que tiver interesse em conhecer sua história, saberes e aromas. A proposta e traçar roteiros que valorizam a memória socioespacial e patrimonial da cidade. Além apresentar caminhos para estudos, o projeto tem se destacado por despertar uma maior consciência de cidadania, principalmente porque revela novos olhares para a cidade e monumentos, como a Casa das Onze Janelas, o Palácio do Governo e outras obras primas do arquiteto italiano Antônio José Landi, que chegou a Belém em 1753.

Sob a liderança da professora Maria Goretti da Costa Tavares, os roteiros vão além das informações típicas dos guias e manuais de turismo e fazem uma abordagem multidisciplinar, pois abordam explicações sobre a construção dos monumentos, das tradições e acontecimentos histórico-culturais, que marcaram a formação da cidade. Para chegar a esse resultado, o grupo de voluntários, estudantes e pesquisadores fazem o mapeamento do futuro roteiro, entrevistam pessoas, buscam os saberes locais e descobrem curiosidades que passam por uma criteriosa avaliação. Em seguida, o roteiro é testado e a comunidade é chamada a participar de oficinas. 

Uma das metas do projeto tem sido implementar ações voltadas para práticas de turismo histórico, cultural e patrimonial para revalorizar a memória socioespacial de Belém, especificamente no bairro da Cidade Velha. Também é possível caracterizar periodicamente o processo de ocupação espacial da cidade, delimitando aspetos sociais, políticos e econômicos, que marcam os diversos períodos históricos. Outro aspecto interessante é que, durante a elaboração dos roteiros, os moradores refletem sobre questões pontuais dos bairros como, por exemplo, a coleta de lixo e a necessidade de uma melhor organização espacial.

Desde 2011, quando o projeto Roteiros Geo-turísticos da Cidade de Belém foi lançado em 2011, foram implantados os seguintes roteiros:

•    Cidade Velha – Conhecendo o centro histórico de Belém, em que se caminha pelo mais antigo bairro da cidade, conhecendo suas primeiras ruas e edificações.
•    Ver-o-Peso ao Porto – Percorrendo e revelando as paisagens no centro histórico de Belém, que apresenta o complexo arquitetônico e paisagístico do Mercado Ver-o-Peso, consagrado como o maior cartão-postal da cidade, e suas adjacências.
•    Da Belle Époque – Percorrendo e revelando paisagens da Belle Époque na cidade de Belém, que revela como a cidade viveu o período de maior dinamização econômica na Amazônia durante o ciclo da borracha.
•    Percorrendo e revelando paisagens no centro histórico de Belém, que mostra a dinâmica comercial da cidade.
•   Percorrendo e revelando paisagens do Reduto, o bairro industrial da Belém da borracha, com caminhada pelo bairro de formação industrial, onde hoje se encontram diversos estabelecimentos ligados ao lazer e à gastronomia, além de vilas e prédios residenciais.
•    Pela Estrada de Nazaré, quando se caminha pelas Avenidas Magalhães Barata e Nazaré, mostrando sua importância cultural e estratégica para a expansão urbana de Belém.
•    O Arquiteto Antônio Landi e a Belém do Século XVIII – Percorrendo e reconhecendo paisagens no centro histórico de Belém, que apresenta obras projetadas por Landi e sua importância na construção da Belém do Século XVIII.

O projeto também tem roteiros fora de Belém, na vila de Icoaracy (distrito de Belém) e nas cidades de Cametá, Vigia, Altamira, Ponta de Pedras e Marabá, com um total de aproximadamente 50 roteiros já realizados.