Obras de artistas mineiros são restauradas na Igreja do Rosário dos Pretos, em Mariana (MG)
Com o corpo em madeira de jacarandá, altares com trabalhos em talha e ouro, em estilo rococó de decoração suave, coroada pela pintura da Assunção da Virgem no teto da capela-mor. Nesse cenário de estonteante beleza, assinado por nomes como Vieira Servas e Mestre Ataíde, símbolos da arte religiosa em Minas Gerais e em todo o país, o PAC Cidades Históricas entrega sua primeira obra em Mariana: a restauração dos elementos artísticos integrados da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
Executada pela Prefeitura Municipal de Mariana, com recursos de R$ 1,6 milhão do governo federal, a obra incluiu a restauração do forro da capela-mor, retábulos colaterais, altar-mor e outros bens do conjunto de elementos artísticos. Nessa quinta-feira, dia 25 de maio, a comunidade marianense conheceu o resultado desses trabalhos, em cerimônia com a presença da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, do diretor do PAC Cidades Históricas, Robson de Almeida, da superintendente do Iphan em Minas Gerais, Célia Corsino, do prefeito Duarte Júnior, entre outras autoridades políticas e eclesiásticas locais. A cerimônia também foi prestigiada com a presença dos prefeitos das cidades mineiras de Tiradentes e Ouro Preto, José Antônio do Pacu e Julio Pimenta, respectivamente, e teve ainda as apresentações culturais do Coral Tom Maior e do grupo Guarda de Congo Nossa Senhora do Rosário e São Sebastião de Mariana.
Na ocasião, também foi dada a autorização para contratação da próxima etapa de trabalhos junto à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, com investimentos de cerca de R$2 milhões, que incluirá a restauração arquitetônica do edifício e a implantação do Museu Vieira Servas. Com o conjunto das ações no local, o PAC Cidades Históricas, que abarca ainda outras 14 obras na cidade, contribui para o estímulo ao turismo na região, consolidando Mariana como referência para os estudos sobre a arte religiosa, seus artistas e o Patrimônio Cultural brasileiro como um todo.
A presidente do Iphan, Kátia Bogéa, ressaltou a importância do trabalho coletivo, que, segundo ela, é o que possibilita a execução de ações como essa. Ela destacou a mobilização e participação da comunidade do Rosário nos trabalhos junto à Igreja e homenageou, juntamente com a equipe do Iphan local, um dos moradores que trabalhou na equipe de restauro, Waldemar Malta, como representante do envolvimento comunitário durante as obras e na preservação contínua do patrimônio cultural marianense.
Um símbolo mineiro
A pedra fundamental para a construção da Igreja do Rosário de Mariana foi lançada em 1752. O conjunto de elementos artísticos que compõe sua decoração interna tem lugar de destaque na arte religiosa de Minas Gerais dos séculos XVIII e XIX, com autoria de dois importantes artistas do período: o entalhador Francisco Vieira Servas e o pintor marianense Manuel da Costa Ataíde. O primeiro realizou toda a obra de talha do interior do templo entre os anos de 1770 e 1775, e o segundo, por sua vez, produziu a decoração pictórica anos mais tarde, entre 1823 e 1826.
Além dos trabalhos já conhecidos na Igreja, a equipe técnica à frente das ações de restauro descobriu pinturas de quase 200 anos nas paredes do altar lateral da Igreja, escondidas por várias camadas de tinta. Os técnicos responsáveis acreditam que se trata de uma obra do século XIX, também de autoria do Mestre Ataíde ou de seu filho e ajudante Francisco de Assis Pacífico da Conceição.
PAC Cidades Históricas
Mariana é uma das oito cidades mineiras a receber o PAC Cidades Históricas, contemplando quinze ações e um total de R$67,28 milhões em investimentos. Além da Igreja do Rosário, também está em execução a Restauração da Catedral da Sé de Nossa Senhora da Assunção.
O PAC Cidades Históricas está presente em 44 cidades de 20 estados brasileiros, totalizando R$1,6 bilhão em investimentos em 424 ações. O Programa é uma linha exclusiva do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criada em 2013 para atender os sítios históricos urbanos protegidos pelo Iphan, proporcionando a revitalização das cidades históricas, a restauração dos monumentos e a promoção do patrimônio cultural, com foco no desenvolvimento econômico e social e no suporte às cadeias produtivas locais.
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