Comunidade e poder público se reúnem para discutir produção da Renda Irlandesa

RendaRegistrado como Patrimônio Cultural em 2009 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Modo de Fazer Renda Irlandesa, em Divina Pastora, Sergipe, será tema de encontro que reúne comunidades detentoras deste saber, além de representantes do poder público estadual, municipal, Ministério Público Federal, e Universidade Federal de Sergipe.

O foco da reunião que acontece às 9h, no Centro Cultural de Aracajú, em 18 de novembro, será discutir alternativas para o uso do lacê, material que deixará de ser produzido e poderá impactar no trabalho das rendeiras. A prática cultural, produzida com linha e agulha, tem como suporte o lacê, um tipo de cordão brilhoso que, preso a um ou risco de desenho sinuoso (debuxo), deixa espaços vazios a serem preenchidos pelos pontos. Estes pontos são bordados compondo a trama da renda com motivos tradicionais e ícones da cultura brasileira, criados e recriados pelas rendeiras.

Desde o Registro, o Instituto tem trabalhado para fortalecer as associações e organizações locais das rendeiras, tendo como resultado a formação do Conselho Consultivo e o Comitê Gestor da Salvaguarda da Renda que agrega uma rede de atores articulados em prol da preservação e promoção dessa prática cultural. Além de instituições governamentais e não-governamentais, tem assento nessas instâncias representantes das rendeiras dos municípios de Divina Pastora e de Laranjeiras. Assim, a articulação do Iphan vai ao encontro com o estabelecido no artigo 2016 da Constituição Federal, que atribui ao poder público e a comunidade a responsabilidade compartilhada de promover e proteger o bem cultural. 

O lacê é um produto industrializado, sendo matéria importante para a produção da renda. Com a escasses desse material, o Iphan vem estudando e debatendo, junto às universidades e demais parceiros, alternativas para acesso ao material ou a sua substituição.

O “saber-fazer” é a qualidade mais característica da produção da Renda Irlandesa a qual é compartilhada pelas rendeiras – sob a liderança de uma mestra reconhecida pelo grupo –, sendo esta prática inscrita no Livro de Registro dos Saberes pelo Iphan.

As mestras traçam o risco definidor da peça, que é apropriado coletivamente. Fazer Renda Irlandesa é, portanto, uma atividade realizada em conjunto, o que permite conversar, trocar ideias sobre projetos, técnicas e pontos. Neste universo de sociabilidades, são reafirmados sentimentos de pertença e de identidade cultural, possibilitando a transmissão da técnica e o compartilhamento de saberes, valores e sentidos específicos.

O ofício está relacionado ao universo feminino e é característico do município sergipano de Divina Pastora. A cidade se tornou o principal polo da renda irlandesa em razão de condições históricas de produção vinculadas à tradição dos engenhos canavieiros, à abolição da escravatura e às mudanças econômicas que culminaram na apropriação popular do ofício de rendeira, restrito originalmente à aristocracia.

Serviço:
Data: 18 de novembro
Horário: 9h 
Local: Centro Cultural de Aracajú, antigo Prédio da Alfandega 
Endereço: Avenida Rio Branco – Centro

 

Mais informações para a imprensa
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