Exposição apresenta projeto instalado no SRBM (RJ) sobre o uso sustentável da água

Incansável defensor do meio ambiente, Roberto Burle Marx denunciava muitas vezes em suas conferências a degradação produzida pelo ser humano, manifestando-se veementemente em prol da conservação da natureza. Ao doar o Sítio Santo Antônio da Bica ao Governo Federal, fixou como condição o seu uso “como um centro de estudos e pesquisas relacionadas com paisagismo e conservação da natureza”.

Pois é neste espaço que hoje traz seu nome que está instalado o projeto Água Carioca, um protótipo de reuso da água que servirá de objeto de pesquisa em busca de uma solução natural para o tratamento de esgotos, questão crucial para a maioria das cidades contemporâneas.

A iniciativa é resultado de parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico nacional (Iphan), via Sítio Burle Max, com o escritório holandês Ooze Architects and Urbanists e o Studio-X Rio, no Rio de Janeiro, que propõe a reintrodução da natureza no metabolismo das cidades e o estabelecimento de uma nova relação entre o urbano e o natural, oferecendo uma alternativa aos sistemas adotados na maioria dos centros urbanos para lidar com a água e o esgoto.

O sistema proposto utiliza unidades de tratamento verdes (constructed wetlands) integradas aos domicílios, por meio das quais o esgoto é tratado de modo natural, sendo a água reusada no próprio local, dispensando a construção de redes de esgoto extensas e caras, propiciando assim a criação de habitats saudáveis e limpos. O estudo busca contribuir para a redução da poluição ambiental e da degradação dos rios e lagoas, bem como reduzir o consumo e o transporte de água.

O protótipo é um experimento científico, instalado por tempo determinado no Sítio Roberto Burle Marx, e tem por objetivo verificar o funcionamento, no clima tropical, do sistema proposto, e identificar as espécies que melhor se adéquam a uma tropicalização da tecnologia em questão. O Instituto Estadual do Ambiente contribuirá para o estudo, realizando a testes da água tratada para avaliar a eficácia do sistema.
 
Para explicar melhor todo esse processo, será inaugurada no próximo dia 05 de novembro uma exposição sobre o projeto instalada no Ateliê de Roberto Burle Marx. A mostra, que conta com o apoio do Consulado Geral do Reino dos Países Baixos no Rio de Janeiro, é composta por oito painéis, quatro maquetes, um vídeo ilustrativo, além do protótipo do sistema de tratamento, que será acompanhado e avaliado durante dois anos, com a colaboração do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) na análise da água tratada.

Uma exposição paralela à do Sítio Roberto Burle Marx, também integrante do projeto, será inaugurada na mesma data no escritório Studio X Rio, situado na Praça Tiradentes 48, no Centro da cidade do Rio de Janeiro.
 
O Protótipo no Sítio Roberto Burle Marx
É composto por quatro elementos que formam um ciclo fechado de água: um banheiro, uma fossa séptica, um filtro orgânico e uma cisterna.

O esgoto bruto do vaso sanitário é descarregado na fossa séptica, onde passa por um tratamento anaeróbico primário. Em seguida, é bombeado para o filtro orgânico, constituído por um canteiro com plantas e camadas de pedra e areia, onde é filtrado. A água purificada, limpa, mas não potável, é bombeada para a cisterna e misturada com água captada da chuva. Esta água pode ser reciclada e utilizada para a descarga do vaso sanitário e rega do jardim.

As plantas usadas no processo de tratamento, chamadas “macrófitas”, são comumente encontradas em pântanos e leitos de rios. Elas fornecem um ambiente adequado para o crescimento microbiano e melhoram significativamente a transferência de oxigênio na zona de suas raízes, possibilitando a atuação purificadora dos micro-organismos no tratamento da água.

O protótipo é um experimento científico, instalado por tempo determinado no Sítio Roberto Burle Marx, e tem por objetivo verificar o funcionamento, no clima tropical, do sistema proposto, e identificar as espécies que melhor se adéquam a uma tropicalização da tecnologia em questão. O Instituto Estadual do Ambiente contribuirá para o estudo, realizando a testagem da água tratada, para avaliar a eficácia do sistema.
 
Ooze Architects and Urbanists
OOZE é uma empresa internacional de design que opera nas áreas de arquitetura e urbanismo, com sede em Roterdã, Holanda, cuja atuação combina uma compreensão elaborada de processos ecológicos e naturais, know-how tecnológico e percepção do comportamento sociocultural dos usuários do ambiente construído. Seus projetos de pesquisa e design têm como base os processos cíclicos encontrados na natureza e buscam integrar a escala humana numa estratégia urbana holística. O Studio X é parceiro do escritório Ooze Architects and Urbanists no Projeto Água Carioca.

Confira a programação
10h00 - Abertura da exposição no Studio-X Rio (Praça Tiradentes nº 48, Centro).
11h30 - Ônibus partem do Studio-X Rio para o Sítio Roberto Burle-Marx.
12h30 - Abertura da exposição Água Carioca, no Sítio Roberto BurleMarx/Iphan, com visita ao protótipo instalado.
14h30 - Ônibus retorna ao Studio-X Rio.
 
Realização:
Sítio Roberto Burle Marx/Iphan
Ooze Architects and Urbanists
Studio-X Rio
 
Apoio
Consulado Geral do Reino dos Países Baixos/RJ
Creative Industries Fund NL
Instituto Estadual do Ambiente
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

 

Compartilhar
Facebook Twitter Email Linkedin